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Ora aqui está uma boa pergunta.

Uma padaria é isto que aqui vêem.

salva portuguesa oitocentista, colecção particular, detalhe
Sem semelhanças com normalizações salíferas da ASAE, mas bem mais parecidas com corporativismos proteccionistas do Estado Novo de inspiração medieva.
Esta tem a particularidade de incluir marranos. O que não é de admirar, dado que foram os judeus os primeiros a criá-las.judeus com círuclo amarelo, Worms, séc. XVI

E incluiu marrano com referências bem divertidas. Uma delas é mera tradição de vestuário - vê-se pelo formato da touca da padeira, idêntica às usadas pelas minorias, na Idade Média.


Mas a outra é mais subtil e aparece num desenho da chaminé do forno- tem pata.





Pata ou ganso-kosher, mais propriamente, pela brincadeira satírica que era conhecida desde a Idade Média- um judeu, como não comia porco, andava sempre agarrado à boa da pata que cuidava para a engorda. O pato ou ganso dos mitos dos barnacles- nem carne, nem peixe- bicho kosher e integral muito útil para alimentar o corpo e a alma.
misericórdia de cadeiral da catedral de Plasencia, séc. XV- judeu a abraçar um pato bem anafado
O que fazem por lá, é outra questão, tanto mais que toda a representação se passe numa casa do Norte da Europa, modelo possivelmente de gravura que o nosso ourives do Porto desencantou e que permanece desconhecido.

Pode dar-se o caso dele se ter lembrado das fiscalizações do 13º pão da dúzia, por causa das velhas trafulhices, ou pode andar por ali pãozinho mais ázimo, de Pessach disfarçado e a historieta ser outra.

Para se responder a estas e outras questões temos de voltar aos selvagens. Aos selvagens da tradição da ourivesaria- neste caso, ao selvagem do centro desta bela salva setecentista, de que começámos a falar aqui.

Until there, good night