Prendas douradas para esnobar:


As golden leikas do Sultão do Brunei


Os bijous do Ted Noten







garfinho para comer ostras







loiça para receber visitas [golden Pile, 2004]
















malinha para sair à noite[lady-k_bag, 2004]










Anel de realeza [Kronenring 1998]









Coisas únicas para meter inveja

Os “locomobiles” dourados do Sultão do Brunei










Dauer dourado











Avião particular revestido a ouro






O nome completo do sultão do Brunei:

Kebawah Duli Yang Maha Mulia Paduka Seri Baginda Sultan Haji Hassanal Bolkiah Al-Mu’izzaddin Waddaulah ibni Almarhum Sultan Omar Ali Saifuddien Sa’adul Khairi Waddien




já voltamos ao Lourenço...

"Reconhece-se o animal pela garra E os condotieri Colleoni pelos colhões”

Poderia ser este o moto mas ninguém sabe.



A verdade é que Lorenzo Lotto gostava muito de charadas e também trabalhou para o conde Alessandro Martinengo-Coleoni, neto do famoso Bartolomeo Colleoni, cujo brasão era nada mais nada menos que 3 pares de “colhões”- dois alvos em campo vermelho e um vermelho em campo alvo. Porque “hay que tenerlos” como diria a outra, ainda que a lenda tenha deturpado o sentido original e trocado os colleoni pelo leonem— na máxima latina: Ex ungue leonem (o leão reconhece-se pela garra)


E, em poucas linhas, se reconhece a mão de um artista — a assinatura.

Lorenzo Lotto, homem com garra dourada, 1527
[Brazão do Colleoni]




Tudo o que valia a pena dizer sobre os Óscares está aqui

















[não resisti e roubei-lhe também a imagem]


O post anterior citado num blogue pós-SIM

Visto no supermercado:
Na capa de uma revista cor-de-rosa, uma beldade anunciava: "como fazer o meu aborto"



“Falo por sinais; isto é hieroglífica e a estatueta na mão é uma dádiva”.


O Colosso de Hércules perto da cabeça caída de Adriano; Hércules do Belvedere com a pele do leão de Nemeia a fazer pendant ; o Hércules- ainda menino- a mijar para o bacio da Vénus grega que descalça a sandália para lavar o pé; [uma antevisão do Manneken de Bruxelas] e o Anteu, na sombra, a assistir a tudo isto

Lorenzo Lotto, Retrato de Andrea Odoni, 1527 [Royal Collection, Hampton Court]

Prima legge

Sempre e inevitabilmente ognuno di noi sottovaluta il numero di individui stupidi in circolazione

Icónica e totémica

























Bronze catalizador da luz;
o compasso da energia da Terra;
a matéria animal e as criaturas primordiais

Joseph Beuys, Lightning with Stag in Its Glare, (1958-85)




Na Topografia da Irlanda (1188),Geraldo de Wales (1146-1223) explicava como reconhecia os irlandeses depravados, à custa de pequenos tiques que manifestavam.Um dos que conheceu passava o tempo a roçar uma pele de animal pelos “tomates”. O hábito não provinha de excessos de higiene, como perspicazmente detectou. Antes se devia a castigo divino, por ter sido sodomizado e impregnado por um touro.

Reflectindo sobre estas realidades campestres, o inventivo clérigo interrogava-se se não seria um acto de homicídio matarem-se as crias dos animais que tinham andado nestas brincadeiras.

[Imagem retirada daqui ]

1 solidus — por causar danos numa burra prenhe [lei lombarda: 643-755]

2 solidi — por bater numa mulher livre sem fazer sangue
12 solidi — por uma língua cortada [lei dos Alamanos: ca. 718]

A formiga no carreiro
vinha em sentido contrário
Caiu ao Tejo
ao pé de um septuagenário

Lerpou trepou às tábuas
que flutuavam nas águas

Lerpou trepou às tábuas
que flutuavam nas águas

e do cimo de uma delas
virou-se para o formigueiro
mudem de rumo
mudem de rumo
já lá vem outro carreiro




Quando Rodolfo II caiu no conto do vigário, ou o grande mistério que nem Athanasius Kircher conseguiu decifrar




































Voynich Manuscript






Em Estaires, no ano de 1566, no seguimento das icnoclastias da revolta de gueux, um burro passeou debaixo do dossel da procissão, crismando, deste modo, os habitantes da vila com o nome de baudet










Estaires no domingo de Pentecostes, 1923.

[Imagem retirada daqui]






No carnaval de Romans, que degenerou num massacre religioso na Quarta-Feira de Cinzas, o líder dos amotinados mascarou-se de urso, recordando a tradicional festa da Candelária, associada ao acordar do animal.




A tradição continua viva, mas muito mais pacífica, apesar de alguns ursos mais vivaços certificarem capacidades extraordinárias para outras facécias.




[ver: le Roy Ladurie, Le Carnaval de Romans. De la Chandeleur au mercredi des Cendres, 1579-1580]

foto tirada
daqui










Não estamos em tempos de massacres das Guerras Religiosas do século XVI mas, ainda assim, o carnaval continua explosivo


Gomes Freire, quando foi preso no fim da campanha do Rossilhão, por negligência do coronel João Jacob Mestral, vingou-se na prisão, desenhando-o nas paredes de roca e fuso na mão, a fiar como casta dama.










The Luttrell Psalter. C. 1325-1335.


No ano de 1522, a Quaresma do reformador Huldrych Zwingli (1484-1531) foi um tanto herética. Juntou-se com os amigos e banquetearam-se com salsichas, ao mesmo tempo que exigiam o direito dos padres ao casório.

As cozinhas antiga e moderna. Carro que obteve a Taça da Associação Comercial de Lisboa. Carnaval de 1926
















Ilustração, 1926, ano 1, nº 5





A boa semente- a que não soa ao sibilar da serpente


A terra fértil, capaz de gerar em cima de um lençol ou na mesa-de-cabeceira

A árvore-avó plantada pelo rapazinho








A árvore relicário-cordão umbilical- no céu tudo é perfeito

David Lynch, The Grandmother, 1970- Eraserhead, 1977.



Entrudo de Lazarim, Vinhais e Podence .


















Mais informação no imprescindível Bugios e Mourisqueiros
























macaco ladrão













misericórdia do cadeiral da igreja de Mortmart, séc.xv

*O plural é da responsabilidade do Jornal de Notícias








um território de obscenidade cívica que faz oinc... oinc





















Frank Horvat, Circe, 1996






A mulher árvore





















Apolo e Dafne

Mestre d'Othéa, Paris, c. 1406-1408, Oeuvres de Christine de Pisan, Paris, BnF, Département des manuscrits, Français 604


—É proibido trepar às árvores
—Ando às bagas, mas não apanhei nenhuma. Já estão secas.
—Não é o tempo delas. E quem és tu?
— Sou a Dafne
—Não te conheço



14.02.2007, Rui Ramos

O "não" de domingo não representa o Portugal antigo: é apenas a outra metade de um país fundamentalmente plural

(...)Os entusiastas do "sim", entretidos a celebrar o que alguns julgam ser a vitória póstuma de Afonso Costa, nem repararam que se o "sim" teve um milhão de votos a mais do que em 1998, o "não" também recolheu mais 200.000. E que conceito de "modernidade" e "progresso" autoriza a fazer dos concelhos mais rurais, envelhecidos e analfabetos do Sul - aqueles em que o "sim" teve os melhores resultados -, a vanguarda do "progresso" e da "modernidade"? Para perceber esta estranha mentalidade, teremos de recuar ao século XIX. As esquerdas em Portugal acreditaram sempre que a "modernidade" consistiria numa simples versão laicista da homogeneidade católica do Antigo Regime: onde antes todos eram "católicos", todos um dia seriam "homens de esquerda" (inclusive as mulheres...). Foi o que aprenderam com Auguste Comte. O "progresso" iria consistir no triunfo total do secularismo socialista, tal como a história antiga teria consistido na expansão da igreja cristã. As direitas seriam uma espécie de índios americanos, condenadas a desaparecer perante as caravanas e comboios da esquerda. Foi assim que Afonso Costa, em 1910, se convenceu de que podia acabar com o catolicismo em "duas gerações". O que aconteceu a seguir é conhecido. Mas, pelos vistos, houve quem não tivesse aprendido nada. As esquerdas portuguesas dão-nos as boas-vindas ao século XXI com as ideias do século XIX.
Se algo define a "modernidade", não é o triunfo exclusivo desta ou daquela ideologia ou modo de vida, mas a institucionalização do pluralismo. O "não" de domingo não representa o Portugal antigo: é apenas a outra metade de um país fundamentalmente plural. Já houve quem, a propósito, lembrasse o mapa eleitoral de 1975. Mas há projecções geográficas mais antigas da diversidade política dos portugueses. A primeira que conheço é a do mapa do apoio das câmaras municipais ao Governo liberal de 1822: lá está, já muito nítida, a separação entre o Sul e o Norte. Assim como as esquerdas não têm o monopólio do Portugal "moderno e progressivo", também as direitas não possuem o exclusivo do Portugal "antigo e tradicional": a base sociocultural que sustenta as esquerdas políticas é tão antiga como a que sustenta as direitas. Ninguém, neste país, tem o privilégio do progresso e da democracia, ou das cidades e dos jovens. Por exemplo, nos distritos em que o "sim" ganhou, foi nos concelhos das capitais de distrito que o "não" obteve resultados acima da média: no Sul, o "não" é urbano. Isto quer dizer apenas que as cidades são, em cada área cultural, mais heterogéneas do que o campo envolvente.

Em Identificação de Um País (1986), José Mattoso explicou como esta pluralidade estava inscrita no código genético de Portugal. Pouca gente, pelos vistos, percebeu a lição. O que a modernidade fez em Portugal foi dar dimensão política a velhas fronteiras culturais. É significativo que, tendo a sociedade portuguesa mudado tanto nos últimos quarenta anos, essas fronteiras tenham permanecido, independentemente das velhas civilizações rurais com que andaram associadas. Aqueles que aspiraram a governar Portugal longamente e mais ou menos em sossego souberam sempre que, além do país que estava com eles, havia outro país que precisavam de ter em conta. Até os republicanos, no fim, procuraram corrigir o seu terrorismo laicista, com António José de Almeida a impor o barrete cardinalício ao núncio papal. E Salazar, ao contrário do general Franco, nunca restaurou a monarquia e o catolicismo como religião de Estado.
Este país e o seu futuro não pertencem ao "sim", nem ao "não". Não entrámos na modernidade no domingo passado. Estamos nela há duzentos anos. O tempo suficiente para percebermos que nunca teremos todos as mesmas opiniões. Tirem portanto as pêras postiças à Afonso Costa, e portem-se como gente grande.
Historiador

[no Público de hoje]


Arrufos e afrontamentos?
melindres e desconfianças?
tricas, buscas, inspecções de IPs e relatórios?
más-línguas e “porteirices”...?























O genuíno é sempre melhor



[postal patrocinado pela União dos Comentadores Livres da Blogosfera]

Caravaggio: Malta, Syracuse, Messina, Naples, Porto Ercole, July 18th, 1610.
Four years on the Sun, so many laberls on the luggage and hardly a friendly face.


Always on the move, running int the poisonous bloue sea, running under the July sun. Adrift.


Salt water drips from my fingers, leaving a trail of tiny tears in the burning sand


The fishermen carry me hight on their shoulders. I can hear you sobbing, Jerusaleme.


Rough hands warm my dying body, snatched from the cold blue sea.



Oggetto d’arte!
E io sono molto caro.


They’re rowing me back to the village, Their breath warm on my blue lips.


Man’s character is his fate


I’m dying in time to the plash of their oars. If arms as steady as these had embraced me in life...


To think, Jerusaleme, our friendship should end in this room, this cold white room so far from home.


The rat played out his life on the cogs of the great wooden clock quite carelessly


Is horrible perverted and place high on the altars of Rome in mockery


My shadow passes.


The flies spiral back


Pasqualone yawns in the blue sky.


Sharp knife wounds that stab you in the groin, so you gasp and gulp the air, tearing your last breath from the stars as the seed runs into the parched sheets and you fall into the night.


And this is our wilderness.

Só é pena o tira-dentes ainda não ter chegado ao SNS

[reposição da Janela Indiscreta]

[Qualquer semelhança com a realidade cá da terra é pura coincidência. Como se sabe, quem não tão dinheiro não tenha luxos]

CALORES DE DENTISTA; ARREPIOS DE PACIENTE

Na Idade Média a desconfiança face ao talento dos médicos estava generalizada e vários ditados populares satirizavam muita charlatanice que imperava entre esses doutores. ”Mais matou a ceia que curou Avicena”; ”os erros do médico a terra os cobre”; “quando o doente diz ai, o médico diz dai

No cadeiral de Santa Cruz de Coimbra pode ver-se um destes cirurgiões, de fórceps na mão, a tentar arrancar um dente a um lobo como se a sua arte fosse mais apropriada a bestas que a humanos. Possivelmente estavam bem um para o outro, já que também se dizia que “o lobo perde os dentes mas não perde o costume” e a temível fama deste animal era associada a uma série de lendas em torno da boca voraz ou “garganta iniciadora”.

Numa misericórdia do cadeiral trecentista da Abadia de Saint-Lucien-les-Beauvais a vítima da cárie é um monge e quase o podemos imaginar a pedir ajuda a Santa Apolónia.

Como se dizia na tragicomédia La Celestina, “três caras tiene el médico: de hombre, de angel y de demónio” e no cadeiral de Ely já não há lugar para esperança — o dentista torturador é o próprio demónio.


Apesar das sátiras, a prática de odontologia medieval estava restrita a elites e era caríssima, restando os curiosos tira-dentes para o povo. Os mais abonados podiam tratar as cáries que se julgava serem causadas por vermes.


Só por volta de 1700 foi redescoberto e desenvolvido o processo de fabrico de dentes postiços que os Etruscos já conheciam. A falta de dentes era comum e até a rainha Isabel I de Inglaterra usava bolinhas de algodão para disfarçar os que não tinha.
O maior problema consistia na técnica da anestesia. Mandrágoras medievais; ópio e láudano deviam dar grande moca e acrescentar alguns espasmos mais suspeitos...

Os grandes caricaturistas ingleses do sec. XVIII e XIX deixaram-nos algumas estampas elucidativas do teor destas intervenções odontológicas: possantes e nobres matronas entregavam-se à mão destes artistas, em sessões ruidosas e um tanto desbocadas a que o próprio esposo, fosse conde ou marquês não se importava de assistir...

Como chegámos ao século XXI, aproveito para recordar o trabalho pioneiro do Dentista Frígido que só arranca dentuça ao som do samba.

Aqui fica o seu Sambinha da Paz

Bebendo um chôpe
Ouvindo um som
Enganando o mundo dizendo
"Valeu cara, tudo de bom"
Tratando dente careado
Ao ritmo da marcha do soldado
Pôxa, dentista já não chumba dente
Mas o gringo quer dar chumbo
Quer dar chumbo em certa gente
(estribilho)
Dentista já não chumba dente
Mas o gringo quer dar chumbo em certa gente
(entra a bateria)

© Dentista Frígido
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Imagens:1- cadeiral de Santa Cruz de Coimbra, c. 1513-18; 2-Santa Apolónia — mártir cristã morta em 249 por se recusar a renunciar à fé cristã. Os torturadores arrancaram-lhe todos os dentes e depois foi queimada na fogueira. Book of Hours ("Hours of Simon de Varie"; use of Paris), 1455; 3- dentista a arrancar dente a um monge, cadeiral da Abadia de Saint-Lucien-les-Beauvais (sec.XIII); 4- misericórdia do cadeiral de Ely-demónio-dentista(sec.XIII): 5- dor de dentes, gárgula de Oxford: 6- Copper, The country tooth drawer (1812-1817); 7- Thomas Rowlandson (1756-1827), Transplanting of teeth, 1787.
consultar:(ver: António Delicado, Adágios portugueses reduzidos a lugares comuns, Lisboa, 1651; Francisco Rolland, Adágios, provérbios, rifãos, e anexins da língua Portuguesa, 1841; Ladislau Batalha, História Geral dos Adágios Portugueses,1924).