Quando terríveis acontecimentos assolavam as cidades, os presságios devoravam os sudários dos mortos e lançavam gritos agudos como os porcos quando comem*.

James Ensor(1860-1949), Máscaras enfrentando a Morte, 1888





















*Christian Friedrich Germann (1640-1708), De Miraculis Mortuorum, Leipzig, Kirchner, 1670.



  • Rirei para que se riam de mim


    «(...)Je pourrais m'écrier alors avec le Prophète : « Après avoir été exalté, j'ai été humilié et rempli de confusion (Psalm. LXXXVII, 16); » ou bien: « Je danserai afin de paraître plus vil encore (II Reg., VI, 22). » Oui, pour faire rire de moi, je me laisserai aller à une sorte d'extravagance, mais à de bonnes extravagances qui charment les regards de Dieu si elles blessent ceux de Michel; qui peuvent me rendre ridicule aux yeux des hommes, mais qui sont pour les anges le plus charmant spectacle. Oui, je le répète, ce sont d'excellentes folies que celles qui nous exposent à la risée des riches et au mépris des superbes; mais ce sont de véritables extravagances pour les gens du monde qui nous voient dédaigner ce qu'ils recherchent avec ardeur, et désirer au contraire de toutes nos forces ce qu'ils évitent avec le plus grand soin; nous leur faisons l'effet de ces baladins et de ces bateleurs qui attirent sur eut les regards de la foule quand on les voit, contre les lois de la nature humaine, se tenir debout et marcher la tète en' bas et les pieds en l'air; seulement nos extravagances à nous n'ont rien de puéril, rien qui rappelle ce qu'on voit sur le théâtre, où des gestes efféminés et corrompus réveillent les passions et représentent des choses honteuses; elles sont charmantes, honnêtes, graves, belles et capables de flatter les regards mêmes des esprits célestes qui les contemplent. C'étaient là les pures et saintes extravagances de celui qui disait: « Nous sommes en spectacle aux anges et aux hommes (I Cor., IV, 9).» Puissent-elles être les nôtres, afin que nous soyons exposés dans le monde à la risée, aux moqueries et aux humiliations de tous, jusqu'à ce que celui qui brise les grands et exalte les humbles vienne pour nous inonder de joie et de gloire et pour nous exalter à jamais.»


  • São Bernardo (LETTRE LXXXVII. AU CHANOINE RÉGULIER OGER)





Groslar, palácio do Kaiser, escultura da fachada, 1449






























Uma amiga minha- professora de Filosofia, contou-me que, no seguimento destas alterações governamentais, a escola já a obrigou a comprometer-se a passar 80% dos alunos. Chamam a isto- "metas a atingir" e, no final do ano, fazem parte da avaliação do professor.


O restante folclore pedagógico que ela também é obrigada a cumprir, vai ser avaliado por um colega de Geografia, porque de Filosofia não havia nenhum com tarimba disponível.


Acrescente-se que, entre as tarefas pedagógicas em curso, destinadas a alunos do 12º ano, constam colectas de rolhas de cortiça, tampinhas e cápsulas para reciclagem.


A equipa que dirige as actividades já ensinou os jovens a retirarem os pedaços remanescente do Nespresso com uma colherzinha de chá ou de café.


{Casos de vida de ateus militantes}

«Era um não querer ser o que era mas que tinha de o ser contra-vontade»

À falta das novelas da Câncio no DN- com aqueles testemunhos das católicas suas amigas que até podiam ser boas pessoas, caso não usassem óculos escuros quando ajudam as criadas a abortar, temos o CAA no Correio da Manhã.

Trata-se de mais um caso da longa série das memórias de juventude, próximo de outras intervenções desastradas em que acaba sempre por ser mal-agredecido.
Recordo-me daquele em que também benemeritamente contribuiu na vaquinha da interrupção da namorada do amigo, mas que acabou por dar em desmancho de casório, em vez do efeito medicinal pretendido.

Desta vez, O CAA aproveita o caso da morte do Haider, para se redimir publicamente, por outro pecado rocambolesco em que se viu envolvido.
Tal como a namorada católica do caso da vaquinha, este também se passou com um amigo de juventude que, por sinal, era igualmente católico e gay renitente sem querer.
Mas, como tudo o que tem de ser tem muita força, um dia não resistiu.

Deixando o público suspenso, à espera do detalhes mais escabrosos, garante-nos já, neste primeiro capítulo, que apesar do sofrimento interior que dele transbordava o ter impressionado, o atormentado amigo católico acabou por baixar e rezar.

{eposição da Janela Indiscreta, com acrescentos}



rainha HatsepsutRainhas, princesas, santas e pecadoras até uma papisa, barbadinhas mas muito meninas houve-as para todos os gostos... Uma das mais célebres foi rainha e falsa barbada. Chamava-se Hatsepsut, era bonita e carismática, viveu no Antigo Egipto, 15 séculos antes da nossa era. Sucedeu no trono como filha predilecta em detrimento de dois irmãos varões e um meio-irmão.


rainha HatsepsutNum clima conflituoso, para se impor perante os súbditos, decidiu vestir-se como um homem, acrescentando umas barbas postiças para tornar mais credível a postura a chefia de estado. E assim reinou, barbada e suserana por 20 anos, ao longo dos quais evitou revoltas por meio de inteligente propaganda, dirigiu uma expedição ao Ponto em busca de ouro, especiarias, marfim, caça a animais e árvores aromáticas.

Desconhece-se o motivo, mas o certo é que ficaram gravadas em hieróglifos relatos desta empresa, acompanhados de desenhos satíricos à rainha rival, apresentada como uma megera marreca e nariguda. Um perfeito KO de feminilidade em que as barbas saem inquestionavelmente em triunfo.

Considerava-se de origem divina, deixou um dos mais magníficos templos no Vale dos Reis e ainda aguentou em vida um feroz braço de ferro com a sua madrasta.
Diz-se que pior o pior inimigo de uma mulher é outra mulher e neste caso nem as barbas evitaram a inveja feminina. Parece que as intrigas da madrasta tiveram efeito no enteado que se preparava para reinar. Morreu envenenada pelo sucessor que tudo fez para apagar a sua memória: a sepultura foi profanada; a múmia da barbadinha egípcia desapareceu para sempre, mas a lenda ficou e nem a Bíblia a esqueceu.


Wilgeforte: Wilgeforte na cruz, Livro de Horas, c.1470, Utrech
Outra barbadinha por decisão própria. Neste caso as barbas cresceram-se por milagre. Wilgeforte, também conhecida por Santa Librada no país vizinho ou Liberata em França, numa das versões mais correntes da lenda, teria sido uma princesinha portuguesa, muito casta e de grande personalidade.

Contra os intentos do pai, que a queria ver casada com um príncipe pagão, a menina, que era uma devota cristã, rogou a Deus que lhe fizesse crescer umas grandes barbas em troca dos prazeres esponsais.


Hieronymus Bosch, tríptico da mártir crucificada, palácio ducal de Veneza, 1500-04Deus acudiu à casta prece e fez-lhe crescer tamanhas barbichas que demoveram todo e qualquer intuito por mais viril e pagão que fosse.
O pai, enraivecido com tamanha desobediência, manda crucificar a filha que assim se torna mais uma mártir lendária.

A lenda tem raízes noutros mitos andróginos um dos quais derivado de uma interpretação errónea do “Volto Santo” de Lucca. Nesse crucifixo que existia na basílica de Lucca, Cristo aparecia coroado na cruz e vestido com uma túnica, tornando-se uma imagem muito adorada pelos romeiros. Com o curso do tempo houve uma série de fusões lendárias, acabando por se transformar numa imagem de mulher mártir, padroeira dos peregrinos.

Em virtude do carácter de auto-privação dos prazeres, o mito da Wilgeforte é clinicamente associado à anorexia.
Imaginamos que tendo em conta a suspeita ira paterna, talvez não fosse de todo descabido se viesse a tornar-se um ícone semelhante a uma Laura Palmer barbada.
Urraca e Vuvu
De qualquer forma, João César Monteiro também a imortalizou no Vai e Vem - como mais uma das candidatas a mulher a dias de Vuvu - a apetitosa Urraca, de barbichas tamanhas que como ele dizia, talvez dessem para fazer uma trança...

“se a menina fosse sáfica fazia-se um trança bem enteiriçada, dava-se meia volta e juntava-se na passarinha...”


Papisa Joana
A lenda foi posta a correr no século XIII, mas a dita papisa teria ocupado usurpado o trono pontifício no século IX, sucedendo a Leão IV com o nome de João VIII. Segundo uma crónica dominicana, era uma jovem e bela rapariga, nascida em Mogúncia, na Alemanha, também esta de nariz muito empinado, que um belo dia decidiu disfarçar-se de homem para viver mais livremente com o seu amante.

Tomou o nome de João de Inglaterra (Johannes Anglius) e seguiu um autêntico percurso de intelectual libertária. Vai para Atenas onde desenvolve os estudos, segue depois para Roma onde leccionou o trivium numa escola frequentada por mestres de renome.
Papisa Joana, Bocaccio, Acerca de nobres senhores, Augsburg, 1479.
Adquiriu tal reputação intelectual que acabou por ser eleita como Papa, ocupando o mais alto cargo da Igreja durante dois anos. Se o dever pontifício foi bem cumprido, parece que enquanto mulher também não se esqueceu outras actividades mais profanas— ao fim de dois anos de coroa papal, deu à luz uma criança.

A partir daqui as lendas dividem-se. Segunda uns, morreu de parto quando ia a cavalo numa procissão em direcção à Basílica de S. Pedro de Latrão.
Noutras versões, o parto traiu-a e acabou amarrada à cauda de um cavalo e apedrejada publicamente até à morte. Nas imagens alusivas este triste final não é adoptado, preferindo mostrar-se um bizarro parto papal perante a Cúria Romana em peso.
Dizem as más-línguas que a Santa Sé é que pôs as barbas de molho e até se inventou uma bizarra cadeira com o acento furado— o estercorário— para, daí para a frente, se verificar o sexo do santo pontífice, não fosse o diabo, ou outra barbadinhas tecê-las.

Magdalena Ventura
Filhas do povo, personagens anónimas, alguma delas convertidas em monstros de feira, por muitas outras barbadas não reza a história. Uma há que foi imortalizada por dois famosos pintores.
José de Ribera,Magdalena Ventura com o marido e o filho,1631






A estranha napolitana Magdalena Ventura, casada e mãe de uma criança, apresentada como um caso milagroso de parada de horrores.

Em 1631 José de Ribera pintou-a em família, acentuando o carácter bizarro e triste e funesto destes personagens.






Goya,  Esta muger fue retratada en Napoles por José Ribera o el Españoleto, por los años de 164, Album E, p.22, c.1814-17.





Goya que conheceu o quadro e sempre tivera dom para mostrar que monstros são os outros, desenhou-a cândida e alegre com o filho ao colo, deliciado com a possibilidade de brincar com as barbinhas da mãe. Só faltava que esta entoasse a velha cantilena:

palminhas e mais palminhas,
que a mamã dará maminhas,
e o papá quando vier
dará sopinhas de mel.”




Para última, uma barbadinha progressista do início do século:
Madame Delait
Nascida em Thaon, era uma mulher moderna e emancipada que não hesitou em aderir ao clube das ciclistas da região- antecipando uma versão mais pilosa da cançoneta: eu cá para mim não há, ai não, maior prazer que o selim e a mulher...

Pode dizer-se que também nunca lhe faltou barba para o negócio, aumentando as vendas da cafetaria que possuía, à custa de postais ilustrados da sua própria deformidade. À custa dos excessos peludos ainda atingiu a fama internacional, ganhando mesmo o prémio da Francesinha Barbada, disputado no hipódromo de Vichy.
É claro que actualmente estas barbadinhas não precisam de ser mulheres nem terem barbas, e vice versa- eles também podem ser elas, barbas e sexo à parte.
É que essa é uma historieta doutrinária em que a pedagogia antecipa o aparecimento de qualquer pilosidade nos meninos e meninas. E nunca se lhe poderia chamar um fenómeno monstruoso ou marginal- afinal de contas até a agenda missionária europeia recomenda o treino nas escolas, em nome da Igualdade de Oportunidades para todos.

Mas ele lembrou-se de o repor- o texto mais divertido e que diz tudo acerca desta patuscada maluca do casório gay.
Aqui vai, é da autoria do Dragão.
Brincar às casinhas

Sobre este frenesim das bichonas, escuso de me repetir,no essencial. Basta repor o que já aqui declarei há uns anos, com duas pequenas actualizações (desde então, apenas as eleições e o tsunami mudaram de vítimas)...



A juntar às eleições nos Estados Unidos, ao Tsunami nas metafinanças e ao Holocausto da Segunda Guerra Mundial, outro dos grandes problemas nacionais, dos mais prementes e prioritários na agenda política, é a adopção de crianças por casais homossexuais. Começo por dizer que não entendo, não é compreensível sequer, que os homossexuais sendo tão avançados, tão liberabundos, afrontando tão visceralmente a sociedade num dos seus núcleos fulcrais (a própria família biológica –e que eu saiba, não há outra), se tenham depois contentado com aquela farsazinha burguesa do casal. O maridinho e a esposa, a esposa e o maridinho, quiçá por turnos, numa monogamia tão rançosa quanto a dos piores burgueses de Stendhal. Para cúmulo, como se essa paródia grotesca já não bastasse, agora reclamam o resto dos acessórios, a filharada em comitiva, de lacinho e chapéu, para irem todos -muito dignos e apessoados - à missa, ao domingo. Antes disso, e depois também, é mais que certo que tratarão de mover o céu e a terra de modo a obrigar os padres a casá-los, a baptizar-lhes os fedelhos adoptivos, a dar-lhes catequese, e a ouvi-los –a todos, aos cabrões dos putos e aos estafermos dos pais – em confissão semanal. Menos que isso, ó da guarda, que é discriminação. Uma miséria, enfim! Mandá-los a todos para o caralho seria redundante.
Mas, isto do "casal" intriga-me. De facto, porquê casal homossexual? Porque não trio, quarteto, quinteto, caterva, centúria ou, como até bem mais emblemático seria, comboio ou sanduiche? Porque carga de água se lembraram de arremedar a famelga tradicional, estúpida, obsoleta, e não o grupo de jazz, a tuna académica ou o expresso transcontinental? Porquê uma monogamia a todos os títulos gasta, nas vascas, e não uma poligamia, ou poliandria, ou policongresso itinerante? Como quereis que vos levem a sério, ó bichonas, com essas parelhazinhas de imitação, de pechisbeque, de pacotilha? Casal por casal, o juiz, que não é parvo nenhum, entrega o desgraçado do órfão aos burgueses tradicionais, caga-se nos peregrinos. E acho muito bem. Mal por mal, antes aquele que já se conhece e contra o qual já existe legislação. Agora imaginem: “Quarteto homossexual”, “comboio homossexual”...
É catita, não? O meirinho anunciava: “meritíssimo, está lá fora um “comboio homossexual” que pede para adoptar uma criança, de preferência menino!” Aqui, o juiz, no mínimo, impressionado pelo número, hesitava, suspendia na balança e era forçado a admitir que vinte, ou duzentos (fora os contactos, as liaisons), sempre pesam mais que dois. Mesmo um quarteto ou quinteto, um trio que fosse, já acrescentavam qualquer coisa. Já o levavam a pensar duas vezes. Já o punham a fazer contas de cabeça, a extrair raízes quadradas, co-senos e algoritmos.
Nestes nossos dias, a contabilidade é preciosa, vale muito, avassala as mentes. É preponderante. Agora assim, vão duas avantesmas amaneiradas, a cavalo num livro de cheques, de braço dado, e o que é que o meirinho murmura ao juiz? “meritíssimo, estão ali fora duas bichonas, armadas em barbies chocas, a pedirem criancinhas para irem brincar às casinhas!” Em resumo: um casal homossexual, gay, ou o que lhe queiram chamar, não é digno de adoptar crianças porque é uma anedota de mau gosto, uma bimbalhice abaixo de cão, mais digna até de dó e cuidado clínico que propriamente de apedrejamento ou invectiva. E se a inteligência e o conhecimento são limitados, a estupidez também deveria sê-lo.
Urgentemente. Até por uma questão de higiene e saneamento básico. Quando não, é a própria sanidade mental das sociedades que entra em colapso. Porque em degradação consumptiva anda ela há muito tempo.

PUBLICADA POR DRAGÃO EM 10/25/2008 08:56:00 PM




These are the seven signs the ending of this world. There shall be in all the earth famine and great pestilences and much distress: then shall all men be led captive among all nations and shall fall by the edge of the sword.

And on the fourth day at the first hour, the earth of the east shall speak, the abyss shall roar: then shall all the earth be moved by the strength of an earthquake. In that day shall all the idols of the heathen fall, and all the buildings of the earth. These are the signs of the fourth day.




And on the fifth day, at the sixth hour, there shall be great thunderings suddenly in the heaven, and the powers of light and the wheel of the sun shall be caught away, and there shall be great darkness over the world until evening, and the stars shall be turned away from their ministry. In that day all nations shall hate the world and despise the life of this world. These are the signs of the fifth day.





And on the sixth day there shall be signs in heaven. At the fourth hour the firmament of heaven shall be cloven from the east unto the west. And the angels of the heavens shall be looking forth upon the earth the opening of the heavens. And all men shall see above the earth the host of the angels looking forth out of heaven. Then shall all men flee.



Apocalipse do apóstolo Tomé
(fragmento apócrifo, séc. VIII)
No cadeiral do coro da catedral da terra do Bosch








  • O ilustre e eruditíssimo Paulo Cunha Porto é sempre tão amável que atribuiu um prémio Dardos ao Cocanha – cujos textos que lhe agradam até andarão mais nos arquivos, já que no presente isto está um tanto parado.

    Passando a correntes, começamos por lhe retribuir a escolha, agora na versão Duro das Lamentações, depois de ter sido Misantropo e Réprobo

    Seguem-se:

    Dragoscópio A iconoclastia imprescindível- eleito por unanimidade pelos meus amigos extra-blogosfera e não só…

    Grande Loja do Queijo Limiano o verdadeiro contra-poder ao establishment mediático, nos textos do José.

    O José, laureado com mais Dardos, pelas preciosidades de arquivo em vários “estamines”:

    Loja de Esquina

    Rapsódias do Mundo Moderno

    Da Loja

    Outro arquivo imprescindível, com simpáticas ofertas musicais para download- neste caso do Rato:
    Rato Records Blog

    No mesmo campo sonoro, juntamente com micro-crónicas, o do Pedro Lago- meu conselheiro musical:
    Il miglior fabro (em breve a sair do pousio)

    e
    • As cinéfilas Aranhas

    • O grande arquivo bibliográfico que já é um clássico da blogosfera:
    Almocreve das Petas

    Seguem-se outros mais teóricos e políticos

    O Pasquim da Reacção - excelentes escritos com triagem de acesso em que só o interesse supera o esforço daquele negro template.

    • A acutilância sempre elegante do Pedro Picoito, como marca do Cachimbo de Magritte.

    Portugal Contemporâneo- onde se lançam pertinentes temas a debate- sítio de encontro nas caixinhas de comentários

    O oposto de tudo isto, o local mais zen da blogosfera:

    Dias Felizes - com a Cristina “a ir a sábia”, à volta de detalhes cinéfilos; literários e pequenas sensações que só se aproximam do quotidiano pelas variações da natureza- quando chove ou mudam as estações.

    Last but not least:

    • O bloguinho do pisco-católico mais exótico e irónico que é possível encontrar- o Desfazedor de Rebanhos

Acrescento: os nossos agradecimentos ao Luís Bonifácio e João Amorim

A propósito de ligações e casórios homossexuais:

«(…)Para evitar mal-entendidos, começo pela distinção banal entre homossexualidade, uma inclinação acidental, e conduta homossexual, uma acção orientada pela finalidade de satisfazer a inclinação. Só a segunda é objecto de juízo moral. Ninguém é responsável pelo “dado” da inclinação. A conduta homossexual é imoral porque degrada dois bens fundamentais, dois elementos básicos para a realização das capacidades próprias da vida humana. (1) O primeiro bem é a unidade moral da pessoa, manifestada na unidade entre o corpo, a mente (ou intelecto) e as sensações. Estas três “partes” do humano não se confundem, mas só reflectem a pessoa integral quando, como insistiram os clássicos, se acham bem ordenadas num todo orgânico. A homossexualidade corresponde à utilização do corpo e da mente para satisfazer a sensação, ou as inclinações, quebrando a sub-ordenação do sensível ao corporal e intelectual. O ser-humano degrada-se a condição de escravo das inclinações. E exactamente pelas mesmas razões que condenamos a conduta de um “masoquista” que se auto-mutila ou causa dor a si próprio por prazer. O substrato ontológico dessa intuição moral e a estranheza profunda de um “ego” que se liberta do corpo para se escravizar as inclinações. Um ser-humano que se serve do corpo como um instrumento vive uma vida desumana.
(2)O segundo bem é a amizade. A amizade, um bem fundamental ou básico da vida humana, manifesta-se de forma especifica no casal, devido a presença do amor erótico. O amor erótico, no entanto, não pode apoderar-se do desiderato mais amplo presente na amizade conjugal: a plena comunhão de vida e, por essa razão, a ligação inseparável entre os cônjuges na totalidade das suas três “partes”. A conduta homossexual, no entanto, é incapaz de proporcionar essa plena comunhão de vida, porque implica a utilização do corpo do outro para a mera satisfação das inclinações que se apoderam do ego. O amor homossexual é impossível porque não pode deixar de ser mediado pela instrumentalização do outro, pela redução do outro a um objecto de prazer. Trata-se de uma forma particularmente nefasta de embrutecimento moral do ser-humano.


2) Repare que o meu argumento no ponto anterior não implica qualquer apelo a premissas teisticas. Trata-se apenas de uma formulação de um juízo pratico, ético. No plano da ordem moral – embora não no plano metafísico para o qual podemos sempre escalar – pode mesmo dizer-se que o argumento defendido no ponto anterior é independente da existência ou não de Deus e da verdade ou não da revelação e da tradição especificamente católicas. A teologia moral católica não depende da teologia dogmática (daí São Tomás ter escrito que “a lei natural e a participação da criatura racional na lei eternal”. Só carecemos do bom uso das faculdades racionais ou intelectivas do ser-humano). No entanto, a resposta a sua pergunta e evidente: a moral cristã não aceita a conduta homossexual como boa. Aceita, isso sim, o “dado” incontornável da inclinação homossexual. E mais: protesta pelo amor e compreensão para com aqueles que foram carregados com semelhante fardo. A acção governada por tal inclinação é um mal absoluto, como já expliquei.


3) Não. Há uma diferença importante entre reprimir a conduta homossexual, e.g. a sodomomia, com o aparato coercivo do Estado, e criar através de normas secundárias, normas atributivas de poderes jurídicos, uma projecção juridical da relação homossexual. Claramente o Estado não deve atribuir aos indivíduos as faculdades jurídicas para que estes se vinculem ao mal. Tal como não se devem permitir contratos de mutilação, não se devem permitir casamentos, ou uniões civis, entre homossexuais. Isto não significa, no entanto, que o Estado deva reprimir, através de normas primarias de conduta e de um esquema de sanções punitivas, a conduta homossexual. A intervenção do Estado na vida das pessoas deve observar um teste baseado em três critérios: (a) eficácia, (b) prudência, (c) subsidiariedade. Como não vivemos numa Gomorra em que a homossexualidade se tornou uma pratica dominante e ameaça destruir as virtudes básicas da moral sexual, acho que seria claramente um erro, um abuso de poder, o Estado reprimir a homossexualidade.


4) Não. No mínimo, o Estado não deve atribuir qualquer relevância jurídica, imediata (como no casamento ou união) ou reflexa (como no caso dos benefícios fiscais), a praticas que contribuem para a destruição do carácter e da integridade de vida do ser-humano. Se houver lugar a algum tipo de disciminação, ele será sempre negativa.


5) O conceito de “capacidade volitiva”, tal como outros conceitos centrais da filosofia politica e jurídica liberal, e incoerente. Trata-se de distinguir entre aqueles que são capazes de liberdade de escolha e os que não são. A importância da distinção é óbvia: ela permite manter o princípio liberal da neutralidade ou agnosticismo relativamente a condução da vida individual, ao mesmo tempo que exclui categorias de pessoas cujas escolhas julgamos inapropriadas ou erradas do domínio de aplicação do principio. A distinção, no entanto, colapsa perante a verificação de que para identificar uma categoria de pessoas ou actos como expressão de incapacidade volitiva, temos de fazer juízos morais substantivos sobre as escolhas, reais ou hipotéticas, atribuídas a essas pessoas ou implícitas em certos actos. Ou seja: não há forma de evitar um escrutínio da vida alheia baseado numa concepção do bem e do mal, da virtude e do vicio. Uma vez chegados a esta conclusão, é desmascarada a ideologia voluntarista que dividia falsamente o universo moral entre “livres” e “não-livres”, somos forcados a compreender que a realidade apresenta um continuum de situações polarizado pelos extremos do “mal absoluto” e da “bondade absoluta”. A nua e crua realidade não é a do mundo divido nos hemisférios dos “capazes de escolha” e os “incapazes de escolha”; a realidade e bem mais complexa e gradual. O regime de tratamento dos inúmeros casos que ligam os dois pólos do continuum mostra que a chamada intervenção “paternalista” na vida pessoal e frequente e com intensidades diferentes. Dai que para mim o caso da pessoa que se auto-mutila, ou da que escolhe cláusulas prejudiciais na formação de um contrato, não sejam casos difíceis, de ‘fronteira’ Eu não acredito na fronteira; trata-se de uma ilusão. São apenas casos que se situam no domínio normal entre os dois pólos. (Este tema mereceria um tratamento muito mais extenso; infelizmente não é nem a altura nem o lugar para isso)»


No Portugal Contemporâneo, pelo Modernista


cadeiral do coro da catedral de Hertogenbosch, Brabante-Holanda
brabon sylvius/Chevalier du Cygne/Lohengrin/duque de Brabante- cavaleiro do Graal-filho do Cisne Negro do Mar do Norte, no coro da catedral da terra do Bosch

Paulo Cunha Porto - o valente blogger que já experimentou a censura democratica por não ter querido ser um ninquinho menos monárquico às sextas-feiras - já tem casa nova.


Ei-lo no O Duro das Lamentações, em icongrafia BD, onde convive o Braudilard dos simulacros, com a coroa Real, a par da iconoclastia do capitão Haddock, com monstrinho das bolachas tomar o pulso ao mundo e um rodapé cheio de pequenos crimes entre amigos, por uma causa perigosa.


Well, this theory, that I have, that is to say, which is mine,... is mine



Os bons bloggers são como as marcas registadas, não prolificam a retalho.
Algo me diz que o caríssimo Paulo Cunha Porto está de regresso a casa .
Aqui fica uma musiquinha para animar a mudança.

{jogos híbridos da finança}

Quem disse isto:

Ninguém certamente confunde a plutocracia com o grande comércio ou com a grande indústria. A concentração que os fez surgir é determinada ou por condições económicas gerais ou por condições específicas da produção. É útil economicamente, pode ser impecável nas suas relações com o trabalho e com o público e em certo casos não está na sua mão ser ou não ser. Também ninguém confundirá a plutocracia com a finança. Enquanto houver moeda e crédito e propriedade privada e capitais mobiliários e a produção gerida por uns e abastecida de capitais por outros tem de haver finança. E esta, é útil, por ser igualmente impecável. Mesmo quando especula, dentro de certos limites, a finança tem utilidade social. Pode até o financeiro, como outros administradores de grandes riquezas, não ser rico; mas exactamente porque manuseia matéria de verificação delicada — dinheiro, títulos, crédito — pode ter intervenções inconvenientes na vida económica e arrastar consigo muitos valores que se lhe confiam ou o seguem nas suas operações.


Quando joga, deixa de interessar à economia; nós podemos dizer que está fora da sua função.
O plutocrata não é, pois, nem o grande industrial nem o financeiro; é uma espécie híbrida, intermediária entre a economia e a finança; é a «flor do mal» do pior capitalismo. Na produção não lhe interessa a produção mas a operação financeira a que pode dar lugar; na finança não lhe interessa a regular administração dos seus capitais, mas a sua multiplicação por jogos ousados contra os interesses alheios. O seu campo de acção está fora da produção organizada de qualquer riqueza e fora do giro normal dos capitais em moeda; não conhece os direitos do trabalho, as exigências da moral, as leis da humanidade. Se funda sociedades é para lucrar apports e passá-las a outros; se obtém uma concessão gratuita é para a transferir como um valor; se se apodera de uma empresa é para que esta lhe tome os prejuízos que sofreu noutras. Para tanto, o plutocrata age no meio económico e no político sempre pelo mesmo processo — corrompendo. Porque estes indivíduos, a quem alguns chamam grandes homens de negócios, vivem precisamente de três condições dos nossos dias: a instabilidade das condições económicas; a falta de organização da economia nacional; a corrupção política — Quem tenha os olhos abertos para o que se passou aqui e para o que se passa lá fora não pode duvidar do que afirmei

  • 25/10- Solução:
    Como era de se esperar, ninguém acertou.
    Aqui fica o autor do texto: António de Oliveira Salazar, Discursos, 1934.

{Há cerca de 4.500 anos}




Depois de os deuses terem sido criados e descido do Céu sobre a Terra, passaram então à criação do ser humano, moldando-o com argila.
Felizes pela tarefa, os deuses decidem festejar o feito com um banquete. Enki, o deus da Água e Ninmah- a deusa Terra exageram na pinga e têm a triste ideia de pegar de novo na argila para modelar mais humanos.
Foi desse feito que nasceram seis tipos de homens anormais. Entre eles incluíam-se as mulheres imperfeitas por serem estéreis e os homens insexuados.

Ninmah concebeu uma mulher que não podia dar nascimento.
Enki, vendo a mulher que não podia dar nascimento, decretou-lhe o destino, destinou-a a fixar-se na «casa da mulher»
Ninmah concebeu um ser que não tinha órgão masculino, que não tinha órgão feminino.
Enki, vendo que aquele que não tinha órgão masculino, que não tinha órgão feminino, decretou como seu destino permanecer junto do rei.

No início havia o caos- o mar primordial das suas trevas profundas emergiu a montanha cósmica- O Céu e a Terra que estavam unidos - Eram deuses de forma humana: o céu- o deus An; unido à Terra- a deusa Ki. Dessa união nasceu o deus do Ar- Enlil que os separou.
An leva o Céu; Enlil leva a mãe- Terra. Desta união incestuosa nasceu o universo organizado.

Suméria, Gilgamesh, Enkidu e os Infernos, 2500 a.C



Cosmas Indicopleustes "as aguas por cima e por baixo do firmamento", Topografia Cristã, 550 d.C.










Samuel Noah Kramer, A história começa na Suméria, Mem Martins, Publicações Europa-América, 1997


Num assomo de genica, o Valupi larga os drunfos situacionistas para dar uma valente coça no ateísmo militante da blogosfera

«(...)Não compete à Igreja tomar conta da saúde pública. Esse é o papel dos Estados, os quais são seculares - portanto, onde há separação de poderes entre o Estado e a Igreja. Se o Estado decidir, por exemplo, legalizar o aborto, a Igreja não tem forma de o impedir e terá de viver com essa lei. Assim, qualquer doença deve, em primeiro lugar e como direito dos cidadãos, ser alvo dos cuidados do Estado e seus instrumentos. Se, para além destes, ainda contarmos com o apoio da Igreja, óptimo. Mas lembra-te que tu não pagas impostos para que a Igreja tenha esse papel; é da sua iniciativa e a suas expensas.

-A Igreja é tão radical na defesa da vida que chega ao ponto de comprar guerras que parecem escandalosas aos que não são crentes, como a questão do aborto e dos contraceptivos - onde se inclui o nosso tópico do preservativo. Assim, tudo o que a Igreja faz tende a ser em nome da sua coerência face a esse propósito fundamental de proteger a vida.

- Na específica questão do combate à SIDA, como noutras áreas da assistência social, a Igreja é quem conhece melhor o terreno, pois mais de 25% dos cuidados mundiais prestados a doentes com SIDA estão a cargo de instituições católicas. Para além desta relação directa com a epidemia, a Igreja leva a cabo inúmeros programas de desenvolvimento e assistência de urgência aos mais necessitados, levando alimento, remédios, educação e informação. Tudo isto é combater a SIDA, salvando vidas e sendo infinitamente mais eficaz do que qualquer campanha imbecil que ninguém leva a sério, nem leva a que se mudem os comportamentos.

- O teu problema é até cruel na sua ironia. Tu achas que se a Igreja aprovasse as relações sexuais fora do matrimónio, e fora do amor (só porque existe desejo sexual, não importando que se reduza o outro ao seu corpo), ela estaria a combater a SIDA desde que recomendasse o uso do preservativo. Mas o mais certo seria que, assim, a Igreja estivesse a validar o problema que está na origem da SIDA: a promiscuidade.
Então, finalmente, os crentes poderiam dizer que a Igreja estava do lado daqueles que usam a sua sexualidade de forma egoísta e irresponsável, bastando apenas que se colocasse o preservativo para estar tudo bem perante Deus. Isto, como espero que reconheças com rapidez, não só transformaria a Igreja numa organização contraditória e inútil, como levaria ao aumento das relações sexuais de risco.

- Não se conhecem casos de indivíduos católicos que tenham invocado a doutrina para não usarem preservativo em relações sexuais de risco. O que se conhece é uma percentagem elevadíssima de indivíduos sem qualquer vínculo religioso, e cheios de informação sobre a doença, que se recusam a usar preservativo, ou que aceitam não o usar nos momentos da oportunidade. É isto que importa pensar.»

A ler na íntegra









skate shoes

Irma Bruggeman






















Há que tirar partido dos nossos ruralismos:








Vilar de Perdizes tem grande potencial para acolher congressos mundiais de economistas.

"the virus plagues empty whole continents. At the same time new species arise with the same rapidity since the temporal limits on growth have been removed... The biologic bank is open. It's now time to spend freely, to mortgage ourselves beyond our means".

Burroughs, The Electronic Revolution

Damien Hirst,The Physical Impossibility of Death in the Mind of Someone Living

(...)Naquele Império, a Arte da Cartografia atingiu uma tal Perfeição que o Mapa duma só Província ocupava toda uma Cidade, e o Mapa do Império, toda uma Província. Com o tempo, esses Mapas Desmedidos não satisfizeram e os Colégios de Cartógrafos levantaram um Mapa do Império que tinha o Tamanho do Império e coincidia ponto por ponto com ele. Menos Apegadas ao Estudo da Cartografia, as Gerações Seguintes entenderam que esse extenso Mapa era Inútil e não sem Impiedade o entregaram às Inclemências do Sol e dos Invernos. Nos Desertos do Oeste subsistem despedaçadas Ruínas do Mapa, habitadas por Animais e por Mendigos. Em todo País não resta outra relíquia das Disciplinas Geográficas.

(Suárez Miranda: Viagens de Varões Prudentes, livro quarto, cap. XIV, 1658.)- Jorge Luis Borges História Universal da Infâmia.




  • Subliminar (a ERC e os telefonemas do PM ao director do Público);
  • Paulo P (Paulo Pedroso e as ameaças a bloggers)

E, mais uma vez, os parabéns ao António Balbino Caldeira



Fellini, La nave va




"O simulacro nunca é o que oculta a verdade - é a verdade que oculta que não existe. O simulacro é verdadeiro".
Eclesiastes

{reposição}


Todo um programa que deu frutos (e muitos primos)

«Havia os Canteiros, as Choças, as Barracas, as Vendas e a Alta-Venda(...). Os Chefes da Choça eram Mestres da Barraca, o desta Mestre da Venda.
(...)

Na Carbonária encontravam-se Primos de todas as classes sociais: médicos, engenheiros, advogados, professores de todos os ramos de ensino, estudantes, oficiais superiores do Exército e da Armada, sargentos, alguns administradores do concelho, funcionários públicos de todas as categorias e de todos os ministérios, proprietários, lavradores, comerciantes, lojistas, empregados no comércio, actores, operários, cocheiros, condutores e guarda-freios dos eléctricos, empregados dos caminhos de ferro, alguns agentes e guardas da polícia, etc. Havia de tudo na Carbonária».
António Ventura,A Carbonária em Portugal, Biblioteca Museu República e Resistência, 1999.







Como reza a lei, na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
Em matéria de ideologias, então, há hábitos que não se alteram.

Quem havia de dizer que num blogue tão herético e liberal, até pode ocorrer um grande apagão na janelinha de comentários, com pertinentes críticas ao desgoverno cá da terrinha, quando as pinoquices trocam corajosos confrontos com ERCs e preferem dar lustro a gurus e impor respeitinho ao ministro?



Jorge Nesbitt, "Untitled", 2008. Oil and graphite on book page, 14,7 x 23,5 cm.

Pão, paz, terra, divórcio e bacalhau!




«(...)Na verdade, quando o programa terminou fiquei com a impressão de que aquilo que eles gostariam não era tanto que o regime ainda em vigor se mantivesse – era que voltasse a vigorar o que impedia as pessoas de se divorciarem, anterior ao 25 de Abril de 1974…»

CM, 2.X.2008


Viva o MFA!


Agora que a coisa rebenta pela finança, no coração da riqueza e se espalha como virose ao que o imita, desata tudo a descobrir um mundo-às-avessas, como se ele fosse uma novidade.

A banca deixou de servir de intermediário entre poupanças e economia? Vive-se do ar? É o fim de paradigma da boa da Civilização Ocidental?

Mas não tem sido em nome da boa "civilização" que o mundo se tem aplicado a espatifar o que vem de matriz, inventando-se, com prazer e dedicação, todo o tipo de armas que o possam destruir em minutos, destinando ao terráqueo do futuro engenharias contra-natura de terceiros sexos, clonagens transgénicas ou colónias de criancinhas educadadas por gadgets?

Pois se basta viver de palavras e enterrar a História, já que o exemplo do passado é que estorva, não admira que uma crise de papel deixe os maiores “teóricos do progresso” feitos baratas tontas.

Não há-de ser moléstia nova; apenas um encontrão de percurso.

Guy Dabord,La Société du spectacle (1973)

O famoso antrax, que nós por cá até tratamos por tu, como o carbúnculo alentejano e os brasileiros na variante da peste manqueira, também tem propiciado alguns mistérios.

Começou por ser alarme de mais uma arma da Jihada, enviada em cartas aos senadores democráticos americanos, até que um cientóino acaba por se suicidar, depois de experiências com o dito, a fim de inventar vacina- dizia-se- com mega programa de financiamento do Pentágono.

A arma química, que havia sido detectada por outro idêntico, com currículo ligado à Defesa e à manipulação das viroses deixa de o ser, pois este acaba agora por dar o dito por não dito , após a incriminação do colega maluquinho que quinou.
O maluquinho cientóino suicidou-se por loucura natural, digamos assim, tal como o antrax mata, como a natureza o permite.

No entanto, parece que as controvérsias ainda não acabaram e outros cientistas questionam se a manipulação dos aditivos de sílica nos esporos existiu, ou se poderia ter sido feita apenas por uma pessoa, sem um programa do estado já organizado.

«The truth will come out when all the data are revealed," Jahrling says. But there is no indication from the FBI that more data are forthcoming anytime soon. Until they are provided, there will continue to be suspicions and speculations about the silicon in the spores.»