Then did he raise on high the Holy Hand Grenade of Antioch, saying:"Bless this, O Lord, that with it thou mayst blow thine enemies to tiny bits, in thy mercy". And the people did rejoice and did feast upon the lambs and toads and tree-sloths and fruit-bats and orangutans and breakfast cereals

PILGRIM, n. A traveler that is taken seriously. A Pilgrim Father was one who, leaving Europe in 1620 because not permitted to sing psalms through his nose, followed it to Massachusetts, where he could personate God according to the dictates of his conscience.

Ambroise Bierce, The Devil's Dictionary.

Descuidados, zombeteiros, violentos, assim
nos quer a sabedoria: ela é uma mulher,
ela ama somente um guerreiro.


Nietzsche, Assim falou Zaratustra.




Quando partilham mexericos




os linguarudos acabam enrolados nas próprias línguas.











[Cadeiral de Cheddar]









as más línguas são atiçadas na grelha.

[Cadeiral de Bordeaux]











Se não consegues dominar uma língua destravada, mete uma meia na boca

[cadeiral de Stratford on Avon]














ou então ata-a bem atada


[Cadeiral de Cheddar]











Pecados de orelhas leva-os o vento, a menos que haja negócio no salvamento

Titivillus (o Titivally de Shakespeare)- demónio que recolhia as blasfémias e outras palavras vãs e as guardava num saco até ao dia do julgamento final. Relevo em Charlton Mackrell.




«(...)recorde-se Lutero, por exemplo, esse "mais eloquente" e mais presunçoso camponês que a Alemanha já teve, assim como o tom luterano, que precisamente a ele agradava empregar em seus diálogos com Deus.
A oposição de Lutero aos santos intermediários da Igreja (em especial ao "porco do Diabo, o papa" [des TeujJels Saw den Bapst]) era em última análise, não há dúvida, a oposição de um grosseiro ao qual aborrecia a boa etiqueta da Igreja, aquela etiqueta reverencial do gosto hierático, que apenas aos iniciados e reticentes permite o acesso ao mais sagrado, protegendo-o dos grosseiros. Ali, entre todos os lugares, estes não deveriam tomar a palavra - mas Lutero, o camponês, queria as coisas de outro modo, aquilo não lhe parecia suficientemente alemão: ele queria sobretudo falar directamente, falar ele próprio, falar "informalmente" com o seu Deus... Bem, ele o fez. - O ideal ascético, já se percebe, não foi jamais e em lugar algum uma escola do bom gosto, menos ainda das boas maneiras - foi, no melhor dos casos, uma escola das maneiras hieráticas -: isto faz com que ele encerre em si algo radicalmente hostil a quaisquer boas maneiras - falta de medida, aversão à medida, ele é em si um "non plus ultra"[último limite]. »


Nietzsche, Genalogia da Moral

Burro-Papa (Geneve,1557)

Burro-Papa, encontrado nas águas do Tibre no ano de 1496, deu origem a uma série de gravuras que passaram a circular acompanhadas de uma legenda atribuída ao próprio Lutero:

"Corpo de mulher, de seios bem evidentes como símbolo de toda a raça de porcos epicuristas que só pensam em beber e comer e venderem-se a todo o tipo de lubricidades; cabeça de burro cheia de dogmas; mão direita semelhante a uma tromba de elefante, significando o poder espiritual do Papa com o qual atemoriza e exorciza as consciências por meio de falsas penitência; mão esquerda de homem, o seu poder civil que com a ajuda do diabo lhe confere o governo dos príncipes; pé direito de boi, significando a bajulação dos seus ministros; o esquerdo de grifo, os ministros do poder temporal e seus satélites; escamas de peixe nos braços e pernas e ventre e traseiro nu simbolizando a união dos poderosos que se unem ao papado mas que são desmascarados pela libertinagem no ventre nu que os desmascara, faz sair pela cauda o dragão da blasfémia".

When I first came here, this was all swamp. Everyone said I was daft to build a castle on a swamp, but I built in all the same, just to show them. It sank into the swamp. So I built a second one. That sank into the swamp. So I built a third. That burned down, fell over, then sank into the swamp. But the fourth one stayed up. And that's what you're going to get, Lad, the strongest castle in these islands.


[Pulinho de onça;
dessassossego de pega]

Este ligeyro animal,
se de tres saltos nam caça
emprouiso leixa a caça.





Esta aue nunca se sega
he galante e muyto oufana
mas a hora que nam engana
nam he pega


Passagens do Auto das Fadas de Gil Vicente

Das consequências da Segismunda nunca o Hogarth recuperou, nem a crítica o permitiu. No ano seguinte (1762), na segunda exposição da Society Artists, já não expôs qualquer obra.
Ao mesmo tempo é organizada uma paródia a mais esta exposição de novos pintores, num show de irreverência- o Sign-Painters Exhibition-, onde o seu humor aparecia citado em referências ao auto-retrato com a teoria da Linha curva da Beleza.
No St James Chronicle, um crítico faz correr a notícia que seria o próprio Hogarth quem estava por trás da organização. O prefácio do catálogo tecia-lhe um longo panegírico; o espírito da troça era o seu, evocado em citações de sátira artística, ou nas desventuras com os críticos.
Nunca se apurou se esteve ou não, mas o sentido do remoque ao snobismo dos consagrados tinha-o como exemplo.
Foi nesta ligação ao populismo dos que se fazem a si próprios, por não conseguirem maior refinamento que o próprio Hogarth também acabou por ser acomodado.



Uma gravura anónima sintetiza-lhe o percurso- No desenho impiedoso e grotesco- A Brush for the Sign-Painters-, Hogarth aparece na figura de um Sarjento-Pintor do Rei, na forma de um personagem bestializado, entre o humano e o canídeo, pintando a malfadada Segismunda. Uma figura demoníaca apresenta-lhe um discípulo desfraldado, enquanto no conjunto se faz o remoque letrado com passagens em grego e latim. No campo inferior a mofa é acrescentada pelo acompanhamento da fábula de Esopo, na jactância do sapo que tanto se incha para parecer um boi que acaba por rebentar.



Foi o ponto de não-retorno; com este ataque o próprio convenceu-se da rejeição no mundo da arte moderna londrina. O sentimento de melancolia dos últimos anos de vida ainda consegue ser aproveitado para um derradeiro retrato dos próprios clichés do excesso de negritude da arte da época. Bathos- o Tempo moribundo, alegoria do seu final, abandonado e rodeado da decrepitude e das ruínas perdidas de uma carreira artística.
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Imagens:1-A Brush for the Sign-Painters, 1762;2- The Bathos, 1764.
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Adenda [28/9]Aqui ficam dois excelentes links deixados na caixa de comentários pelo Antónimo.
Analysis of Beauty

Recomenda-se: o post de Pedro Picoito

[Excerto]

«(...)Bom, dantes a monarquia em 1908 era um regime constitucional. Tinha uma Constituição, a velhinha Carta de quase oitenta anos, um Parlamento com duas câmaras, eleições nacionais para a câmara baixa, deputados republicanos desde 1878, eleições municipais que foram ganhas pelo Partido Republicano no Porto em 1906 e em Lisboa em 1908 e, regra geral, a salvaguarda dos direitos, liberdades e garantias reconhecidos na maioria das monarquias constitucionais contemporâneas, como por exemplo a Inglaterra. Havia censura, que era usada sem grande êxito para impedir ataques ao regime monárquico e ao catolicismo oficial, e durante alguns meses João Franco governou sem o Parlamento, "ditadura" a que um apavorado D. Manuel II pôs termo assim que chegou ao trono. O chefe de Estado não era obviamente eleito, como não é hoje no Reino Unido, na Holanda, na Bélgica, na Dinamarca, na Noruega, na Suécia, em Espanha, no Canadá e na Austrália, essas tiranias onde os gays e o aborto são reprimidos.
Estranhamente, a I República não alterou muito isto. O chefe de Estado era agora eleito, mas pelos deputados. Nada de sufrágio directo para a Presidência. Era o que faltava, entregar à malta a eleição do mais alto magistrado da nação... O direito de voto, que na monarquia chegou a abranger um universo de 950 mil eleitores, mesmo com a restrição censitária, foi reduzido em 1911 a 400 mil eleitores, os chefes de família que fossem civis e soubessem ler e escrever. Por outras palavras, foi negado aos militares, aos analfabetos e às mulheres. Aos militares por medo da sua politização, deliciosa ironia num regime que tinha nascido de uma revolução armada, e às mulheres e aos analfabetos por medo da influência da Igreja sobre os espíritos simples. Na prática, o eleitorado da I República estava concentrado nas grandes cidades, onde, como vimos, o Partido Republicano já ganhava eleições durante a monarquia.
De resto, o amor dos republicanos pela liberdade de opinião é bem conhecido. À falta de monárquicos convictos, que rapidamente se volatilizaram, a I República elegeu como inimigo programático os católicos e, muito em particular, o clero. Logo no próprio 5 de Outubro, elementos da Carbonária tomaram de assalto as casas dos jesuítas em Arroios e Campolide e mataram a tiro meia dúzia de padres, um deles o confessor da Rainha. Outros conventos de freiras e frades foram invadidos, sem estragos de maior a não ser a famosa medição de cabeças clericais para provar as semelhanças fisionómicas entre a padralhada e os criminosos de delito comum. Poucos meses depois, as ordens religiosas eram extintas, com as consequências que se adivinham na asssistência e no ensino, e todos os bens da Igreja nacionalizados, façanha a que Chávez ainda não se atreveu na Venezuela. Para gerir missas, funerais, procissões, etc., os republicanos puseram à frente de cada paróquia uma "comissão de culto" com gente sua, que mandava no pároco. A isto chamaram "lei da separação entre a Igreja e o Estado", o que soa contraditório e é, mas lhes dava também a possibilidade legal de tratar os padres e os bispos como funcionários públicos. Não contentes, restauraram o beneplácito régio medieval, impondo o exame prévio a todos os documentos públicos dos bispos ou da Santa Sé. Como se recusassem a acatar esta e outras ingerências, em meados de 1912 todos os bispos de Portugal continental (Braga, Porto, Bragança, Lamego, Viseu, Coimbra, Guarda, Portalegre, Lisboa, Évora, Beja e Faro) tinham sido depostos ou expulsos das suas dioceses, em certos casos pela violência. A mesma violência com que a Carbonária de Santarém destruiu, à bomba, a primeira Capelinha das Aparições na Cova da Iria, assim que o obscurantista fenómeno teve o sucesso popular que se sabe.
Nada que se compare, porém, à selvajaria que os próprios republicanos empregavam fervorosamente uns contra os outros. Ao melhor estilo revolucionário, a I República viveu mergulhada em dissidências, lutas entre facções e crises políticas que se resolviam à pistola e à bengalada. Numa das purgas, a célebre "noite sangrenta" de 19 de Outubro de 1921, foi assasinado Machado dos Santos, o líder dos revoltosos do 5 de Outubro na Rotunda, por um grupo de magalas e carbonários que percorriam Lisboa liquidando os seus adversários, acção higiénica a que não escapou o próprio chefe do Governo em exercício, António Granjo.
(...)



A ler, na íntegra, no Cachimbo de Magritte

[pelo José, na GL]

«Vital Moreira, um genuíno jacobino, oficia hoje no Público como capelista de seita, num artigo intitulado os capelães. No seu quiosque em que defende causas, nenhuma lhe merece tanto desvelo como a do anti-clericalismo militante, com uma sombra de ateísmo activista à ilharga. Desta vez, o argueiro aflitivo é a intervenção de religiosos nos estabelecimentos públicos que acolhem pessoas, no exercício de Caridade cristã. “É inaceitável”, escreve o capelista laico. O espírito de Madre Teresa de Calcutá, para o activista laico, é um perigo, uma subversão da nossa Constituição, erigida em documento sagrado e religiosamente protegido desde os tempos do PREC.
(...)
Benzer com água benta, fazer o sinal da cruz em público, respeitar a tradição dos padres e bispos, inaugurarem monumentos e rezarem pelo sucesso dos empreendimentos, são tudo sinais das “relações iníquas que o Estado estabeleceu com a Igreja Católica, conferindo-lhe privilégios inadmissíveis á luz da Constituição e da própria Concordata”.
Um dia destas, ainda o vamos ver, lá da sua capelinha particular, a anunciar o vigésimo da extinção de todos os cruzeiros em lugares públicos. De todas as cruzes visíveis, fora das igrejas e- quem sabe!- a proposta terminal de alteração do símbolo da cruz na bandeira portuguesa, com as cinco chagas de Cristo. Em seguida, virá a sugestão revolucionária de alteração das cruzes em monumentos.
»
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Recomenda-se a leitura integral do texto, com informação do sentido constitucional da Liberdade Religiosa
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Colégio de Santa Rita/ Palácio dos Grilos- Edificação em Coimbra no ano de 1755 como colégio dos Eremitas Descalços de Santo Agostinho, denominados frades grilos.
No ano de 1834, depois da entrada do exército liberal em Coimbra e no seguimento da extinção das Ordens Religiosas, alberga a secretaria de loja maçónica, igualmente instalada no Colégio do Carmo. É vendido em hasta pública no ano de 1844.

O mundo das tricas pessoais sempre serviu para divertidas sátiras literárias e artísticas.
No caso de William Hogarth, torna-se uma verdadeira charada destrinçá-las no meio das suas troças à sociedade. Os métodos eram variados, tanto podia ficar-se pela simples caricatura ao visado, incluído em qualquer série de desventuras dos personagens, ou mesmo em retrato com dedicatória, como socorrer-se de vasto conhecimento de tradição do bestiário medieval e da simbólica clássica para as compor.
No entanto, o tratamento dos temas sem falso pudor, aliado ao conhecido temperamento difícil não o ajudou a granjear grandes apoios, nem a ser incluído entre os artistas mais consagrados, sendo arrumado no género secundário do grotesco e satírico
No final da vida, acentua-se o mau entendimento do pintor com políticos e críticos, levando a um isolamento e negrume com a perda de crédito a que se viu votado. Ainda assim, não lhe faltou o talento para ajustar algumas contas com a nata da sociedade, que tanto apoiava e fabricava carreiras, como destruía outras.

A Segismunda

Quando Hogarth pintou a heroína trágica de Bocaccio- Segismunda, abraçada ao coração do amante assassinado, confrontou-a com a tradição dos grandes mestres, como Correggio, no intuito de provar que um artista contemporâneo podia fazer com ela um obra que provocasse um impacto sentimental ainda mais poderoso.

O quadro foi rejeitado pelos seu velho inimigo político- John Wilkes, a quem ele satirizara em retrato, e até o aristocrata que lhe havia encomendado a pintura- Sir Richard Grosvenor contribuiu para a sua depreciação entre a elite.
No meio destas estas opiniões, foi marcante a julgamento impiedoso do notável historiador e crítico Horace Walpole.
Face a esta versão tão crua da heroína, afastada do gosto continental que continuava a copiar os antigos italianos, o connoisseur, entre outros dichotes, comentou que a Segismunda, com aqueles dedos tão ensanguentados quanto o coração que abraçava, mais parecia agarrar-se às vísceras de algum carneiro, acabado de comprar no mercado de St. James.

O macaco gramático

Pouco depois, na exposição da Society of Artists, o artista vinga-se desta deferência aos antigos e menosprezo pelo mérito da pintura da época. O frontispício do catálogo foi acompanhado de um pequena gravura satírica no reverso.

Inspirando-se na velha Iconologia de Cesare Ripa e na exposição de Martianus Capella, Hogarth não perdeu a oportunidade para mostrar como o conhecimento dos clássicos também pode ser usado para dar um correctivo trocista.
A representação alegórica da Gramática era figurada como uma donzela a regar as plantas, pois, tal como estas crescem através da água, também o espírito dos jovens se desenvolve pelo estudo da gramática.

Já que pedagogia andava a macaquear demasiados maneirismos do passado, no seu lugar, Hogarth coloca um macaco, bem aperaltado, a quem não falta a douta peruca, intentando regar umas plantas mortas.
Dos três vasos saem inúteis troncos murchos, minuciosamente observados à lupa pelo entendido símio, procurando maravilhas escondias, impossíveis de detectar a olho nu. Bem pode regá-las, que daqueles velhos troncos secos nada de novo brotará.
Nas legendas dos vasos lêem-se os respectivos óbitos: 1502; óbito 1600; óbito 1604. A filactéria maior tem gravada a palavra “exóticos”, numa charge aos críticos que se agarram às velhas e estragadas pinturas, venerando-as apenas pela antiguidade. A frase latina completa o sentido no rodapé, com uma citação de Marcial: esse quid hoc dicam?- vivis quod fama negatur!

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Imagens:1- Segismunda, 1759-61 (Tate Gallery)
2- Reverso do catálogo das pinturas exibidas em Spring Gardens, Gravura, 1761.
Consultar: Rudolf Wittkower, Allegory and the Migration of Symbols, Thames and Hudson, 1987.
Mark Hallett, Hogarth, Phaidon, 2000.

O Cocanha está de pousio mas, ainda assim, não esquece as recomendações.

Mais outra no Dragoscópio . Aqui fica uma pequena passagem:

«Aqui, aconteceu à Maçonaria o que aconteceu ao whisky e acontece a qualquer produto escocês: martelaram-na em caves turvas à beira Trancão. O néctar deu lugar à mixórdia. De maçonaria ficou só o invólucro, o rótulo e a rolha. Esfregue-se a lamparina e o génio que sai lá de dentro usa cascos e tresanda a bombinha fétida de Carnaval. Obra de pedreiros-livres? Será, não sei aonde. Porque, para cá da fronteira, nunca ultrapassa o esquema de trolhas e mestres-de-obras, agência e gardanho de empreiteiros à rédea solta.
Operam na penumbra? Cavilam e zombam do cidadão comum? Corroem e carcomem os alicerces da democracia? Minam a credibilidade das leis e dos tribunais? Usurpam a putativa soberania popular?
Serei o primeiro a insurgir-me contra tais fábulas. Como é possível carunchar os alicerces de algo que nasce, emerge e viceja da podridão? Como é possível minar um queijo-suíço? Como é possível usurpar uma fantasia?
Por tudo isso, acusar esta seita mascarada -esta Trolharia - de conspiração ou cabala é a anedota mais estapafúrdia que ouvir se pode.
Por uma evidência escancarada: não atentam contra o regime: exercem-no, vistoriam-no, supervisionam-no. Não conspiram, governam. Melhor dizendo: governam-se. Que nem lordes, que nem abades!...
»

(...)Estes higienistas da política, esta choldra do políticamente correcto, do ai jesus não me toques que me desafinas, esta mediocridade mental que enloda o país constitui, de facto, um incitamento violento e premente ao racismo (já não falando no resto). Do mesmo modo que diante dos higienistas raciais, desatamos a simpatizar com os pretos, amarelos e azuis às riscas; diante deste higienistas políticos, damos connosco a apreciar, pasme-se, os skinheads, os identitários, os sultões, os barbas-azuis e até os antropófagos do Bornéu.
A blogosfera está infestada de escória desta: higienistas. Políticos, raciais, sociais, religiosos, há neurose e paranóia para todos os gostos. Catadores púbicos a esmo. Patrulheiros da última moda, da penúltima e até duma moda qualquer fora de moda. A mim fica-me apenas uma certa pena que, quando me retiram os preciosos linkes, não emitam também estas declarações solenes. Há todo um oríficio obscuro no fundilho das costas deles onde, desde logo, recomendaria que os enfiassem. Aos linkes junto com as proclamações.
(...)


Ir lá, ao Dragoscópio , para ler na íntegra







A esquerda é um simples conceito moral












Timshel dixit.














A “estereofonia da carne profunda” como lhe chamou Bénard da Costa









clicar na imagem




Roga-se aos amadores blogosféricos e restante lixo que compete com os profissionais da informação, o favor de explicarem ao guru Pacheco Pereira que a Cúria Romana nunca foi chamada ao caso da Madie, como escreveu hoje no Público, e o informem em que consistem as audiências das quartas-feiras, na Praça de S. Marcos.

A bem da Nação e da preservação da Cultura da Civilização Ocidental.

Imagem via


Evento [zoologia]- resfolegadouro; respidarouro; narina nos cetáceos; abertura que, nos seláquios, põe a faringe em comunicação com o exteriror.

Repasto no dorso de baleia.


As baleias do tamanho de ilhas faziam parte do imaginário medieval, sendo comum representarem-se marinheiros a instalearem a cozinha, precisamente em cima do dito evento.





Bestiaire d'Amour de Richard Fournival, séc X.
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Consultar: The medieval bestiary


Não há pachorra para o lixo publicitário, com aquela artimanha do “clique para remover” que só tem como consequência ainda se receber uma correnteza de nova publicidade em cadeia imparável de cliques .

Mas, pior do que isso, são os bordões: os eventos. Ele é eventos de colchões ortopédicos e taparueres; poesia concreta; informática específica; gado para cobrição; arranjos florais; noivado e casório e outros jogos de cama, sempre num “espaço disponível para o evento", com promessas de imprevisíveis “surpresas agradáveis”.

Pois desta vez entrou-me pela caixa do correio a venda de eventos a granel. Nada mais de acordo com esta semântica postiça - vão vendê-los a retalho na Expo e com patrocínio de canal televisivo próprio- com um nome a condizer: tv-eventos.

A parte mais excitante deste bazar de bufarinheiros é o brinde prometido: Uma animação especial para si!

Lembrei-me do Engenheiro Ildefonso Caguinchas e, em vez de clicar no remover, respondi-lhes, perguntando se na animação constava oferta de ucraniana para cavalheiros e pretalhão para damas.

Mas, se acaso algum expert de marketing tivesse essa ideia tão multicultural, aposto que ninguém havia de estranhar.

Recordo-me de uma cena surrealista que presenciei, num fim-de-semana, em pleno centro comercial Colombo super-lotado- Uma maluquinha decidiu desatar a despir-se, provocando apitos e correrias de seguranças e polícias ao local. Faziam todos roda, a tentar encobrir-lhe as vergonhas e agarrá-la ao mesmo tempo, perante as dezenas de transeuntes que passavam sem sequer desviarem o olhar.

A maluquinha, inamovível, lá ia devolvendo o casaco da mulher polícia pelo ar, seguido do soutien e das as cuequinhas, para cima da cara do segurança mais próximo, dando algumas piruetas desequilibradas, até se baixar em esparregata no chão, muito compenetrada na performance .
Uma família que passou a meu lado foi a única que reagiu: olharam displicentemente para aquele ajuntamento fardado com nua ao centro e comentaram entre si- deve ser um evento de animação do Centro.

Fica pois o aviso. Aqui no Cocanha podem-nos convidar para muita coisa e mandar para muito lado, mas a eventos, só pagos com antecedência e por transferência bancária.

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Foto: via










O que tu defendes é a maldade intrínseca à Igreja Católica




Heresia de um endemoninhado leitor do Cocanha


Paz à sua alma.
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Adenda:Cardeal, de caminho, também pode ocupar-se daquele jornaleiro .



Ontem, nos Prós & Contras, juntaram-se uma série de frankenstoinos mediáticos, de papel passado.

Graças ao meeting, pelo menos ficámos todos a saber duas grandes verdades:

1- O Processo Casa Pia tornou-se o fiel da balança para não se cometerem outros erros de julgamento infundado na praça pública (principalmente por causa de não ter havido fuga de informação verdadeira- e só se terem publicado as mentiras daquelas malfadadas escutas, como explicou o Júdice).

2- Na era das inventonas mediáticas, em que a investigação policial também descarta a incompetência caseira pelo efeito do toque de caixa, a metoscopia tinha de se tornar a ciência do futuro.

Com tudo isto, só estranhei que o Boris Karloff espanhol não tivesse desatado aos urros, a partir o cenário, e a estrafegar os restantes, acabando por saltar pelo ecrã com a Fatinha nos braços. Deve ter sido sedado pela moça da maquilhagem.

Lá vem mais uma corrente . Desta vez, os livros que nos mudaram a vida.



Mudar, não faço ideia, quanto muito acentuaram tendências e alguns até desencaminharam.

Por isso, se o questionário é para levar à letra e não para enunciar o top dos 10 mais, vou falar verdade e por ordem crescente, digamos assim.


1- A colecção dos Cinco da Enid Blyton.

2- Todo o Emílio Salgari a que deitava a mão.

Algures, pelo adolescência, a mistura complica-se:

3- A Zazie dans le Metro do Queneau (ou julgavam que o nick foi inventado agora?)

4- O Diário íntimo da Sally Mara, na minha fase Sally Mara (“tenho de perguntar à minha amiga X. se ainda sou virgem, não me recordo bem”- cito de cor).

5- Crime e Castigo e o Jogador, na minha fase Dostoievski (e vão 6).

7, 8, 8, 10 e seguintes- O Homero e a tragédia grega (repito o Dragão) e acabavam-se os 10, mas vou acrescentar mais uns:

O Bernardo de Claraval (em particular o sermão para a Natividde da Bem-Aventurada Virgem Maria); Rabelais; Viagem do Céline; tudo do Gombrich, do Warburg e do Panofsky; o trabalho ciclópico do Jacques-Paul Migne e os estudos do Paulo Pereira.

Imaginem o que terá resultado desta mistura...

Passo ao maradona

Carlos

Animal

Mário

e repito a mesma passagem do Dragão: ao Pedro Arroja

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imagem: livro para Santo on the road, tirado de um Gabinete de Curiosidades, de que agora não me lembro. Quando me lembrar completo a legenda.

foto via








"múltiplos aspectos do nosso saber e da nossa cultura milenar (refere-se essencialmente à cultura do Ocidente) estão a ser postos em causa pela potenciação que as novas tecnologias associadas à rede estão a dar à ignorância presumida de saber, ao "amador" que pensa que pode competir com o profissional (seja jornalista, seja crítico literário, seja cientista, seja especialista de qualquer área do saber), apenas porque pode livremente e sem edição colocar num blogue o que lhe vem à cabeça; pela erosão do direito de autor pela pirataria generalizada na rede, com o consequente desinvestimento em produtos culturais caros."

José Pacheco Pereira, Público (de hoje)



Lamentamos informar os amadores, mas nós aqui, no Cocanha, só competimos com profissionais, devidamente credenciados.

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Acrescento (9/9)
Para perceber a "história" leia-se
estes postais do José, na GL.

zazie e musaranho coxo



de um Hogarth “Cavaleiro de S. Francisco”-







O rosacruciano, debochado, coleccionador de arte erótica e adorador pagão, Sir Francis Dashwood, tratado pelo Hogarth, num pastiche de pintura renascentista com alegoria maneirista e natureza morta do barroco dos Países Baixos.




Acerca desta curiosa personagem e do seu Clube do Fogo do Inferno, ver aqui e aqui


William Hogarth, Sir Francis Dashwood at his Devotions (posterior a 1750, colecção privada)

Só para avisar os transeuntes para não perderem a série “a A topia ao virar da Esquerda” pelo José, na GL .

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Nota:

Hoje conheci a
Miss Pearls. A malandra é uma simpatia e já me conhecia, sem me conhecer. Parece confuso mas é mesmo assim.


Pois é, chegámos mas a navegação vai continuar um tanto suspensa, que isto de caçadas a gárgulas tem muito que se lhe diga.

Agora há que desempacotar e amanhar a bicharada, para depois pôr ao fumeiro e despachar respectivas encomendas em lista de espera.

Para evitar que esse desgraçado do engenheiro Ildefonso Caguinchas tenha mais ideias tristes em relação à hospedeira (o marau não se contenta com os suingues da doutora Carla Bobó) ficam só as nuvenzinhas.

Ainda que os restantes leitores do Cocanha não pareçam ter gostos esquisitos, o piloto-automático diz que nestas coisas nunca se sabe e também prefere os bastidores.

E agora juizinho, são branquinhas e gordinhas mas não são ovelhas— são nuvens. Nada de fantasiar e coisa e tal...

De vez em quando, eu ou o musaranho vimos cá dar uma espreitadela.
Até já.


zazie e musaranho coxo