Só um cheirinho

«A verdade, oiçam todos, é que o mercado detesta humanísticos! Isso mesmo: nem pode vê-los à frente. Uma fobia daquelas! Ao contrário, estima muito as desumanísticas, que tudo lubrificam, amarinham, penetram e conquistam. Desumanísticas é que é! Desumanísticas é que salvam, aplacam a ira dos mercados e preenchem na íntegra o almejado passaporte para a fortuna e o dolce fare tuti. Sem desumanísticas, nada feito. Debalde trepareis - de balde e alguidar para as vossas lágrimas. Improficuamente vos agachareis, na preparação académica e uber-batráquia do salto. Vale menos que carta de electricista, brevet de bate-chapas ou portefólio de canalizador. Não direi sequer que vale zero, porque sereis recompensados abaixo disso. E nem o reconforto mínimo de gorjeta auferireis, abaixo de empregados de mesa ou táxistas que gemereis!...»


A ler, na íntegra, Trote no trottoir




heroico e fatal



Lucas Cranach, Melancolia (detalhe ), 1532


nas asas do desejo

Look - night is opening her arms of sky to you
Cuddle up to her like a young man in love,
then shut your eyes at the slightest breeze
and you will feel her face on her face

Rainer Maria Rilke, Inner Sky




no descuido das crianças

When the child was a child
It walked with its arms swinging,
wanted the brook to be a river,
the river to be a torrent,
and this puddle to be the sea.

When the child was a child,
it didn’t know that it was a child,
everything was soulful,
and all souls were one.....

Peter Handke, Song of Childhood




Virgílio Ferreira (baloiço do alto de Berlim)- work-in-progress

O Geo-Carnaval

(...)Passados mais de quatro anos, eis que irrompe novo géiser bizarro. Só que agora o assunto em causa não é a tortura, mas o bombardeamento. O bombardeamento aéreo de civis, mais propriamente. Toda a americanidade roncante que infesta o planeta, do presidente Obama aos liberdadeiros blogosféricos, passando pelos pseudo-governos europeus, está escandalizada, chocada e indignada com os bombardeamentos que Kadaphi tem ordenado contra os rebeldes líbios. Isto é, os muçulmanos estão a bombardear-se uns aos outros e isso parece que não é admissível. Que horror!, matar civis à bomba!... Crime de lesa-humanidade? Não, muito pior: crime de lesa privilégio: todos sabemos que matar civis muçulmanos à bomba é uma prerrogativa exclusiva dos norte-americanos e do seu mini-me, vulgo estado de Israel. Quem julga o Kadaphi que é? Caso para dizer: Mais ciumentos e zelosos que os deuses, só mesmo os semi-deuses.
Há nisto qualquer coisa de verdadeiramente anedótico. O nível de desossificação moral de toda estas coisas vagamente semelhantes a pessoas atinge já as raias do inverosímil.

Reparem que são os mesmos que, salvo raríssimas excepções, nos têm vindo a endoutrinar, obsessivamente, de que o "único muçulmano bom é o muçulmanos morto", de preferência à bomba, granada ou míssil intelectual, que agora, subitamente, num flique-flaque vertiginoso, descobrem que há muçulmanos bons, jovens, e ardentemente sequiosos de democracia. Aos molhos! Muçulmanos benignos e amigos do ambiente - mais: muçulmanos instruídos e informatizados, que twitam e faceboquejam! - que urge preservar das bombas dos muçulmanos pérfidos, retrógrados e anti-democráticos. De que modo? Bombardeando imediatamente os maus. Tão simples como isto(...)

A ler, na íntegra, no Dragoscópio

Poliziano; Pullcinela e um Luigi Serafini antes da Quaresma










































Esta menina nasceu com ele em grandes doses.

Rita Braga, ao vivo, ontem em Bilbao, amanhã e sábado em Bordeaux.

Reposição, só para chatear e com comentários que explicam como os tolinhos são tão fáceis de enganar. Basta pegar-lhes nos preconceitos e vendê-los como se fossem sagrados.
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Tod Browning revisitado (29/04/2006)


O nosso gay de estimação





























no freak show Outonal

Só para dizer que o Cocanha está com o genial John Galliano- O nosso estilista gay de estimação, cinéfilo e politicamente incorrecto, que anda há anos a subverter dogmas, vendendo-os bem embrulhados como nobres causas de igualdade.



Desta vez tocou naqueles cujo nome não se pode pronunciar e tramou-se.
Podia ter continuado o gozo com os anõezinhos de mãos dadas com gigantonas monstruosas, a par velhos gaiteiros em cuecas- em remakes- à Tod Browning- que não havia problema, sempre passou por militância de nobre causa anti-tabu.