«Existem pássaros chamados “Barnacles" [barnacoe] que, de uma maravilhosa forma não natural, a Natureza produz; são parecidos com gansos selvagens mas mais pequenos. Como nascem em forma de bocados de goma agarrados aos pedaços de madeira, são lavados pelas vagas. Depois, juntam-se em molhos de conchas, de modo que a pendurem os bicos como espuma agarrada à madeira e assim, num lento processo, vão adquirindo cobertura de penas e mergulham nas águas ou esvoaçam no ar livre... Eu próprio já observei com os meus olhos durante mais de mil minutos estes corpúsculos desta espécie de pássaros»
De seguida conta como os bispos irlandeses recomendavam a carne dos gansos vegetais, dada a pureza macrobiótica do animal e aproveita para doutrinar os judeus numa alegoria com a imaculada virgindade de Maria.
A primeira geração de homem que não veio de comunhão carnal - Adão e a segunda de macho sem fêmea [Eva] v.s judeus, não a negam na veneração da lei. A terceira, derivada de cruzamento de homem e mulher, a vulgar, aprovam-na e afirmam-na com a vossa barba dura. Mas a quarta, na qual a salvação é possível, de mulher sem homem, é aquela que odeiam com mais malícia, para vossa própria destruição.
O rubor da tinta, desgraçados, o vermelhão, ao menos volta para a natureza. Ela é o argumento para a fé e para a nossa convicção, pois produz todos os dias animais que não são macho nem fêmea.
É claro que não há doutrina a que não se dê uso. Para a versão judaica dos gansos kosher, conhecidos pelos rabinos desde o século XII, fazer upload aqui
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Gerald of Wales, Topographia Hiberniae, v. 47, ed.. Joseph Jacobs, The Jews of Angevin England: Documents and Records (Londres, 1893), p. 92-93.
imagem:British Library, Harley MS 4751(Harley Bestiary), Inglaterra, (Salisbury ?), c 1230-1240
ver também carneiros vegetais