e equipa vai de férias

SIGH ON PLANE LIGHTS UP
ÉÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ»
º NO SMOKING º
º El NO A YOU SMOKO º
º º
º FASTEN SEATBELTS º
º PUTANA DA SEATBELTZ º

lá para meados de Agosto dirigimo-nos para terras de sua majestade. Por isso, parafraseando alguém, se não tiverem mais notícias já sabem o que aconteceu ":OÞ

jogo de apostas para a estação parvinha


Se for crustáceo, como o camarão e a santola, têm:

Se for molusco, como a amêijoa, o berbigão e os búzios, têm:

Cheiro agradável a mar

Olhos negros, vivos, salientes e brilhantes

Carne firme e elástica

Escorregam facilmente

Cheiro agradável a mar

Cor clara ou rósea

Conchas bem fechadas ou que se fecham quando tocadas

Líquido abundante e transparente

Carne firme e elástica

Moluscos bivalves
T
êm o corpo mole e coberto por duas conchas. Os mais conhecidos são o berbigão, o mexilhão, a amêijoa e a ostra.

Moluscos univalves

Só têm uma concha. É o caso do búzio, da lapa e do burrié.

Outros moluscos

A lula, o polvo e o choco também são muito utilizados na alimentação, mas não são considerados marisco.

Cornudo atá mangueira,
toma o pão que te caiu!
Hiu! Hiu! Lanço-te üa pulha!
Dê-dê! Pica nàquela!
Hump! Hump! Caga na vela!
Hio, cabeça de grulha!
Perna de cigarra velha,
caganita de coelha,
pelourinho da Pampulha!
Mija n'agulha, mija n'agulha!




wak-wakNos tempos em que as coisas ainda se faziam com poesia, morrer belo e jovem não era apenas ideal destinado a poetas e meninas adolescentes. Também podia ser mal de vivre que atacava exóticos frutos, lá pelos lados do Oriente, quando ainda era por essas bandas que se imaginava o Paraíso Terrestre.

Desde o Romance de Alexandre, passando por variadíssima literatura fantástica de viagens, que esses mirabilia são conhecidos no Ocidente.
Acerca das “macrobióticas” árvores dos gansos” e seus castos efeitos, já falei por aqui mas muitas outras existiram. A variante palradora era a mais prolífera, conhecendo-se mesmo alguns diálogos travados entre as herbáceas e o grande Conquistador.
Fiquemo-nos hoje pelas frágeis e desamparadas virgens suicidas arbóreas.

No relato de uma viagem de três monges ao Paraíso Terrestre, referida nos textos de Odorico, contam os peregrinos que viram naqueles sítios umas árvores que no lugar de frutos faziam frutificar lindíssimas meninas que se agarravam aos ramos pelos pés. Enquanto o vento soprava, as virgens mantinham-se mudas mas frescas; quando cessava a aragem, secavam, caíam ao chão, proferiam as únicas que se lhes conheciam: wak-wak! e de seguida morriam.

A lenda conhece variações em diversos contos árabes desde meados do século VIII. Numa delas o fenómeno localizava-se numa ilha maravilhosa onde as árvores possuíam ramos com as cabeças dos filhos de Adão e cantavam hinos ao Criador. Noutras histórias, as virgens eram tidas como mau presságio. Nas primitivas versões chinesas como o T’ong- tien e na variante árabe de Kitab al-haiyawan de al Djahiz(859) as meninas penduradas pelos cabelos, eram também muito coloridas e estavam sempre a gritar wak-wak.
Segundo a geográfia de Kaith-al (relato anónimo de Aemeria do século XII), a ilha situava-se nos mares da China e estas plantas miraculosas possuíam folhas idênticas às da figueira. Os frutos começavam a desenvolver-se no início do mês de Março, formando-se por essa altura os pezinhos das meninas. Por Abril já tinham os corpinhos bem feitos mas a cabeça só chegava lá para Maio. Em Junho, quando estavam magníficas e admiráveis, começavam a cair e no fim do mês já não restava nenhuma para se lhe ouvir o grasnido fatal.

O mais curioso nesta história é que muito tempo depois, ainda existem ecos da maravilha oriental nos relatos de Pigafetta. O escritor e marinheiro que participou na famosa viagem de circum-navegação juntamente com Fernão de Magalhães, diz ter encontrado um destes fenómenos em plena Insulíndia e descreve-o com grande "realismo". Neste caso, as folhas é que possuíam pezinhos de gente e eram tão gordas que com o peso acabavam por tombar. Mal se lhes tentava deitar a mão, desatavam a fugir e chegavam mesmo a derramar sangue.
O ilustre navegador afirma que ainda conseguiu conservar uma viva durante oito dias, acabando por concluir que deviam alimentar-se do ar.

imagem:Kitab al-Bulhan,Codex árabe, sécs XIV-XV
ver: Claude Kappler, monstres, démons et merveilles à la fin do Moyen Âge, Paris. Payot, 1980.
Goodrich, T.D., The Ottoman Turks and the New World : a study of Tarih-i Hind-i garbi and sixteenth-century. Ottoman Americana. Wiesbaden 1990.

Dado aos mais surpreendentes acidentes
atmosféricos

Um par jovem isola-se sobre a barca

—É antiga barbárie que perdoam?—

E coloca-se e canta.

J-A Rimbaud

"e se o inferno é fraco no centro da Terra, ele é verdadeiro dentro de mim"

Malherbe

No seguimento de algumas perguntas que me chegaram ao correio, devo esclarecer que o autor dos impropérios das últimas semanas é este senhor.
O mestre dos escravos das galeras vikings. E repito: não sou expert no assunto, nunca cometi qualquer suicídio colectivo na vida e consigo comer fora da marmita.


Relatório do hortelão Kinsey

“aí se vêm as alfaces, os pepinos, as beringelas, os quiabos, os pimentos, as courgettes. Não se vêm o feijão verde, as cenouras, os tomates, o mangericão, as cebolas, nem as ervilhas, favas e rabanetes (já colhidos), as batatas (grande desastre), os coentros (pequeno desastre), a couve galega, os fisális...”


pôÔÔô.. ":O.







Quem pensa que os saltos altos sempre serviram para aquela quebra no bamboleio está muito enganado. E quem julga que os chapéus nunca tiveram malícia, ainda mais...

Noutros tempos as madames dos nuestros hermanos disputavam o status pela altura dos chapins e só saíam à rua amparadas por comitiva a rigor. O bom do esposo comandava o desfile caseiro e, como é bom de se imaginar, quanto mais rico fosse, maior o tombo domingueiro.

Assim glosavam os versos satíricos da Comedia Tesorina
Y detrás.../ un moçuelo/tamaño como un tiruelo/que guarde el rabo de todos/ya aunque rastre por el suelo/un otro de treynta codos/…Los cabellos/ no suyos aunque son bellos/van colgando dos manojos/ya aun quiçás que algunos de ellos/ hormigueon de peojos;/y los pechos/porque estén tieses y drechos/ atiéstanselos de trapos;/ los brazos van todos echos/aqua papos y allá papos/Pues el manto/con que haga viento tanto/ si ella presto no lo aplaca/inchase de canto en canto/ que parece una carraca./Y el chapin/ mas alto que un gran bacín/que a quitarse estos escombros/hos juros por San Martín/que parecisseis cogombros.






Já no que respeita aos biscainhos, poder-se-ia pensar que seriam mais dados a fetiches chapeleiros. Mas, se assim aconteceu, o pecado foi do rei e mais do bispo que tiveram a ideia. Pois tão disparatada moda parece que se deve a castigo simbólico, infligido em tempos medievos às mouriscas renitentes na conversão cristã e ao modo “viril” como trataram os maridos e filhos varões que a aceitaram com facilidade.
As solteiras passaram a andar tonsuradas e as casadas usavam estes chapéus de tecidos coloridos, enrolados de forma fálica.






















Apesar de muitas queixas das bascas pelo dispêndio em tanto pano, o certo é que só em 1623 foi proibido o uso desta burlesca tradição por se considerar que a troça não valia o gasto.







A umas por gosto e a outras por desgosto, o que faltou a estas “espanholitas” foi o bom de um Galliano para provar que quem se ria não percebia nada da poda.


Nestas coisas de trapos tal como sem eles, a receita sempre esteve na imaginação e numa boa dose de loucura.

Imagens retiradas do relato de viagens de Christoph Weiditz:
"Trachtenbuch de Christoph Weiditz von seinen teisen nach Spanien (1529)und den Niederlandeden (1531/32)"
—castelhana a caminho da igreja com chapins altos (1529)(1529)
—Um hermano renascentista passeando a esposa em Valladolid (1529)
—Jovem biscainha (1529)(1529)
—Mulheres de Navarra (1529)(1529)
—mulheres de Baiona (1529)
—modelos de John Galliano
—Links e bibliografia:aqui

A meio da tarde, num engarrafamento na auto-estrada, um pedinte e tocar violino por entre os carros

o original, no Colégio de St Mary em Beverley,
a caminho de Santiago
I’m late, I’m late. O ansioso da Alice

nonchalant, do Ronaldo Fraga
(um cadeau da menina
Cris)



Chega-te, baixa-te e adora-me, poderia ser o sentido primordial da frase.
Os mais antigos cultos a Lúcifer incluíam este ritual do beija-cu. Segundo as lendas praticaram-no muitos, desde maçons a bruxas, passando por cagots e demais confrarias de artesãos marginais e heréticos, incluindo nessa crença os Templários, como é referido nas acusações de Filipe IV que levaram à sua extinção por bula papal.
As ramificações destes rituais e suas ligações aos ciclos da natureza são complexas, acabando, em muitos casos, por se entrosar com o folclore e festas populares.

O principal signo de onde vão emanar temas cristãos e outros satânicos prende-se com o osso em que terminava a coluna vertebral, em forma de amêndoa ou mandorla também apelidada mandala. Acreditava-se que era o único elemento incorruptível do corpo, cuja natureza sobrenatural o sujeitou a variadas associações que tanto podiam ir da auréola divina em que se envolve o pantocrator, como à luz que permite o renascimento cósmico dos corpos, o guilgal do ciclo das reincarnações. Central em rituais sabáticos e festas carnavalescas, esta crença hoje perdura na tradição dos carnavais de homossexuais de Nápoles, que emitam a mulher grávida a dar à luz um boneco de madeira em forma de bode cornudo






Os maçons primitivos recolhem estes cerimoniais, em virtude da sua dupla condição: por um lado são os obreiros da Casa de Deus, mas por outro necessitam dos segredos aritméticos e dons do domínio da matéria que pertencem ao príncipe das Trevas. São o exemplo mais antigo do “cientista” desafiando o criador do alto da torre de Babel e mais tarde trocando o culto de Nemrod pelo apóstolo da dúvida: S. Tomé, sem deixarem esquecer os ritos de adoração luciferina







No caso dos Templários as práticas satânicas são mais complexas, persistindo memórias em imagens como as do cadeiral de Amiens









Na primeira o noviço é apresentado completamente nu e os iniciadores passam-lhe a mão por trás para verificarem se é “bem formado”.









No segundo exemplo já estamos em pleno ritual, um tanto embaraçoso para ser explicado...
O iniciado senta-se e abraça-se ao “pote das rosas”. Depois os outros dois vão fazer uns “malabarismos” complicados que incluem uma velinha a ser enfiada num sítio que eu não digo, enquanto lhe é vertido o vinho (a tal água de rosas) ao longo das costas até ao dito local da rendição. O colega tem de o beber, aí mesmo, com a narigueta por lá enfiada (daí chamarem-lhe “beber amarrado”). Pelo meio ainda há mais umas “partes gagas” que incluíam o “beber no tabuleiro” que não conto e depois trocavam as voltas e repetiam tudo de novo como bons camaradas.



O certo é que imagens e descrições não faltam e não se ficam pelos sabbaths do Goya. Em pleno século XVIII publicam-se estampas com alguns destes rituais, entretanto civilizados, como as iniciações femininas maçónicas, em que as candidatas eram rigorosamente escolhidas a dedo (e não só), já que a coisa implicava grandes exigências estéticas com exames púbicos mas pouco pudicos. Na gravura do ritual para-maçónico, recolhida pelo Abade Pérau, uma menina prepara-se para beijar simbolicamente o traseiro do mestre, neste caso sob a forma de um cãozinho de cera muito mignon.

A partir daqui, juro que não sei mais nada e até imagino que tudo isto caiu em desuso. De qualquer forma, para quem esteja interessado em variações de beija-cus mais actuais, o melhor é seguir a historieta por estas bandas.

Imagens:
—Antigo Testamento, manuscrito do sec. XIV, os pedreiros da torre de Babel, unidos por uma única língua, desafiam Deus fazendo-lhe facécias e o Sopro Eterno castiga-os.
—Heresia dos Vaudois, manuscrito do séc. XV. Beijo do cu do diabo durante um sabbath.
—Beija-cu, portal da catedral de Saint-Pierre, Troyes, sec. XII.
—Cadeiral de catedral de Amiens, séc XVI, apresentação do noviço para o rito iniciático
—Cadeiral de catedral de Amiens, neófitos vestidos de loucos ladeiam o iniciado com o “pote de rosas”
—Beijo do rabo do cão, gravura da compilação do abade Pérau, 1758.

(ver: Claude Gaignebet et J. Dominique Lajoux, art profane et religion populaire au Moyen Âge, Paris, PUF, 1985.)

PETA Protestor: Killing animals is murder!

Mr. von Inger: Killing furniture is not murder!

Yes, eat up pigeons!
Eat up and taste
Taste and swallow

Masses of birds eating like Ethiopians
Consuming during Vancouver daylight
And this is their bodies

"Ha ha!" screams Mr. von Inger
"Now they shall fly!"


Chamaram o porteiro à recepção?!?!
Estamos de fim-de-semana e não me pagam horas extraordinárias! fónix!

[aqui no cocanha certos postes podem descer a comentário]

SILENCE! Unceremonious rice-pudding eaters! How I abominate your milk-drinking and your lack of ancestor-worship and your failure to eat your lunch out of little boxes!

aqui está um anti-americano primário muito do cocanha

e seduções ou querelas bizantinas na escolha de verbos

Há palavras que sempre conseguiram subsistir por si próprias, sem que fosse preciso dispender grande esforço na sua manutenção. Não são propriamente as que servem para encher sacos porque não há saco que as contenha.
São as eternas indicações dos oráculos.

Têm uma longa história e já serviram para legitimar grandes acções e triunfos em muitas batalhas. Fazem parte da mais velha função do poder- a propaganda. Por isso, durante muito tempo, houve cuidado em controlar pitonisas e oráculos.

Os tempos mudaram e todos passaram a trocar de papéis. Hoje em dia não há vendedor que não seja filósofo nem filósofo que não deseje ser político, como não há político que se esqueça da mais velha profissão do mundo.
Para legalizar esta desbocada troca de papéis e dar-lhe um ar de dignidade social, foi preciso transformar todos em médicos. Um vendedor não impinge um produto, resolve-nos um problema, um político garante sempre que a intenção é idêntica e só o que se julga dono da filosofia é que ainda não se deu conta que lhe expropriaram e adulteraram o métier.

É claro que tamanha mistificação só poderia ser levada a cabo oferecendo as mesmas possibilidades à plateia.
Bastou aparecer o ecrã para se resolver esse último entrave.
Como era de esperar, este último também já entrou em auto-gestão e tratou de baralhar e redistribuir supostas autorias ou intenções das mensagens.

magnetismo animal, caricatura popularizada por Mesmer, sec. XIX
Jean Nouvel, Galerias Lafayette, Berlim. Modelo com video na fachada


um blogue em que as palavras são água

A mais doce
e com a nuca mais bonita foi esta

e vai toda para o nosso ervilhinha de estimação

a propósito do louro ali em baixo , é de ler os postes do José na GL

ou como Rabelais faz bem à saúde

À boire ! À boire !

“Ao ver as aflições que vos consomem, antes risos que prantos escrever, sendo certo que rir é próprio do homem”


Este é o corpo rabelaisiano que não se dissolve no espaço etéreo das causas e das bandeiras, nem permite que o observem do alto. Suficientemente próximo e bem terreno, ainda é feito de matéria que não esqueceu os instintos.



(E é provável que seja por este motivo que nunca consegui ser demasiado idealista nem muito católica)

Meu caro Lutz , parafraseando o JPP, apetece-me dizer que a questão não é essa. É outra, mas agora vou almoçar. Depois, se tiver tempo explico.

P.S. engraçado porque que nem sabia que o jmf se chamava João e mais o resto todo...( é o que dá “bater-se” em ideias e não em pessoas...)












Quando não é bobo é papagaio.
Não há encontro mundano que os dispense para o retrato.



que ainda não tinha aparecido em post











"I'll come and make love to you at five o'clock. If I'm late, start without me"


Matthaus Greuter, físico a curar a fantasia a um paciente, sec. XVII.




Numa Jihad em franchising é capaz de se tornar difícil apalpar-se-lhes as bossas ou curar fantasias de mártir de detonadores à distância...


variações na escadaria










nude descending a staircase (nº2) Marcel Duchamp, 1912

misógino, em tubagens de canalização de sexo indefinido















Ema (nude on staircase), Gerard Richter, 1966


feminina, a dissolver-se na memória

















bem despida

na passarelle de Verão 2005 do Galliano

O jmf (auto-nomeado expert em terrorismo internacional) e tradutor do profundo pensamento de Mário Soares, também se julga com sentido de humor. É pena, porque para a terceira função sempre é necessário um QI que não esteja submerso.

citando Lucrécio: "Le genre humain est excessivement avide de récits."

Colombo, quando chega à América, julgando estar no Oriente, às portas do Paraíso Terrestre, socorre-se sempre dos relatos fabulosos para comprovar a realidade precisa que a experiência oferecia. Tem a perfeita noção que precisa de suscitar nos leitores e nos reis Católicos o entusiasmo que lhe permita empreender novas viagens. Por isso fantasia e conta que viu o que nunca poderia ter visto, desde tritões a outros seres fabulosos.
A dada altura enuncia este pensamento: "estou certo que todas estas coisas contadas ainda serão mais maravilhosas que para quem as viu".

Como diria o Eco:

“—Baudolino, recorda-te do reino do Presbyter Johannes(...)
— Mas porque mo dizes a mim, mestre, e não a Rathewino?
—Porque Ratewino não tem fantasia, só pode contar o que tiver visto, e certas vezes nem isso, porque não compreende o que vê. Tu, em contrapartida, podes imaginar o que não viste
.”

Modos de mentir acerca do futuro também produzem história — It’s just another story. Pode ser lida de muitas maneiras.

Gravura: “peixe porco”, Sebastian Brant, Fables d’Ésope, 1501, “visto” também por Cristóvão Colombo.

o do Ratzinger:"Parem em nome de Deus"

e confrontou-os com o único lugar possível de Deus e de quem tem Fé.

mas é por estas e por outras que não há pachorra...

Força! Ide em cruzada de compreensão das "causas escondidas" e das “razões” que verdadeiramente os motivam. E de caminho levem-lhes o programa gay e mais a militância ateia e as pombinhas metrossexuais e muita água benta politicamente correcta, que é mesmo disso que eles estão à espera.
Antes, talvez conviesse ler um pouco de história das cruzadas medievais. Não é por nada. Sempre se encontravam outras velhas razões que em troca apenas se querem a si mesmas.

P.S. já agora também se agradecia que indicassem a morada onde tencionam contactá-los para as sessões de terapia de grupo e se eles estão interessados na troca

postou-a o Luís por mim.








e uma grande homenagem aos londrinos.
Resilience
é a palavra.



.......................................
Adenda: não reparei que o nosso amigo Lutz se tinha lembrado do mesmo conceito.

Vai um psicólogo na estrada e encontra um desgraçado a esvair-se em sangue. Abeira-se dele e pergunta-lhe o que aconteceu. O desgraçado lá consegue dizer que tinha sido espancado por um louco que ia a passar. O “psico-mário” levanta-se, deixa o ferido onde está e exclama: tenho de encontrar rapidamente esse homem- está a precisar de ajuda!

aos "mários":

a quem muito se agacha vê-se-lhe o rabo.

Todas as noites ela me cingia
Nos braços, com brandura gasalhosa;
Todas as noites eu adormecia,
Sentindo-a desleixada a langorosa.

Todas as noites uma fantasia
Lhe emanava da fronte imaginosa;
Todas as noites tinha uma mania,
Aquela concepção vertiginosa.

Agora, há quase um mês, modernamente,
Ela tinha um furor dos mais soturnos,
Furor original, impertinente...

Todas as noites ela, ah! sordidez!
Descalçava-me as botas, os coturnos,
E fazia-me cócegas nos pés...

Cesário Verde

Se o macaco da corte manuelina era dotado para o xadrez, o famoso elefante que o monarca ofereceu ao Papa Leão X em 1513, suplantava-o em muito.
A crença nas capacidades intelectuais destes animais atingia todos os sectores sociais. Garcia de Resende assegurava na Miscellania que em Cochim havia elefantes de tal modo amestrados que pronunciavam palavras perfeitamente inteligíveis e o que para cá foi enviado pelo rei de Ormuz até sabia contar. O cornaca que o seguira até ao reino e que dele cuidava, interrogava-o em várias adições numéricas e o animal dava a resposta certa, raspando com a pata no chão o número de vezes do resultado.

Nos Narcóticos, Camilo Castelo Branco recorda outros detalhes mais preciosos relatados por João Pedro Valério numa Hieroglyphica em latim ( Hieroglyphica, sive de sacris Aegyptiorum aliarumque gentium literis commentarii ).

De acordo com as memórias, quando se preparava a magnífica embaixada, o indígena que era íntimo do elefante e também de uma lisboeta por quem se apaixonara, temeu a má sorte de a perder pois iria para Roma juntamente com a alimária. Usou então da especial comunicação que com este partilhava e segredou ao bicho as piores invenções e tratos que teria se aceitasse contentar o rei e o pontífice. Que ia ser assobiado e troçado pela canalha local, que bem podia dizer adeus aos bons petiscos da Ribeira e todos os outros miminhos a que estava acostumado. Isto se lá chegassem com vida, mas ele estava com um mau pressentimento que ainda ia haver desgraça pelo caminho e acabar tudo naufragado sem ver Roma nem Papa.
De tal modo o terá influenciado que quando chegou a sua vez de embarcar, o paquiderme não arredou pé e recusou-se terminantemente a entrar na nau.
D. Manuel não abriu mão do elefante e lá voltaram para trás as trezentas azémolas mais o cavalo persa, as onças, o leopardo, a criadagem, os nobres e o Tristão da Cunha.
Rapidamente chegam zumbidos ao rei do motivo da recusa e D. Manuel também foi lesto. Mandou chamar o cornaca e tais foram os tratos lhe prometeu caso não demovesse o animal que este de imediato trocou a amada pelo coiro.
Confessou então ao Hanno que tinha sido enganado O que lhe havia contado era tudo mentira. Podia ir à confiança; esperavam-no em Roma todas as maravilhas do universo, da comida ao luxo; naquela cidade tudo era esplêndido e quanto ao santo padre o mais que se podia esperar.
Dizem que o poder persuasivo do indígena foi tal que, no dia seguinte, ao embarcar, o elefante para além de sábio já ia convertido.

D. Jerónimo Osório confirma o efeito de tanta doutrina. Ao ser apresentado ao Sumo Pontífice, em pleno Belveder, o bom do nosso Hanno fez-lhe três genuflexões e aspergiu-lhe com a tromba uma boa dose de água de cheiro.

imagem: desenho de Francisco da Holanda, 1538

Baltazar Castiglione, fino letrado e cortesão “bon-vivant” das cortes de Mântua e Urbino, dedicou ao Cardeal D. Jaime de Portugal um interessantíssimo tratado de boas maneiras denominado O Livro do Cortesão. O escrito mistura conselhos de urbanidade com “psicologias” de comportamento e destina-se ao aperfeiçoamento do trato e artes de savoir faire de todo aquele que queira aprender a boa “civilitá

Um dos conceitos que Castiglione explica é a aprendizagem da sprezzatura. A sprezzatura é a principal arte que o cortesão deve dominar para fazer carreira em sociedade Consiste em saber tirar partido das situações sociais, fazendo o que há a fazer, dando os golpes que são precisos, mas aparentando sempre o ar de quem não quer a coisa.
Pois, a dada altura do diálogo, Castiglione põe um fidalgo a contar ao duque de Urbino um caso que presenciara na corte do nosso venturoso D. Manuel I.
No meio de tanta bicharada com que o monarca gostava de se rodear, havia um macaco muito dotado para jogos de xadrez. Nesse dia, o fidalgo navegador que o havia trazido, decidiu jogar uma partida com o bicho, diante do monarca. Pois, para vergonha sua, em três tempos o ingrato nem teve em conta a boa vida que lhe devia e deu-lhe xeque-mate sem mais demoras. O fidalgo, enfurecido pela desfeita, puxou da chibata e vergastou-o fortemente na cabeça. O animal bem guinchou, pedindo ajuda régia mas o monarca mantinha-se impávido e sereno perante os dois. O fidalgo é que não se ficou e requereu desforra ao talentoso mono.
E lá se sentaram para segunda partida. Não foi preciso muitas movimentações de peões e cavalos para que o bugio se apercebesse que o jogo estava de novo ganho. Mas, lembrando-se do anterior castigo, disfarçou e colocou muito lentamente a mão esquerda no antebraço do fidalgo que apoiava o corpo a uma almofada de tafetá, avançou rapidamente o xeque fatal com a direita, ainda a tempo de fazer desequilibrar fidalgo, surripiando-lhe com a esquerda a almofada para proteger a cabeça com ela.
E conta o convidado ao duque de Urbino que o macaco desatou aos pulos e aos gritos em frente de D. Manuel como que a festejar o triunfo, mostrando que ali o cortesão era ele.

Produto de uma boa instrução humanista, pensaria provavelmente Baltazar Castiglione, que provavelmente de tão fabuloso exemplo se lembrou, só para não cair na deselegância de explicar que a sprezzatura também é talento de emulação para “grande macaco” de corte.

imagem: capitel de Naumburg, séc.xIII
a história é também relatada por Camilo Castelo Branco nos Narcóticos




















novas- graças a moderna adaptação de central eléctrica do autor das cabines de telefone vermelhas
e velhas obras de um bobo da corte que se converteu em monge

plátano em Hampstead Heath, Londres

roubado nos dias com árvores. Um blogue lindíssimo que oferece uma boa sombra.

If I where called in
To construct a religion
I should make use of water

Going to church
Would entail a fording
To dry, different clothes;

My liturgy would employ
Images of sousing,
a furious devoted drench

And I should raise in the east
A glass of water
Where any-angled light
Would congregate endlessly.

Philip Larkin


Literalmente copiado daqui

“As pessoas pensam lá nos méritos dos carregadores e dos bombeiros; olham apenas para os seus defeitos marginais, a todos tratam como mariolas e presumidos; e já que vossemecê não pode ouvir-me posso dizer-lhe que conheço muito bem o significado corrente da palavra “jesuíta”. Depois, estes nobres têm o pudor das desditas próprias: cheguei a ver um, o desgraçado, que decidira matar-se no dia seguinte, e que parecia sorridente e cheio de vida como um rapaz na véspera da Primeira Comunhão; ao passo que vossemecê,don Pietrino, confesse lá, se se visse obrigado a beber uma das suas infusões de sene, havia de ensurdecer cá a terrinha com as suas lamentações. A cólera e a ironia são aristocráticas; a elegia e a plangência, não.
Vou até dar-lhe uma receita: se encontrar um fidalgo lamuriento e chorão, examine-lhe a árvore genealógica; mais tarde ou mais cedo encontrará nela um ramo seco. Uma casta difícil de suprimir porque, no fundo, se renova continuamente e porque, quando é preciso sabe morrer bem, isto é: sabe lançar a sua semente no momento do fim. Olhe em França: fizeram massacrar com elegância e, agora, lá estão como antes, digo como antes porque não são os latifúndios e os direito feudais que fazem o nobre, mas as diferenças de natureza. Contaram-me que há agora em Paris condes polacos que as insurreições e o despotismo obrigaram ao exílio e à miséria; fizeram-se condutores de fiacre, mas encaram os seus clientes burgueses com tal catadura, que os pobrezinhos entram para o carro, sem saber porquê, com o ar humilde de cães a entrarem numa igreja. E digo-lhe mesmo,don Pietrino, se, como tantas vezes aconteceu, esta classe devesse desaparecer, constituir-se-ia logo outra equivalente, com as mesmas qualidades e os mesmos defeitos: já não seria talvez fundada sobre o sangue, mas, que sei eu...sobre a antiguidade da sua presença num dado lugar, ou um seu pretenso melhor conhecimento de qualquer texto presumidamente sagrado.”

"Há três espécies de Portugal dentro do mesmo Portugal; ou, se se prefere, há três espécies de português. Um começou com a nacionalidade: é o português típico, que forma o fundo da nação e o da sua expansão numérica, trabalhando obscura e modestamente em Portugal e por toda a parte de todas as partes do Mundo. Este português encontra-se, desde 1578, divorciado de todos os governos e abandonado por todos. Existe porque existe, e é por isso que a nação existe também. Outro é o português que o não é. Começou com a invasão mental estrangeira, que data, com verdade possível, do tempo do Marquês de Pombal. Esta invasão agravou-se com o Constitucionalismo, e tornou-se completa com a República. Este português (que é o que forma grande parte das classes médias superiores, certa parte do povo e quase toda a gente das classes dirigentes) é o que governa o país. Está completamente divorciado do país que governa. É, por sua vontade, parisiense e moderno. Contra sua vontade, é estúpido. Há um terceiro português, que começa a existir quando Portugal, por alturas d’el-Rei D. Dinis, começou, de nação, a esboçar-se Império. Esse português fez as descobertas, criou a civilização transoceânica, e depois foi-se embora.”

Fernando Pessoa

Apesar do exemplo anterior, a Monarchia Médica Lusitana não estava assim tão desactualizada para a época. A dada altura explica a vertigem como tratando-se de uma afectação que faz virar a cabeça de cima abaixo, acusa falta de visão e noção das coisas e que mais não é que um sintoma de “imaginativa depravata”.

Quem nunca se apercebeu disso foi a Madeleine...

Madeleine: There is something I must do, there is something I must do
Scottie: There is nothing you must do. There is nothing you must do

Regressando aos nossos monstrinhos de estimação, sejam medievais ou contemporâneos, um dos aspectos que maior curiosidade desperta consiste no volt de face rapidamente operado quando com “eles” somos confrontados.
O lendário Guillaume de Rubrouck já havia proferido a famosa frase: tamquam monstra, ao descrever a reacção dos tártaros perante a “monstruosidade facial” dos europeus que para lá foram no intuito dos converter. Se aos olhos do Outro, até nós o podemos ser, porque não transformar o desconhecido em mais um aliado ou, ainda melhor - num fiel súbdito?

Teoricamente a questão transforma-se numa nova retórica da pedagogia cristã.
Na Gesta Romanorum, de meados do século XIII, as taras destes prodígios de uma natureza exorbitada, tornam-se sintomas de e expressão de virtudes impensáveis.
Os cinocéfalos, por exemplo, se têm cabeça de cão e ladram em vez de falar, devem ser comparados aos padres que também são obrigados às suas rigorosas penitências. Os panóteos possuem grandes orelhas porque gostam de ouvir a palavra divina. Os monóculos da Índia apresentam um único olho na testa mas este vale por muitos outros - pois é o olho da razão- e assim, sujeitos à tirania da sensatez, o único défice que os aflige é a falta de livre-arbítrio.

Os exemplos seguem-se, percorrendo todas as raças fantásticas catalogadas, incluindo também algumas novidades como era o caso dos seres que tinham uma boquinha tão pequena que só se podiam alimentar por uma palhinha. Os infelizes viviam praticamente do ar, ou melhor, do perfume florífero e, quais flores de estufa, também iam desta para melhor ao menor cheiro nauseabundo que se acercasse dos narizes. Tão estapafúrdia deficiência não impediu que, de imediato, a comparassem à grande virtude da castidade e da parcimónia.

Como se não bastasse converter as marcas orgânicas da disformidade em novos indícios morais, chega-se ao ponto de fazer representar as raças fantásticas em respeitosa e cristã reza conjunta.

No final da Idade Média, ao sentimento de piedade, junta-se o proselitismo imperial e a necessidade de encontrar aliados na luta contra a ameaça turca. O renascimento do mítico Prestes João não foi mera efabulação de corte e o certo é que as expedições se fizeram acreditando-se “que se acreditava” na fábula, ou sem que este detalhe interferisse na mistura do pensamento escolástico com o novo pragmatismo político.
Não foi apenas a dita carta a ser reabilitada mas muito provavelmente várias, de acordo com a tradição premonitória milenarista dos escritos que choviam dos céus. Desta vez surgem como antecipação milagrosa de boa-nova e o certo é que por cá também “choveu”uma delas.

Neste caso a missiva de enigmática proveniência “bizantina” foi coligida por comendador do país vizinho e, por vias desconhecidas, acabou por cá vir parar.
Pois a tal carta manuscrita é, nem mais nem menos, enviada pelas raças fantásticas ao rei católico de Espanha como resposta a anterior troca de correspondência entre estes povos.

Apresentam-se então os depoimentos fantásticos, iniciados pela rainha das “gentis amazonas da Ásia” seguindo-se os monóculos, ciápodes e blémios- tudo “gente de humana razão”- como garante o comentário, a oferecerem os seus préstimos ao monarca e a toda a Cristandade!
O texto dos monópodes é particularmente saboroso. Imitando Roubrouk, também eles reconhecem que a visita das naus dos estrangeiros foi obra que lhes pareceu totalmente maravilhosa, como vinda dos céus, em particular pelo facto de conseguirem sustentar-se em dois pés e não apenas num.
Pelo meio, estes habitantes dos confins do Mundo, são descritos nas suas anomalias como seres bem mais puros e proveitosos que os que por cá habitavam. Seja por lhes faltar cabeça mas terem os olhos mais perto do coração ou pelo único que possuem estar mais perto da razão, a verdade é que tudo o que carecia no corpo era compensado pela racionalidade do espírito e a mais pura disponibilidade anímica nas intenções do contacto.
Não sabemos se o monarca aproveitou os serviços ou se foi à custa deles que em Lepanto “outros” mais reactivos acabaram vencidos, mas o certo é que não bastou a experimentalidade das Descobertas para lhes colocarem fim.

Num incrível tratado médico português do século XVIII – Portugal Médico ou Monarchia Medico-Lusitana- da autoria de Luís Brás de Abreu, o autor ainda refere a existência destas raças num capítulo dedicado às diferenças do Homem.
Entre uma série de citações clássicas, aparece uma descrição coeva, sustentada na antiguidade do testemunho desse símbole de tolerância que deu pelo nome de Torquemada: a existência de uma espécie de povos que nascem com duas línguas. Graças à dita particularidade anatómica, estas raças tinham conseguido resolver o grande problema de entendimento do verbo: com uma das línguas faziam as perguntas e com a outra davam a si próprios as respostas.

E assim se conclui que foi preciso esperar pela época das luzes, para que um médico tuga exemplificasse numa raça o que sempre se havia feito com todas- o segredo da relação consiste apenas na invenção de uma prolixa fala autista...

ver: Claude Kappler, monstres, démons et nerveilles à la fin du Moyen Age, Payot, Paris,1980