O mundo racional ou científico não vale o uivo dum cão, nem mesmo o verso dum Poeta.

Teixeira de Pascoaes, Aforismos

Aqui fica um e lá para o final da semana misturam-se com os santos loucos


Este faz parte do Smithfield Decretals- e um livro de leis do datado de 1340.
Nas margens iluminadas o exemplo completa os sermões da prédica.
Um eremita, era de tal modo ingénuo que nem sabia em que consistiam os pecados. Um dia, quando cismava na questão, sentado à porta da cabana, aparece-lhe o demo para o instruir.

Este diz-lhe que tem de escolher um entre três: beber, fornicar ou assassinar.
Contaminado pela amoralidade diabólica, o eremita lá pensa que dos três o menos mau seria beber e dirige-se à cidade para experimentar o efeito da dica numa taberna.
Claro que atrás da bebida apareceu a mulher do taberneiro (ou não fosse este o pecado de que mais falta sentia).

Mas há sempre quem estrague um pecado, até a um esfomeado eremita. Um idiota de um moleiro havia de espreitar a cena e não perdeu pela demora. O eremita, assustado com as consequências da devassa, atira-se ao moleiro coscuvilheiro e mata-o.
E pronto. Há razões que a razão desconhece mas que o demo não deixa escapar. O desgraçado do ingénuo eremita acabou por se perder em três, quando só queria provar uma pinga.


Desgraçado com o resultado, chora a sua sorte e acaba por entrar num estado de loucura selvagem. Transformado em semi-animal, vagueia pela como monstro pelos campos, alienado da graça divina.

O mister Hyde está sempre pronto a saltar de dentro do Jeckyll mais naive.














Les toros s'ennuient le dimanche
Quand il s'agit de courir pour nous
Un peu de sable du soleil et des planches
Un peu de sang pour faire un peu de boue
Mais c'est l'heure où les épiciers se prennent pour Don Juan
C'est l'heure où les Anglaises se prennent pour Montherlant

Ah!
Qui nous dira à quoi ça pense
Un toro qui tourne et danse
Et s'aperçoit soudain qu'il est tout nu
Ah!
Qui nous dira à quoi ça rêve
Un toro dont l'oeil se lève
Et qui découvre les cornes des cocus

Les toros s'ennuient le dimanche
Quand il s'agit de souffrir pour nous
Voici les picadors et la foule se venge
Voici les toreros la foule est à genoux
Et c'est l'heure où les épiciers se prennent pour Garcia Lorca
C'est l'heure où les Anglaises se prennent pour la Carmencita

Les toros s'ennuient le dimanche
Quand il s'agit de mourir pour nous
Mais l'épée va plonger et la foule se penche
Mais l'épée a plongé et la foule est debout
C'est l'instant de triomphe où les épiciers se prennent pour Néron
C'est l'instant de triomphe où les Anglaises se prennent pour Wellington

Ah!
Est-ce qu'en tombant à terre
Les toros rêvent d'un enfer
Où brûleraient hommes et toreros défunts
Ah!
Ou bien à l'heure du trépas
Ne nous pardonneraient-ils pas
En pensant à Carthage, Waterloo et Verdun, Verdun.

E outras tantas inventadas, a não perder, no portadaloja

Tengo gana de bailar el nuevo compass
Dicen todos cuando me ven pasar
"¿ Dhica, donde vas?"
"Me voy a bailar, el baion!"











Honey come and go with me,
Back to the west Indie,
Baby can't you see I'm loosing me pepper energy.
What I need is
Drink the coconut water,
Drink the coconut water,
Drink the coconut water
I cannot get in America...
Drink the coconut water, (Be Jelly)
Drink the coconut water, (Yes it is a builder)
Drink the coconut water I cannot get in America...

Estado em que se encontra a Cooperativa Nacional*

Goya- Disparates- ensacados










*Neologismo da autoria do José
..........................
Acrescento: Parece que um adjunto da cooperativa reagiu

{Eis que chegam os dias do castigo. Eis que chegam os dias da justiça. Israel exclama: O profeta está louco, o homem inspirado delira. À enormidade de teu pecado junta-se a de tua perseguição.
Oseias, 9,7}


Dizia Cassiano , nas Instituições destinadas à vida cenobita, que era preciso serem loucos para serem sábios.
Do apelo à obediência humilde, em oposição ao orgulho egoísta, a história dos loucos por Deus passa pelos monges vagabundos do Oriente e, mais tarde, pelos santos selvagens das florestas da Europa.

A apotaxia - renúncia aos bens terrenos- consistia numa via criativa de ascetismo extremo, em que o riso simulava a loucura.

Oscilando entre a solidão do deserto e a mistura na vida citadina, estes santos loucos subvertiam toda a ordem social, troçavam e eram troçados, deixando-se humilhar publicamente ao mesmo tempo que praticavam milagres.

A demanda mística levava-os a abandonar os cenóbios para se misturarem com o povo, vivendo como os mais insanos pecadores.
Teófilo de Adana ( c.† 538- na actual Turquia)
João de Éfeso (c. 507-586) conta o caso de Teófilo e Maria, um casal oriundo de famílias importantes de Antióquia, que se convertem ao celibato para juntos levarem uma vida errante- ele fazendo de jogral e ela de prostituta. Vestindo-se da forma mais escandalosa, é nesse estado que vão viver na cidade de Amida.
A santa loucura de “jograis de Cristo” impele-os a entrarem nas igrejas e troçarem dos padres e dos crentes, até serem corridos e espancados por toda a gente.

João de Éfeso conta que um dia os seguiu e deu com eles no cume das muralhas, virados para Oriente, orando de braços abertos até caírem no chão, repetindo estas preces em êxtase- só Deus era testemunha desta santidade escondida do mundo.

Simão o louco leva ao paroxismo este sentido dos loucos ridentes por Cristo.
Já falaremos dele.

  • Consultar: John Saward, Perfect Fools, Folly for Christ sake, Paris, Éditions du Seuil, 1980

Os velhos riem-se da velhice. Pintam-se de riso, que é vermelho. Remoçam. Há muitos processos de alisar e colorir a cútis, desde o de Jerónimo ao das cortesãs, desde o riso à tinta. Santos e cortesãs, todos pintam a cara.

Teixeira de Pascoaes, Aforismos

Parece que já está na altura de 60% da população dependente meter o IRS.


Vai para ali uma gritaria da câncio capaz de fazer chorar as pedrinhas da calçada.
Queixa-se de não a deixarem ser jornalista porque é namorada e não poder ser namorada e jornalista. E sente-se muito discriminada por lhe querem tirar três liberdades de uma só vez - a liberdade de opinião mais a liberdade profissional e até a liberdade da personalidade, para a mandarem para casa do noivo.

Tudo isto, fruto de uma conspiração negra de machismo e inveja da pena e do ninho; a querem-na silenciar- logo a ela, que não é uma desocupada sem conhecimentos de escrita, como a Maria Cavaco e que nem precisa de andar de sapatos rasos como a subserviente da Carla Bruni.

Mas a coisa resolvia-se rapidamente: se quiser fazer desagravo ao seu “home”, na qualidade de cara-metade, vai ter de esperar que seja entrevistada para isso, como qualquer outra homóloga sua em qualquer parte do mundo, já que ser parceira de um PM não é questão privada só quando interessa e pública nos restantes dias.

Como não vive do encosto, como muitas outras e tem a profissão de jornalista, precisa é de conhecer o código deontológico desta actividade.
Isto, para evitar que use de novo a profissão para ir à tv defender o namorado, como se fosse o “Senhor Primeiro Ministro” que não conhece de parte alguma.

Aqui fica a informação para quando estiver menos descomposta.
  • Artigo 10 do código deontológico do jornalista:
  • "O jornalista deve recusar funções, tarefas e benefícios susceptíveis de comprometer o seu estatuto de independência e a sua integridade profissional. O jornalista não deve valer-se da sua condição profissional para noticiar assuntos em que tenha interesses"

....
Acrescento:
O jogo-de-faz de conta pratica-se a duas mãos. Também foi do gabinete de imprensa do PM J.S. que se ficou a saber que o cidadão J.S. apresentou queixa contra um colega da namorada f., neste caso, na qualidade de mera cidadã sem profissão, que nem lê jornais.





“Só os animais avistam a Divindade; nós o mais que podemos é adivinhá-la, num recanto ainda intacto do nosso coração. Existirá esse recanto porventura? Existe e é profundo como a nossa ignorância”.
Teixeira de Pascoaes

O uso de ovos em rituais de renascimento das estações , é conhecido desde os tempos mais antigos. Acerca de alguma dessa simbologia já se falou na Páscoa passada.

Mais curioso foi o modo como o Cristianismo os assimilou a representações da Paixão de Cristo ou da sua antecipação.
Os ovos míticos que aglutinavam esse sentido de morte e regeneração futura eram os ovos de avestruz. Pelo tamanho e forma polida e perfeita da casca, os ovos destas alimárias deram azo a fantasiosos relatos medievais.

No Bestiário Divino,o bispo Guilherme da Normandia explica que a avestruz põe os ovos no mês de Junho, quando aparece no céu a estrela Virgílio, enterrando-os na areia do deserto, onde ficam esquecidos e os filhotes saem dos ovos, apenas graças ao calor do Sol. Na versão do Physiologus, os avestruzes eram incubados graças ao poder do olhar da mãe.

Estes portentos associados aos ovos de avestruzes, servem também de continuação para o seu uso nos ritos religiosos, sendo comum pendurá-los nas igrejas, em particular durante a Semana Santa.

É num sentido paralelo, entre o místico e o alquímico que Piero Della Francesca incluiu omítico ovo, no preciso ponto de fuga da Madona Pala Brera, num duplo sentido do amor celeste da Virgem/nova Vénus e da redenção pré-anunciada de Cristo.

Durante a Idade Média durante o período da Semana Santa, torna-se mesmo costume a venda de ovos de avestruzes, à porta das igrejas, juntamente com cocos e velas, que depois se ofereciam no altar do Redentor.


































Um exemplo que ainda permanece encontra-se na Igreja de San Agustín de Burgos. A popular e realista imagem de Cristo crucificado (coberto de pele e barbas, ao natural, como era do gosto popular) inclui aos pés uma coroa com ovos de avestruz.

Existem variantes da representação onde os ovos se misturam com a caveira, no sentido da redenção e renascimento de um Novo Adão. A simbologia do sangue redentor é aproximada por outra lenda que dizia que a avestruz, para ajudar os filhos a nascerem, provocava a quebra da casca, derramando o seu sangue sobre eles.
Entre estes dois pólos de vida e morte coincidem com os cânticos do Símbolo de Nicea (estabelecido a partir do Concílio, no ano de 325): “reconheço um baptismo para o perdão dos pecados e espero a ressurreição dos mortos”. Mas a história dos ovos da Páscoa não fica por aqui.


Na sua variante pagã dos cultos de Astarte, o mais fabuloso ovo caiu do céu no rio Eugfrates e desde aí não foi batido pelo Guiness; de dentro dele saiu a deusa Vénus- na versão europeia da Isis babilónica. Por todos os motivos, como é bom de calcular, nenhuma avestruz foi responsável por este.

Ver também aqui
John Landseer, Sabean Researches, London, 1823.
J. Charboneau-Lassay, El Bestiario de Cristo. El simbolismo animal en la Antiguidad y Edad Media, Jose J. De Olañera, editor, Barcelona, 1997.






Um salvador de pinhais ,que cruza a matemática com a ecologia e esta com a dimensão sagrada da Natureza, vai explicando o seu trabalho com frases lindas como esta:

«E eu fui educado como ateu, mas achava tudo um absurdo não haver alguma ligação oculta entre a beleza e o mistério da Natureza, não sigo nenhuma religião mas faço parte da família do «homo religiosus embora mais para o selvagem.
(…)
este estado de coisas a que chegámos tem a ver com a dessacralização de tudo, a que sucedeu a derrocada de uma Ética que se não tem uma baliza no transcendente fica muito fragilizada».

Aqui ficam ligações para alguns dos seus textos:

Qual o lugar a partir do qual pode ser articulado um sentido.



O surreal acontece quando nos aproximamos em excesso da realidade, disse uma vez Bresson.






HG : Essa cena do fim, em que o personagem atira o machado à água, que lhe fez pensar na Paixão? O actor estava encostado contra um muro, a arma caída do braço, tinha a luz e a água que corria, e esse rapaz tão sensível, não representava ele um soldado de Deus crucificado?

Robert Bresson renuncia uma explicação explícita e responde:
Como poderia dizê-lo?







A Maria Semionovna - do conto de Tolstoi - não tem nome na adaptação de Bresson. Mas Bresson fá-la recitar uma frase de Grouchenka, dos irmãos Karamasov: «se eu fosse Deus, perdoava a toda a gente», acrescentando-lhe um aparte de humildade - “e se fosse apenas por mim”[Sémolué].

A Grouchenka de Dostoievski disse estas palavras sob o efeito do delírio do vinho; a "senhora sem nome" de Bresson pronunciou-as lúcida e serena, enquanto lavava a loiça.

Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou.
Eclesiastes,3





HG : E o plano das avelãs?
RB: Elas estavam no guião quatro anos antes. Gosto do som da sua colheita, o desenho das folhas e a cor.
Comentava Hervé Guilbert: «Robert Bresson diz certas palavras e não as quer ver escritas, a palavra “esquilo”, por exemplo, ou a palavra “paixão”, ou o nome próprio de um dos seus “modelos”, não, isso seria inconveniente. Não falar de si, não se colocar à frente, não fazer muita literatura, desconfiar das citações, não dizer mal dos outros»

Hervé Guibert, le Monde, 17 Maio, 1983 (cit por Jean Sémolué (Bresson)


«a maior parte das coisas que aparecem nos jornais são plantadas»

fernanda câncio na TVI24






















As que vão pra mau lugar
Vão chorando e vão gritando;
As que vão pra bom lugar
vão dançando e vão cantando






Vive-se no mundo do trabalho parcial, dos contratos a termo certo e do pluriemprego, no qual não existe uma relação estável com um único e identificável patrão. Conjuntamente, com estas mudanças deu-se o colapso da negociação colectiva e o domínio que os sindicatos exerciam sobre o processo produtivo diminuiu significativamente.
[…]
As ideologias que regiam a vida política no período pós-guerra estão obsoletas. Esta transformação foi acentuada pelo aparecimento de um novo consenso económico. Nesta novo ortodoxia foi reduzido ou marginalizado o papel que os governos nacionais desempenhavam na supervisão das suas economias domésticas através de políticas de gestão macroeconómica.
A tarefa económica centrar da governação é agora a de engendrar e implementar políticas microeconómicas que promovam uma ainda maior flexibilidade da mão-de-obra e da produção.
A corrosão da vida burguesa, como resultado da crescente insegurança no emprego, está no cerne do capitalismo desregrado. Actualmente, a organização social do trabalho está num fluxo praticamente contínuo.
[…]
O resultado das novas tecnologias de informação não é simplesmente a crescente escassez de muitos tipos de postos de trabalho menos especializados ou com menor exigência de conhecimentos, é o desaparecimento por completo de algumas profissões. Para grande parte da população, instituições tradicionalmente burguesas como as carreiras ou as vocações deixaram de existir.

O resultado é a reproletarização da grande parte da classe operária e o desburguesamento do que resta das antigas classes médias. O mercado livre parece preparado para conseguir aquilo que o socialismo nunca conseguiu — a eutanásia da vida burguesa.
Os imperativos de flexibilidade e mobilidade impostos pelos mercados de trabalho desregrados, colocam uma pressão particular nos modos tradicionais de vida familiar. Como podem certas famílias encontrar-se às horas das refeições quando ambos os pais trabalham em turnos diferentes? O que acontece às famílias quando o mercado de trabalho obriga ao afastamento dos pais?

John Gray, Falso amanhecer, Gradiva, 2000 (False Dawn, 1998)

[em boa hora o Dragão o recomendou].



Quando Paulo Querido lançou o TwitterPortugal [citando-o]:

  • «tinha em mente simplesmente agregar alguma informação sobre os utilizadores portugueses e criar um “ponto de encontro” rudimentar, onde pudessem os recém-chegados descobrir afinidades e apoio para criarem as suas redes. Não me preocupou— nem me preocupo— com modelos de negócio, nem sequer coloco anúncios.
    Nem tudo na vida tem de ter um modelo de negócio escarrapachado; podemos fazer projectos apenas pelo prazer — ou ter um plano um pouco mais sofisticado do que explorar as migalhas com que a Google brinda os autores de conteúdos. Para não mencionar as empresas ainda piores que a Google.

    Em Janeiro — e em boa hora — decidi dar novo impulso criativo, abrindo um wiki para servir de apoio às TwitListas, uma espécie de páginas amarelas muito simples, com uma auto-organização básica.

    O wiki tornou-se bastante popular»

Pois bem, foi este desbravar de terreno que me encorajou - a mim, musaranho coxo- a dar o passo lógico seguinte, ajudando o Paulo Querido nesta nobre missão de bots & bytes: publicar alguma informação sobre o Twitter e o seu uso, que seja sobretudo acessível aos não iniciados – capazes de contarem o que estão a fazer em 2 ou 3 palavras (incluindo onomatopeias, interjeições e emoticons), sem perder de vista os públicos mais experimentados em 4 e até 5 palavras, para os quais reservamos dados estatísticos, relatórios e artigos de fundo.

Um grande Bem-Haja a todos os que sempre confiaram em nós!