• A pedido de várias famílias, aqui fica a reposição das "passarinhas exóticas".
  • E acrescente-se que também fui vítima de censura- neste caso, estrangeira - no Photobucket consideraram-nas pornográficas. Só não me levaram as perucas do Hogarth (salvo seja), por uma grande sorte. Vá-se lá saber o uso que ainda eram capazes de lhes dar nos bastidores.

Em momentos de classicismos e ecletismos neoclássicos, o connoisseur torna-se um taxionomista, empenhado na observação e classificação dos detalhes de objectos mais díspares. Há que aplicar cânones como o ciclos da vida- desde o primeiro estádio mais puro, até ao esplendoroso clímax no seu apogeu, sem esquecer os exageros e maneirismos finais.





Hogarth lembrou-se de satirizar a moda, escalpelizando o status das perucas e de quem as usava, em réplica aos cincos estilos da Antiguidade.

5 ordens da arquitectura paladiana: dórico | jónico| coríntio| compósito| e toscano.
5 ordens de perucas: episcopal | Old Perian e Old Peerian ou Aldermanic - funcionários municipais e pares | Lexonic (advogados) | Compósito ou Semi-Natural | Queerinthian ( o mais ornamentado)

Lequeu, um tanto mais tarde, possivelmente ainda afectado pelas consequências da tomada da Bastilha, deu em inspeccionar a vida secreta de cinco exóticas “crateras”, feitas bicho solícito ao olhar invasor do taxidermista.


ae nubileAge pour concevoirCratère d'une fille adolescente animée de désir déréglé: elle est couchée sur le dos les deux cuises [sic] levées et bien ouvertes, de manière qu'on voit le pucellage forceUn autre cratère d'une fille adolescente dont on voit la pureté virginaleAction des parties sexuelles d'une fille qui veut concevoir pour enfanter : elle était alors dépucellée








Age nubile| Age pour concevoir| Cratère d'une fille adolescente animée de désir déréglé : elle est couchée sur le dos les deux cuises [sic] levées et bien ouvertes, de manière qu'on voit le pucellage force |Un autre cratère d'une fille adolescente dont on voit la pureté virginale| Action des parties sexuelles d'une fille qui veut concevoir pour enfanter : elle était alors dépucellée.

clicar nas imagens
ver :
The Five Orders of Perriwigs as they were Worn at the Late Coronation Measured Architectomically
Lequeu, desenhos

P.S. Acrescente-se que a do Courbet tem tudo a ver com as do Lequeu; o olhar é idêntico ao do Marquês- o insert pornográfico das partes do corpo que se aprisionam para "o trabalho".

Caçada de urgência.
Xavier Veilhan, Le Rhinocéros, 1999

Pelas terras da Galiza, correm peliqueiros e cigarróns em memórias campestres de cobradores de impostos; lutas de mouros e cristãos e rithus pascalis feitos carnavais.

Mithras Sæcularis-saindo do ovo cósmico-Newcastle Museum of Antiquities






















E, quem sabe, se naqueles chapéus em forma de mitra- pintados com os velhos animais totémicos, não ecoam taurobolia mitraicos, na forma do ovo cósmico, de ritos bem mais antigos associados aos solstícios e renovação das estações.









Entroido galego- relevos de cultos a Cibeles em Lugo






ver: MITHRAISM

Os selvagens das salvas ficam à espera, bem como outras marginalias mais hogarthianas mas temos mais caçadas na mira.




«(…)
Ontem de manhã, os noticiários de rádio ( Antena 1 e TSF, dirigidas pelo politicamente correcto soprado pela esquerda), não acharam normal que o cardeal entendesse a homosexualidade como não normal. As notícias traziam comentário depreciativo dependurado. Todas a toda a hora. Quase imperceptível, mas revelador das tendências noticiarísticas da terra.

A associação de homossexuais e lésbicas, com o acrónimo ILGA, revirou-se do avesso e vituperou a anormalidade do comentário.

Estamos num domínio semiótico em que o uso do adjectivo não corresponde aos sujeitos mas às práticas.
Em suma, a homosexualidade, conforme refere o cardeal, não é a forma normal para a procriação.
O que é evidente, menos para a tal ILGA que tem em Portugal membros conhecidos como uma jornalista que dá pelo nome de Fernanda Câncio e que de vez em quando é vista e fotografada na companhia do PM deste país. Daí lhe vem a notoriedade pública.

Mas se os homosexuais e lésbicas não são anormais, mas simples seres humanos como os outros ( é também o que diz a Igreja, para quem anda distraído de propósito) que dizer da sua associação ILGA?
A ILGA da senhora dona Câncio e outros, formou-se internacionalmente, no final dos anos setenta do século que passou. Em meados dos noventa, ainda andava às turrinhas, com outra associação que lhe pertencera, a NAMBLA.
Esta Nambla é uma associação de pedófilos e pederastas. Claramente. Sem vergonha alguma. Certo, a ILGA demarcou-se, porque senão nem recebria tusto como ONG.
Mas a verdade é que as suspeitas que os namblas a frequentam, são mais que muitas.

Será a NAMBLA normal? Serão os pedófilos normais?

Se são ( e não confundamos a coisa com os aspectos criminais que isso agora "não interessa nada"), então porque não são? »

No portadaloja

  • Acrescento:
  • Deixei para, ao acaso, nas caixinhas, o que penso sobre o assunto.




Lido a uma militante da causa da família alternativa

“A Natureza não tem rigorosamente nada que ver com o casamento”


Lucille Ball com aspirador in I Love Lucy
























I think the market is bigger than anyone knows
(Damien Hirst)

“Behold the power and glory of the scientific method!"




















  • «"I have never felt closer to Darwin's ideas," said zoologist Fred Granger, who waited in line for 16 hours to view the stain. "May his name be praised and his theories on natural selection echo in all the halls of naturalistic observation forever."
  • (…)
  • to those who would deny that genetic drift is responsible for a branching evolutionary tree of increasing biodiversity amid changing ecosystems, we say, 'Look upon the face of Darwin!'" said Jeanette Cosgrove, who, along with members of her microbiology class, has maintained a candlelight vigil at the site for the past 72 hours»

Via Luís

Ia a passar e dei com esta prendinha à janela.



Mil beijocas ao afilhado.




Le mariage est au dessous du sacerdoce






Je suis contre la situation des carêmes!




J'en ai tant vu qui s'en allèrent
Ils ne demandaient que du feu

Ils se contentaient de si peu
Ils avaient si peu de colère
J'entends leurs pas j'entends leurs voix
Qui disent des choses banales

Comme on en lit sur le journal
Comme on en dit le soir chez soi
Ce qu'on fait de vous hommes femmes
O pierre tendre tôt use
Et vos apparences brisées

Vous regarder m'arrache l'âme
Les choses vont comme elles vont
De temps en temps la terre tremble
Le malheur au malheur ressemble

Il est profond profond profound
Vous voudriez au ciel bleu croire
Je le connais ce sentiment


J'y crois aussi moi par moments
Comme l'alouette au miroir
J'y crois parfois je vous l'avoue
A n'en pas croire mes Oreilles

Ah je suis bien votre pareil
Ah je suis bien pareil à vous
A vous comme les grains de sable
Comme le sang toujours verse
Comme les doigts toujours blesses

Ah je suis bien votre semblable
J'aurais tant voulu vous aider
Vous qui semblez autres moi-même
Mais les mots qu'au vent noir je sème
Qui sait si vous les entendez
Tout se perd et rien ne vous touché

Ni mes paroles ni mes mains
Et vous passez votre chemin
Sans savoir ce que dit ma bouche
Votre enfer est pourtant le mien
Nous vivons sous le même règne
Et lorsque vous saignez je saigne
Et je meurs dans vos mêmes liens

Quelle heure est-il quel temps fait-il
J'aurais tant aimé cependant

Gagner pour vous pour moi perdant
Avoir été peut-être utile C'est un rêve modeste et fou
Il aurait mieux valu le taire
Vous me mettrez avec en terre
Comme une étoile au fond d'un trou.



As coisas são como são

e esta calhou a duas mãos
Ora vá lá provar as ganchas bem rabelaisianas que a Teresa se lembrou de postar.

Eu vou ao S. Brás
De cu para trás
Comprar uma gancha
pr'ó meu rapaz

Eu vou ao S. Brás
de cu para a frente
Comprar uma gancha
Pr'á minha gente

Eu vou ao S. Brás
De cu para o lado
Comprar uma gancha
Pr'ó meu namorado

É claro que na Vénus de crinolina, a picadela mais satírica tinha de estar ainda mais escondida.





Num pequeno quadro lateral, paralelo a outro com classificação de exotismos, sobrou piada seca para “queer” de estimação:

Monsieur Desnoyer- dançarino da moda, aparece vestido com tutus de bailarina, rodeado de borboletas e libelinhas- à delicada composição, chama-lhe Hogarth- "Insectos".





Se alguém perdeu a decifração da charada do famigerado caso Freeport, fica aqui o resumo, feito na RTP pelo Júdice e mais uns acólitos.
Foi tudo obra de uma brincadeira de mau gosto de um anónimo, que decidiu fazer trabalhar a polícia nacional e estrangeira e mais a nossa justiça, enviando-lhes cartinhas de carnaval com a inventona
E, o mais grave, é que até pode dar-se o caso do nosso PM ter andado a ser escutado durante todos estes anos, quando bastava uma conversa com os nomeados na carta, perguntando-lhes se alguém tinha pago e se alguém tinha recebido.

No caso de dúvida, como explicou o jurista de renome, as contas também se verificavam em minutos, com um simples recibo de multibanco.

Mas, o que nos vale são os peritos que dedicadamente trabalham à borla na blogosfera- o engraçadinho que escreveu a carta anónima e desencadeou toda esta crise nacional, passados quatro anos, já tem foto publicada aqui ao lado.

E com alvo na testa, que é para aprender a não fazer gastar tempo e dinheiro ao país, já para não se falar nas vergonhas que ainda passamos lá fora.
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[quanto à qualidade técnica do desvendar do caso, pode inteirar-se na secção de marketing
paralela ]

Muito antes de Dali se ter lembrado de transformar uma estátua de Vénus de Milo num arquivo de pompons de ardores e classificações estéticas, já Hogarth, em pleno século XVIII, soube fazer a sátira mais atrevida que só não teve maior projecção por ter ficado por marginalia dentro de quadro e gravuras a acompanhá-las.
Já lá iremos, mas vale a pena recordar que o tema da inspiração amorosa da Vénus grega já vinha a ser cada vez mais pretexto para se irem pintando mulheres nuas às quais se insistia em dar o nome da deusa, ainda que as poses tendessem a ser cada vez mais terrenas.

Ticiano, Vénus de Urbino, (1545-49)




Ticiano pintou uma Vénus ,acabada de acordar e com a criada ao fundo, à procura da roupa para toilette.
Uns séculos mais tarde, Manet põe os pontos nos “is” e trata-a pelo nome- a mademoiselle Olympia, conhecida no meio, por esses favores amorosos . E ela, toda galante, ergue o corpinho, enquanto balança o chinelo- não há aqui oferta passiva, ela é que desafia o voyeur.
Ticiano,Vénus e organista,

Pelo meio houve muitas variantes a caminharem cada vez mais para o prazer erótico - as Vénus de Ticiano espraiavam-se ao ar livre, distraindo o olhar dos músicos e inspirando-lhes as melodias, onde os dedos não chegavam.
Velázquez, Vénus ao espelho (1650)
Goya- maja desnuda(1797-1800)


A linha serpentinada, do ideal da Beleza, transforma a Vénus ao espelho, de Velázquez num torso de curvas e desejos revistos ao espelho, demasiado carnais para nos recordarem as cópias da estátuas clássicas e a maja “guapa” madrilena de Goya já deixou de ser um modelo nu, para se tornar numa bela rapariga despida.

Falta o caminho inverso- aquele em que são as estátuas dos modelos clássicos- os eternos nus académicos, mirados por coleccionadores, copiados até à exaustão como mais um adereço de jardim, são satirizados como acréscimo ao arrivismo estético da época.
Essas, para serem subvertidas como as mulheres bem reais que as imitavam, precisavam de se parecer de desmontar a própria noção de belo académico.

Este sempre foi o intuito mais subtil de Hogarth- satirizar os próprios conceitos e aprisionamentos de imitação francesa da arte inglesa da época, tanto quanto as modas excêntricas que de uma nobreza em que a afectação do donnaire não escondia o novo-riquismo do aburguesamento.

Numa das gravuras que acompanhava o seu tratado da Linha da Beleza (de que já falámos aqui ) Hogarth leva a ironia ao ponto de desmontar o próprio conceito de cópia da pedra que nunca poderia ter a vivacidade do natural.

A sua Vénus de Medici, arrumada naquela estância de coleccionador, com um falso Apolo tão “castrati” mais parece representar um falso pudor, sem se preocupar com a cabeleira um tanto desgrenhada para uma deusa.

Mas, antes desta Vénus de colecção, já Hogarth tinha levado muito mais longe a brincadeira.
William Hogarth, Taste in Hight Life, 1742
Num quadro encomendado por Mary Edwards de Kensinghotn— cortesã rica mas com um marido que lhe derretia a fortuna e que possivelmente servirá de inspiração para a posterior série de Marriage-à-la-Mode—, Taste in Hight Life(1742),Hogarth tem liberdade plena da patrocinadora, para satirizar sem piedade o caricato das toilettes e decoração de interiores da alta sociedade em que a própria se movia.

No meio daquele chazinho tão queer quanto os frufrus esvoaçantes das senhoras e a imitação do macaquito de salão e do pagenzinho negro, glosa-se a sátira no quadro de maior dimensões, mesmo por trás do que quase fica à mostra e nós não vemos, na lady da casa.

Num jardim povoado de cupidos, uma Vénus de Médicis posa em cima de um pedestal com a inscrição- Mode 1742. Empoleirada em tacões altos e semi-vestida com o corpete da época- toda ela se espraia numa crinolina que lhe cobre as vergonhas da frente, enquanto destapa o traseiro, virado para quem a observe no quadro.


A sátira vai ser repetida em gravura, neste caso com a variante das anáguas irem murchando e os sapatos ficando rasos, à medida que o novo classicismo estético também avançava.
George Cruikshank, from The Comic Almanack, 1850

Estas crinolinas foram propícias às caricaturas mais divertidas na época, sendo memoráveis as de George Cruikshank, Mas a irreverência sem paralelos de Hogarth daria pelo nome de kitsch na modernidade. Fez da mítica estátua e modelo de academia- uma boneca de vestir e despir- de crinolina tapando o que não se via e deixando à mostra, como se nem se desse conta, o que sempre se sonhara ver em qualquer estátua- a mulher que lá está dentro.

O efeito da anágua insuflada ainda é replicado no resto do quadro.
Enquanto uns cupidos atiçam o fogo a uma anágua (muito antes do Duchamp se lembrar do LHOOQ da Gioconda)e outros arrulham debaixo da armação, uma dama ao fundo da balaustrada, acompanhada de um anjinho, deixa cair uns panejamentos a imitar as musas clássicas. Mas o toucado realista não engana; e muito menos o seio carnudo que mostra, completando ao natural, o que a de Médicis, armada em estátua de pedestal, julga que encobre.
Consultar: - Ronald Paulson, Hogarth, volume II(Hight Art and Low; 1732-1750), Cambridge, The Lutterworth Press, 1992
- The Works of William Hogarth: In a Series of Engravings by John Trusler