Com arte e engano vive metade do ano,
e com engano e arte a outra metade


foto-Pentti Sammallahti




muita extravaganza é que é preciso

Maman (1999)

"My mother was deliberate, clever, patient, soothing, reasonable, dainty, subtle, indispensable, neat and useful as a spider", Louise Bourgeois

[foto: 'a entrada da Tate Modern]

Finalmente demos com o carneiro vegetal da tart'aria, em versao moderna- mais feto e menos carneiro-, mas nao menos estramb'olico, no ninho que lhe foi prontificado em recinto museol'ogico.
Encontra-se numa velha igreja medieval, actualmente transformada em museu londrino de jardinagem, agregada 'as velhas propriedades de Lambeth, antigos sub'urbios nas margens do Tamisa, de hist'oria ainda mais atribulada que a do bom do nosso carneiro da C'itia.

Da primitiva igreja medieval, dedicada 'a Virgem Maria, inscrita na propriedade de Goda, irma de Carlos o Confessor, pouco mais resta que a cripta e as lendas que este esp'ecime tamb'em evoca.
Foi aqui que Erasmo se deslocou para apresentar a traducao de Euripedes e at'e Thomas More era vizita habitual destas paragens, antes de cair em desgraca.
No entanto, o pendor laico levou a melhor, transformando o local em palco das mais feroses perseguicoes aos cat'olicos. Tomada pelas forcas do Parlamento, a velha igreja foi usada como fat'idico pres'idio, acabando por ser ocupada pelo ex'ercito, durante a Guerra Civil.





Mais tarde, o velho pal'acio de Lambeth e sua velha igreja medieva acabam por se libertar destas sinistras mem'orias, dando origem a um notavel gabinete de curiosidades - o Tradescants Ark- onde se deslocava a elite londrina e viajantes, vindos de toda a parte, para observarem as mais ex'oticas preciosidades. Na famosa coleccao chegaram a juntar-se as luvas de Henqique VII, ao lado dos estribos do cavalo de Henrique VIII; um casaco de chefe 'indio da Virg'inia; diversos instrumentos e batuques africanos, a par de ovos gigantes; conchas nunca vistas; ossos e restos de animais fabulosos, bem como esp'ecies botanicas vindas das mais remotas paragens, entre as quais havia lugar para o nosso carneirinho de casta carne.



Tendo por fundo o velho ambao medieval, de madeira esculpida e pintada, o famoso barometz vive agora numa nave da igreja, dentro de redoma de vidro, na companhia de alguns m'iticos gnomos circundantes.
Por razoes que nos ultrapassam, os botanicos e guias do Chelsea Physic Garden , onde ainda se encontram canteiros da autoria do grande John Parkinson, a quem se deve a cient'ifica catalogacao do esp'ecime entre uma variante de fetos, ignoram ol'impicamente este "arranjo" pouco ortodoxo de Lambeth.



Alheias a estas dicotomias entre ciencias e f'abula, 'e com vis'ivel orgulho que as benem'eritas good old ladies que a'i trabalham (variante de velhinhas, mais proxima das beguinas, que das outras t'ipicas drunked old ladies da velha Albion) o indicam aos visitantes, enquanto vao embrulhando os "souvenirs".
Estas maravilhas de viagens, agora arrumadas em museu, fecham tamb'em o ciclo do tempo em que os ocidentais ainda se deslocavam a estranhas paragens de leste ou de Oriente, 'a procura de mundos fabulosos.

Podemos sorrir pela ingenuidade com que se deixaram iludir por estas fantasias, durante tantos s'eculos, mas, o certo 'e que a pr'opria a fantasia era entendida como uma realiade mais forte - a do espaco maravilhoso.




Est'avamos precisamente a jantar uns saborosos petiscos, acompanhados de molho t'artaro, quando um dos presentes recordou relatos recentes de jovens mocinhas vindas de leste, ao engano de outras f'abulas que a libra tambem promete. Muitas chegam a trabalhar sete dias na semana, em limpezas citadinas mas, ao fim do dia,'e apenas a rua que as acolhe, j'a que o sal'ario nao chega para pagar o aluguer de um quarto.
Sem que se estranhe a sua presenca, confudem-se com outros sem-abrigo, nao fora o facto de logo bem cedo, pela manha, enrolarem o saco-cama para irem para o emprego.
Estas sao as modernas patranhas que provocam deslocacoes em sentido inverso, vendidas pelos novos negreiros e silenciosamente acatadas por todos, como consequencia natural do progresso.


.............
[pedimos desculpa pela falta de acentos, mas o teclado nao da para mais]















.................
estuques manuelinos, Charola Convento Cristo Tomar

Há quatro anos que o Dragoscópio nos vem a brindar com a inteligência iconoclasta, numa escrita que nos devolve a riqueza da língua portuguesa, em genialidade humorística, como não se encontra em mais nenhum lado.







Longa vida ao Dragão e Engenheiro Ildefonso Caguinhas.





Luigi Serafini

wedding pills with a glass of Bombay Sapphire







Ted Noten - pills
material: ouro. Via
chi ha paura ...?



O que a vontade quiser
quanto o corpo desejar
tudo se faça

zombai de quem vos quiser
repreender
querendo-vos marteirar
tam de graça

Gil Vicente, Auto da Alma (conselho do Diabo à Alma)





Abusos de caridade no dia de Santo Estêvão-


homem a levar a mulher bêbeda de carrinho para casa
(misericórdia cadeiral de Ripon)

homem a transportar porca gaiteira (Très Riches Heures du Duc de Berry, 1412-11416Lindbourg)

Pessoal que me ouvis,
bem sabeis o que isto é;
tenho um caso p’ra contar
que diz respeito ao Manuel Zé.
Que diz respeito ao Manuel Zé,
rapaz de muita alegria;
o que havia de fazer
à sua irmã Maria.
À sua irmã Maria,
isto ninguém o adivinha;
ele já andava maluco
com ela e com a sobrinha.
Ele ia para as hortas
fartinho de trabalhar;
elas iam para a taberna
só para se emborrachar

...............
festas transmontanas ; festa dos rapazes (Ousilhão) ; ver ; festas transmontanas ; festa do rapazes (Ouzilhão)



Forbidden
You don't have permission to access / on this server.
________________________________________
Apache/2.0.59 (Unix) Server at ruadajudiaria.com Port 80


Pois é, só agora é que se reparou. Aqui o estamine também foi bloqueado pelas forças da resistência judaico-leninista da blogosfera.
A Rua da Judiaria contratou um porteiro apache, para barrar a entrada a uns tantos perigosos anti-semitas da blogosfera.

Tudo porque lá hão-de ter caído mal no goto, algum dos gansos kosher, ou das sátiras ao estilo vicentino, supõe-se. Agradecemos uma iniciativa tão patusca e prometemos não contar nada a Israel.
É que, podia dar-se o caso de ainda haver reprimenda ao nosso marranito, por perder tempo com paranóias caseiras tão badalhocas, em vez de aproveitar o Hanuká para alimentar a listinha dos seus self-hating jews.

Seja como for, vamos pedir ao Pai Natal uma prendinha bem kosher e saborosamente ázima, para retribuir a rabinice ao bacano do Nuno Guerreiro Josué
................
misericórdia de cadeiral da catedral de Plasencia, séc. XV- judeu a abraçar um pato anafado.
................
Nota: Confirma-se o detalhe técnico mais taralhoco. Também basta abrirmos o browser a partir de algum
aliado sionista, como de um dazibao católico-etilizado, que não há apache para ninguém. Entramos no guetho nas calmas.
.................
Acrescento 13/12:
Israel é grande, fomos libertados! já não há bloqueio para o Cocanha. No entanto, o Dragoscopio e o Portugal Contemporâneo continuam sob bloqueio das forças marranitas.

heresias e ratos

Em 1584, O moleiro Menocchio, sujeito a processo da Inquisição,também afirmou que o mundo não foi criado por Deus, explicando-o como uma bola de queijo fermentado.
misericórdia do cadeiral da igreja de Gassicourt, Mantes-la-Jolie, séc. XVI – "os ratos da heresia roendo o mundo cristão

«Eu disse que segundo meu pensamento e crença tudo era um caos, isto é, terra, ar, água e o fogo foram misturados, e de todo aquele volume em movimento formou-se uma massa, do mesmo modo como o queijo é feito do leite, e do qual surgem os vermes, e esses formam os anjos. A santíssima majestade decretou que aquilo fosse Deus e os outros, anjos, e entre todos aqueles anjos também havia Deus, ele próprio também criado daquela massa, naquele mesmo momento»

as sortes estão lançadas.............................o louco tem as melhores cartas


e caga no mundo .... virado às avessas


Peter Brueghel o Velho , Provérbios, 1559.








....................................
Consultar: Carlo Ginzburg, o queijo e os vermes, Companhia das Letras, 1987.

...........
Acrescento: Consultar este post do Paulo Cunha Porto.

Na Historia de gentibus septentrionalibus, publicada em 1555, Olaus Magnus (1490 - 1557) conta que no Pólo Norte caíam flocos de neve com mais de 21 formas diferentes, a partir dos quais os esquimós faziam ornamentos muito bonitos




Na Carta Marítima podem observar-se estas preciosas decorações a choverem da do céu, em formato de nuvem tchi , que também fica sempre bem nos enlaçes da árvore de Natal.



Mijar contra a lua

Cadeiral de Champeaux, igreja de Saint- Martin, "petite pluie abat grand vent", séc. XVI

Para Maeterlink era um émulo de Till Eulenspiegel que, ao ver uma grande cesta de farinha branca, tomou-a pela lua. Na dicção flamenga arcaica: Hy pist op de maene (mija na lua)








Brueghel, provérbios,(1559) "mijar contra a lua"







.............................................................
Consultar; Louis Maeterlinck,
Le genre satirique,fantastique et licencieux dans la sculpture flamande et wallonne, 1910





So beer ain't good enough for you, huh?



Morning, gentlemen. Nice day for a murder



Can't you get those Lazy Legs off that couch, baby?




Why don't you quit cryin' and get me some bourbon?






Tu es dégueulasse











For all of them that take the sword shall perish by the sword





I wouldn't give you the skin off a grap




Mother of God, is it the end of Rico?



I don't know nothin'. I don't see nothin'. I don't hear nothin'. When I do I don't tell the cops. Understand?






What kind of a dame would marry a hood?

- All kinds









Recebida do Timshel
Em poucas palavras, porque o que mais há é cinema no Cocanha.


Top 5 filmes (escolha do momento)

— Fugiu um condenado à morte - Bresson

— A desaparecida - John Ford

— Aurora - Murnau

— Sommarlek - Bergman

— E la nave va - Fellini

Passo a Frioleiras
Antónimo
Antonius
Mário
Eurico de Barros
Elypse
Valupi
Terspsichore

...................................
Parece que são mais os que chateio que os filmes... ":O?

Ménage à trois em Ciudad Rodrigo

crocodilo e duas tartaruguitas



















exemplo A:

«Agora, acho descabido e ridículo indignar-se sobre o "saneamento" do PA dos Blasfémias. Os restantes blasfemos até dizem que nem sequer o convidaram a sair, e acredito, porque me parece o mais plausível. Muitos estavam incomodados com as linhas de argumentação que ele desenvolveu no blogue, isso acredito, e acredito que isso até o PA compreendeu. E saiu por isso. Mas é francamente ridículo aplicar a quaisquer arrufos em blogues colectivos termos como "censura" ou "saneamento". Ignora completamente a natureza dum blogue colectivo. Um blogue colectivo não é uma sociedade que tem de garantir a liberdadede expressão de todos os cidadãos, nem sequer um partido político, nem sequer uma associação de criadores de coelho. É um projecto dum conjunto de pessoas que temporáriamente decidiram partilhar um espaço em que escrevem. E que têm o direito de limitar ou não, de entender ou desentender-se
como querem sobre o que deve ou não ser publicado nele.»



8 meses depois:

Exemplo B:

«Há uma coisa - entre outras - que os que expulsaram o Tiago Mendes como traidor, não compreendem. O grande apreço que nestes dias lhe é mostrado por muitos, inclusive militantes da esquerda, não confirma a traição, nem é tentativa de aliciá-lo para as suas hostes. Vem simplesmente do gosto que dá ver uma pessoa livre.»



Joana Joananinha Naninha nana nanão maminha
Mimi amorzinho minha gagalinha meu Peru
Faz ó-ó gordinha
Cenoura minha coisinha
Coraçãozinho lindo
Minha pequerrucha
Cabrinha querida
Meu pecadilho
Ratinha
Cucu
Já dorme.


Blaise Cendrars, Poesia em viagem
Susana Mendes Silva, ...!?(#2 de 30), 2003 Desenho, tinta de micro-pigmentos sobre papel esquisso, 45x57 cm












Vai por aí uma grande confusão taxionómica. Parece que a famosa direita ornitorrinca atlântica entrou em crise de identidade e já não sabe a que liberalismo de marsapo se há-de agarrar.


















Combates pré-diluvianos em S. Gregório de Valladolid





















Variações da tragicomédia de Klee em S. Gregório de Valladolid


Billi, Scotti, Fanfulla, Reder, Valentini, Merli, Rizzo, Pistoni, Furia, Sbarra, Carini, Terzo, Vinelli, Fumagalli,Zerbinati, 14 Colombaioni, I Martana, Maggio, Janigro, Maunsell, Peverello, Sorrentino, Valdemaro, Bevilacqua, troupe Maya Morin, Lina Alberti, Alvaro Vitali, Gasparino; Alex, Bario, Père Loriot, Ludo, Charlie Rivel, Nino, Pierre Etaix, Victor Fratellini, Annie Fratellini, Baptiste Rémy, Tristani Rémy, Pipo, Rhum, Buglioni.








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«O que pensar disto? Será que a religião à portuguesa tem de ser a religião da Titi do Raposão, que Eça descreve em A Relíquia?»

Pergunta Desidério, preocupadíssimo com a falta de cientismo de religião lusitana.
A seguir, lamenta-se daqueles ataques positivistas dos colegas que querem apalpar e cheirar o divino, numa quixotesca busca da Verdade, quando ele, como explicou nos comentários, é mais é chouriço e vinho.

«E assim a alternativa é um ateísmo ignaro ou a crendice da Titi do Raposão, que vê a religião apenas como uma espécie de masturbação espiritual, em que cada qual fala da fenomenologia da sua crendice, como se fosse a coisa mais interessante do universo».

Por fim, acaba com uma declaração esperançosa, mas um pouco lenta, acreditando que lá virá o dia em que, de mãos dadas e sem temerem as correntes de ar, vão todos livrar-se destas crenças, em prol das aberturas de espírito.

«Estar disposto a abandonar as nossas crenças mais queridas é a condição de possibilidade da genuína procura da verdade».

Esperemos que não mumifique sentado. Até lá, enquanto a Verdade não aparece, há sempre uma Titi disposta a arrebitar relíquias, que nem o Raposão a desdenharia.
.......................
[imagem adaptada
daqui]










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There's a cabin in the southland
Where I long to go,
Little cabin in the cotton,
Where the cotton grows.

There's a cabin in the cotton,
Far away but not forgotten,
And in every recollection,
That's where my affection strays.

I got a feeling so sentimental
And I see a smile so gentle,
When I think of old Virginnie
And my pickaninny days.

clicar




via

para a Frioleiras
























menina com banho de ouro,(cerâmica), 2007
Kim Simmonson, Finlândia

Recebida na caixa de comentários, aqui fica o link para a petição que também apoiamos.


PETIÇÃO EM PROL DAS CRIANÇAS VÍTIMAS DE CRIMES SEXUAIS

Para estabelecimento de medidas sociais, administrativas, legais e judiciais, que realizem o dever de protecção do Estado em relação às crianças confiadas à guarda de instituições, assim como as que assegurem o respeito pelas necessidades especiais da criança vítima de crimes sexuais, testemunha em processo penal.
Assine e divulgue










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SIGNORA LUNA

Perse nel cielo
lungo la notte del mio cammino
sono 2 luci
che mi accompagnan dovunque sto
una nel sole
per quanto il sole
mi copre d'oro
una nel nero
per quando il gelo
mi vuole a se'
signora luna che mi accompagni
per tutto il mondo
puoi tu spiegarmi
dov'è la strada che porta a me
.................
Senhora da Boa Viagem, Convento dos Capuchos, Sintra (monte da lua)




"The accused was holding the bike and moving his hips back and forth as if to simulate sex."


Graças ao nosso amigo Tim deparámos com mais um avanço nas conquistas da família LGBT e variantes quejandas no reino animal ou electrodoméstico- neste caso, em versão de bicycle repairman. Por isso já sabe, se tiver um furo na estrada e não quiser arriscar a denúncia de velocipedofobia, é melhor levar a bicicleta às costas que chamar o técnico.
Nunca se sabe a que podem levar os gostos mecânicos. Pelo menos aguarde-se que a lei dê enquadramento ao caso. É que a perspectiva de se poder ter descendência sátira na garagem, com rodinha e selim, sem descontar para o IRS, há-de ser mais injusta que filho varão no estendal da roupa, impedido de licença camarária.

«Preâmbulo

Uma ficção histórica (um romance), como a história, interpreta o passado. Ao contrário da história, pode inventar um passado, onde as fontes são omissas ou parciais. Pode deformar coerentemente o passado (dentro de limites), atribuindo, por exemplo, uma mentalidade moderna a personagens da Antiguidade ou da Idade Média. O que não pode é desconhecer e falsificar o passado ou dar dele versões falsas, simplificadoras ou propagandísticas. Convém, por isso, no caso do Rio das Flores, partir deste ponto elementar. Tanto mais que Sousa Tavares anuncia na badana que o livro assenta num "minucioso e exaustivo trabalho de pesquisa histórica"».


O rigor de uma crítica literária que se torna uma lição de História. No Público de hoje, VPV e o último “seriado” de Miguel Sousa Tavares.








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«Quem tiver lido história ou literatura espanhola, ou conhecer alguma oratória política ou alguma colecção de jornalismo ou de ensaios, sabe que a "guerra de independência" ocupa um grande lugar na imagem heróica do país. Deste lado da fronteira, a "guerra da independência"
recebeu o nome inócuo e neutro de "guerra peninsular" e foi quase universalmente
esquecida. Há cem anos, num momento perturbado ("ditadura" de João Franco, assassinato de D. Carlos, acessão de D. Manuel) ainda a Monarquia tentou comemorar a resistência ao invasor (e ao ocupante) com uma certa dignidade: o Exército encomendou livros, houve conferências, D. Manuel presidiu a uma reconstituição da batalha do Buçaco. Em 2007, só a imprensa, durante uma semana, se lembrou do assunto e, em balanço, sem gastar muito espaço.
Ninguém já conhece o monumento à guerra peninsular como tal (é anonimamente o "monumento - ou a estátua - de Entrecampos"). Ninguém ouviu falar num dos maiores livros da língua, publicado pela última vez por volta de 1980 e hoje completamente esgotado: a História Geral da Invasão dos Franceses em Portugal, de José Acúrsio das Neves. Como também não se encontra o El-Rei Junot, de Raul Brandão, e já não se lê Arnaldo Gama - o Sargento-Mor de Vilar e o Segredo do Abade - ou A Caçada do Malhadeiro, de Ficalho. E pouca gente se lembra da descrição dos tumultos do Porto contra os "jacobinos" no princípio do romance de Camilo Onde está a felicidade?. Verdade que não apareceu por aqui nenhum Goya, nem os Fuzilamentos do 2 de Maio, nem Os Desastres da Guerra. De qualquer maneira, a ignorância da "guerra da independência", despromovida a "peninsular", é triste. Por que sucedeu isto? Por causa da subordinação cultural de Portugal à França e ao mito da França como "libertadora da humanidade" (que não se adaptava bem à razia de Bonaparte). E por causa do republicanismo, que nunca desculpou à Igreja, ao "Antigo Regime" e própria Monarquia liberal a defesa do país contra a "revolução", mesmo sob a forma do império napoleónico. O homem da época passou a ser Gomes Freire de Andrade, um traidor que lutou até ao fim pelo inimigo. Quando por aí a inconsciência política resolve apelar ao patriotismo, nunca me esqueço da omissão e distorção da nossa guerra da independência contra a França. O Portugal moderno nasceu torto. Como, de resto, se viu no PREC».

Vasco Pulido Valente, Público,sexta-feira, 23 de Novembro de 2007



«O mosteiro é um céu terrestre, assim devemos todos ser como anjos» S. João Clímaco (séc. VII) [Escada Celeste]

























Simão do Deserto Castelseprio Santa Maria foris portas
sec VIII-IX


«O deserto é o lugar de uma experiência suprema, uma prova que conduz o homem para além de si mesmo, em direcção ao Anjo ou à Besta, para o Diabo ou para Deus»



Jacques Lacarrière, Les hommes ivres de Dieu, Paris, Fayard, 1975.

O princípio da Hésychia consiste em afastar-se de todo o ruído, porque o ruído perturba as profundezas da alma.













O anti-clímaco de Schiele- arte nas margens, o discípulo- Klimt- impele eros para a violência de tanatos

Egon Schiele, Eremitas, 1912




Konstantin Smilga, 2003