«Preâmbulo

Uma ficção histórica (um romance), como a história, interpreta o passado. Ao contrário da história, pode inventar um passado, onde as fontes são omissas ou parciais. Pode deformar coerentemente o passado (dentro de limites), atribuindo, por exemplo, uma mentalidade moderna a personagens da Antiguidade ou da Idade Média. O que não pode é desconhecer e falsificar o passado ou dar dele versões falsas, simplificadoras ou propagandísticas. Convém, por isso, no caso do Rio das Flores, partir deste ponto elementar. Tanto mais que Sousa Tavares anuncia na badana que o livro assenta num "minucioso e exaustivo trabalho de pesquisa histórica"».


O rigor de uma crítica literária que se torna uma lição de História. No Público de hoje, VPV e o último “seriado” de Miguel Sousa Tavares.

25 comentários:

Henrique Dória disse...

Aquilo a que chamas rigor e critica literária é tudo menos isso.O teu VPV percebe tanto de crítica literária como o MST de escrever romances.
O dislate do VPV começa pelo seguinte: distinguindo romance de história ( é curioso como um tipo que se diz historiador e honesto faz essa distinção, quando todos que fazem uma história honesta bem sabem que a história é um género da espécie romance)critica o romance por ter erros históricos.
Por outro lado, além de pouco mais fazer do que crítica histórica, nos momentos em que tenta fazer crítica literária demonstra uma total ignorância do que é escrever hoje um romance, ignorância só comparável à de MST ao escrever o que escreveu e chamar ao estrago de papel e tinta um romance.
Enfim, duas insigni-ficâncias a lutarem uma contra a outra com meios nem sequer decentes, como o são o desejo de vingança mascarado de crítica, e, veja-se o cinismo, de vontade de ajuda.
Mau país, maus actores, más composições!

zazie disse...

ò moço, estás à espera que eu te responda? bem podes esperar sentado. Já me deixei disso. Não vale a pena. Nem tu sabes o que dizes.

zazie disse...

Além do mais não gosto de estragar monólogos. Tu falas para te ouvir e gostas, para quê tirar-te ilusões. Até és um bacano. E eu percebo que não gostes do VPV... faz todo o sentido.
Não fazia era que gostasses de alguma coisa nele. Nem que fosse o saber histórico ou a verve crítica ou a clareza da escrita.

":OP

Luís Sá disse...

Texto altamente pedagógico, também eu acreditava que tivesse havido um simulacro mais consistente de democracia durante o tempo da Républica (embora conhecesse a história de João Franco).

Não gosto particularmente do estilo caústico do VPV, mas leio tudo o que consigo apanhar dele desde que li o livro que escreveu sobre o Paiva Couceiro (que teve o condão de me imprimir uma forte admiração por esse homem quixotesco, talvez mais do que qualquer outra figura na nossa história moderna).

timshel disse...

isto não tem muito a ver com o post mas não te esqueças desta para o bestiário LGTB

http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/scotland/glasgow_and_west/7095134.stm

Henrique Dória disse...

Menina Zazie: tu és uma menina bem informada mas mal formada. MAS COMO EU GOSTO DE MENINAS MAL FORMADAS, vou-lhes dando a informação que ainda lhes falta para ficarem ainda mais mal formadas.
O ridículo VPV diz que a república foi uma ditadura.Basta ler os jornais de direita do tempo,conhecer as acções da União dos Interesses Económicos e a Cruzada de Nun´Álvares, em cuja mentalidade se enquadra a de VPV,para perceber que a República foi uma ditadura. Como sabemos, na República havia uma censura e uma polícia política que impedia que se chamasse ladrão a Afonso Costa ( não é que eu simpatize muito com o personagem, POR CAUSA DO SEU RIDÍCULO ANTICLERICALISMO, VÊ LÁ TU).
Coisas que não existiam no Salazarismo, tempo em que, quem quisesse, podia chamar ladrão a qualquer governante, começando por Salazar, sem nada lhe acontecer.
A incompetência de VPV até como historiador ( quanto mais como crítico literário!)está demonstrada nos excelentes textos do EXPRESSO deste fim de semana sobre as invasões francesas.

zazie disse...

Thanks Tim, vou tratar disso.
............

Pois é verdade, Luis, é um período muito mal estudado. Aliás, creio que é pior que isso. Seleccionou-se a ditadura como uma época marcante e, à custa disso, esqueceram-se os momentos de passagem.

Por aqui tenho-me dado conta do desconhecimento da maior parte das pessoas no que toca ao património artístico e quem foi responsável pela sua destruição.
Quanto ao resto, o VPV é um excelente historiador e para se fazer história não há "feitios". Os feitios são para a crítica social, e aí gosto, na que toca ao caseiro (na internacional estou sempre com um bom pé atrás). Agora para o caseiro é único, um excelente bobo da corte, impiedoso, comme il faut.
.................
moço maçon, faz um post lá no teu estaminé com essas revelações estrondosas que depois eu "linco", ok.?
Aqui não vou repetir-me porque não vale a pena. Já te respondi a tudo isso e tu não respondeste.
Faz antes o post que merece destaque na primeira página.

zazie disse...

Ah! que disparate. Respondi ao Luis sem ter reparado que era o Antonius. Que honra, Antonius. Uma beijoca. O menininho mais inteligente e culto da blogosfera e redondezas espaciais

":O))

Henrique Dória disse...

Menina com alergia aos aventais( são problemas de pó): disseste que não me respondias aqui, mas deste logo a resposta ao acrescentar o texto a itálico negro.Resposta que eu conhecia mas não convence. O pretenso romance poderia até ser excelente mesmo com todas os erros históricos que mal ou bem lhe são apontados pelo VPV. Isso é que o teu doctor mirabilis não percebe nem nunca perceberá pois de romance nada percebe. Quando muito percebe de história, de intriga e de bilis.

Henrique Dória disse...

Que fique bem claro: não me armo em historiador. Mas, por acaso, nos anos de brasa de 75/76, trabalhei na realização de um programa televisivo que iria ser feito pelo Mário Dionísio e que acabou por não ser lançado, programa esse que começava nos anos 20 do século passado. O trabalho de investigação levou-me não só aos livros como aos jornais da época, e a conhecer bem as titadas dos reaccionários de então. Quem as ler hoje percebe que o VPV nada traz de novo. E percebe que o MST até está mais perto da verdade histórica sobre a República do que o teu doctor mirabilis: aquilo era uma bagunça, nunca uma ditadura.
Mas minha querida: sobre a Répública aconselho-te a ler as MEMÓRIAS do Raul Brandão. Sem ser historiador, e em duas obras nem sequer volumosas, RB descreve a República como nunca a descreveria o teu grande historiador VPV mesmo que investigasse e escrevesse a vida inteira sobre o tema.Aliás, sobre as invasões e o tempo que se seguiu a elas, RB é também aconselhável como ponto de partida, logo seguido das MEMÓRIAS do Marquês de Fronteira.

Henrique Dória disse...

Prometo que nas férias do Natal colocarei no meu estaminé um texto sobre o(s) assunto(s). Agora o tempo só me deixa lá colocar umas coisitas breves ou obrigatórias. Alegra-te menina: só estou aqui a gastar o meu tempo por seres mal comportada.

zazie disse...

Desculpa só a pergunta: tu leste o texto do VPV?

É que estás para aí a falar em "versões" e ditaduras, e aproximações à verdade, quando o VPV se limitou a apresentar factos e dados. Mais nada.

Fico à espera do post. De resto, para falar verdade, nunca percebo o que queres dizer. Ainda ontem tive de acrescentar o preâmbulo porque também disseste que o VPV não entendia o que era um romance, ou que a História não é mais do que um romance e blá, blá. Nem o preâmbulo tinhas lido. Ou então nem sabes a diferença entre História e Literatura.

De resto, aguardo o tal texto. Nunca te entendo. Uma pessoa fala de alhos e tu respondes com bugalhos.
Não percebe de romance, pronto, é a tua opinião, so what? que tem isso a ver com o post que eu fiz? Que tem isso a ver com esta crítica?

Queres que te explique o que me agradou neste texto, novamente?

Uma espantosa síntese crítica de um livro. É assim que se deve fazer. Não interessa sequer mais nada, importa que sei como se deve fazer uma recensão e pouca gente é capaz, aqui nos jornais, de apresentar um trabalho crítico, simples, claro, bem feito, coerente e de fácil entendimento. Foi isto. Uma boa cabeça bem arrumada, sem precisar de "fazer poesia" ou armar-se ao pingarelho literário para não dizer nada. Disso é que devíamos todos estar fartos.

E aqui sim, aqui desafio-te já a mostrares-me que não é uma boa crítica em termos técnicos. E vais ser obrigado a mostrares exemplos do que então entendes por boa crítica para ser publicada num jornal. Isso sim, porque é apenas acerca disso que se pode falar. Disso e dos factos históricos emendados, com datas, com informação factual, sem tretas de "visões ou "eu acho que". Esta foi um excelente trabalho de crítica a um raio de um livro que se apresenta como romance histórico. Ponto final. E é válida por si mesmo, enquanto forma como se deve fazer uma crítica a um livro. Não li mais nada que se aproxime. Se leste e é por isso que achas que esta não presta, apresenta-ma ou faz tu uma. Depois avalia-se.
.......
Outra coisa, o VPV farta-se de citar o Raul Brandão, não percebo como é que vais buscar uma falsa questão.
...........

Só uma pergunta: leste a merda do livro?

eheheh

É que eu não li nem tenciono ler, mas também começo a achar piada à quantidade de crítico de manguito que para aí anda. Até são capazes de defender qualidades literárias numa treta em que nem tiveram na mão, quanto mais lerem

":O))))

Cosmo disse...

De Gondomar conheço broches, filigranas, dourados, e Valentim Loureiro.

zazie disse...

Só por causa das coisas.

Aqui fica, copiado, o que o VPV corrigiu em relação à República e que tu para aí pintaste como qualquer treta ideológica.

1- Manuel Custódio acha, por exemplo, que "as despesas da corte no tempo de Monarquia" eram ridículas comparadas com "o desperdício de dinheiros públicos do governo do dr. António José de Almeida - "o rei dos demagogos, o maior vendedor de feira que este país já conheceu"". Sendo que António José de Almeida foi presidente do Conselho entre Março de 1916 e Abril de 1917, quando Portugal entrou em guerra e se organizou o Corpo Expedicionário para a França, a comparação não faz sentido, nem (como no caso) numa querela de café.

Onde está o erro?

2- Manuel Custódio acha que a República queria proibir "os padres de andar vestidos de padres". A República proibiu o uso de vestes talares na rua, isto é, de vestes que chegassem ao calcanhar (do latim: talus, calcanhar): numa palavra, a batina. Não proibiu o fato preto e o cabeção (ou volta), e a coroa, que identificavam perfeitamente os padres.

Onde está o erro? É anti-jacobinismo, nega factos por ser anti-jacobinismo?

3- Manuel Custódio acha que vai "ganhar quem eu disser ou quem disser aquele pateta do Joaquim Gomes, o cabo eleitoral dos republicanos em Estremoz. É só esperar para ver qual de nós dois está disposto a gastar mais dinheiro com a eleição e depois contam-se os votos - se não houver chapelada deles". Isto mostra, numa cápsula, que Manuel Custódio não compreendia os mecanismos eleitorais da República, na prática um regime de partido único, o Partido Democrático. Nesse ano, 1921, ganhou a maioria o Partido Liberal por decisão de António José de Almeida (na altura Presidente da República) e com o acordo do Partido Democrático: o que, de resto, levou rapidamente ao assassinato do presidente do Conselho, o "liberal", António Granjo. Daí para frente, como desde 1911, o Partido Democrático ficou sempre, como antes, com a maioria no Parlamento e no Senado e Estremoz nunca elegeu um deputado monárquico.

Não foi assim? Onde está o erro?

4- Escreve Sousa Tavares: "Diogo (...) não gostava de ser tratado por morgado, esse título que se referia ao iníquo sistema sucessório em que filho varão mais velho herdava tudo, como forma de defesa da propriedade familiar, evitando a sua divisão entre vários herdeiros. A República pusera fim legal aos morgadios e ele, embora tivesse saído pessoalmente a perder, estava de acordo." A Monarquia "pusera fim legal" ao último morgadio em 1863, com excepção da Casa Real. Nem Diogo, nem o pai, nem o avô, nem o bisavô, nem o tetravô repararam na coisa.

Não foi? Os morgadios foram extintos pela República, é uma questão de opinião e o MST é que está mais certo? Quantos centímetros?

5- Diogo acha que a República instituiu "o sufrágio universal". A República notoriamente não instituiu o sufrágio universal. A lei eleitoral de 1911 deixava votar os maiores de 21 anos que soubessem ler e escrever ou que fossem chefes de família há mais de um ano. Infelizmente, na "eleição" de 1911 não se votou, por pressão do Partido Republicano, em quase metade dos círculos. Pior ainda, nos círculos em que se votou, bandos de terroristas "fiscalizaram" o acto. Na eleição seguinte, em 1913, o Partido Democrático restringiu o voto a maiores de 21 anos, do sexo masculino e letrados: um corpo eleitoral mais pequeno do que o da Monarquia. A República não podia, como é óbvio, deixar votar o povo analfabeto do campo, que obedeceria ou se "venderia" aos "caciques" monárquicos. Até 1926 (com a excepção do "sidonismo"), o regime de 1913 praticamente não mudou.

E mentira? Não foi assim? São as datas que estão erradas. Corrige sff.

6- Diogo acha que a República decretou "o divórcio para quem não é católico". A República, de facto, decretou o divórcio para quem era ou não era católico, para quem se casara pelo registo civil ou pela Igreja. Mas são subtilezas que excedem Diogo.

Também está errado? Porquê?

7- Diogo acha (ou parece achar) que a República foi uma democracia. A um amigo pergunta: "Os portugueses livraram-se de uma ditadura (a Monarquia) e, menos de vinte anos depois, já querem outra (a ditadura militar)." E, durante o pronunciamento republicano de 1937, pensa que em breve se irá restabelecer a "legalidade democrática". Verdade que Diogo tem ideias muito estranhas sobre a Monarquia e era muito novo em 1910. Mas não conseguir ver, aos 27 anos, o que toda a gente via, ou seja, que a República não passara da ditadura do Partido Democrático (de que ele mesmo, de resto, se gabava) e que não existira legalidade alguma, excede a ignorância permissível.

Foi uma democracia, porque, como tu argumentas, o que estava para vir é que foi ditadura? Portanto foi democracia por antecipação visionária? Explica lá mais esta.

8- Começa por que Miguel Sousa Tavares, como Diogo, tem uma ideia insólita da Monarquia. Sousa Tavares acha que uma "aristocracia caduca e inculta" dominava a Monarquia: os "marqueses de berço" e os "condes de ocasião". Desde 1871, ou seja, nos cinquenta anos que precederam a República, estiveram no governo, entre dezenas de ministros, 2 marqueses, 3 condes, 3 viscondes. Excepto Sabugosa (um ano no Ministério da Marinha), nenhum "de berço", todos "de ocasião". Havia, claro, muita gente de "boas famílias de província" ou da classe média de Lisboa e do Porto, em geral com pouco dinheiro, que mandara estudar os filhos. E uma apreciável quantidade de self-made men. De uma "aristocracia caduca e inculta" a governar o país nem os próprios republicanos se queixavam.

Também está errado? Apresenta tu nºs e fontes.

Queres que continue a copiar, ponto por ponto ou preferes refutar estes 8 primeiro?

zazie disse...

ehehee, ó Cosmo, seu descabelado

":O)))

Henrique Dória disse...

Eu nÃO TENCIONAVA ESCREVER MAIS SOBRE O ASSUNTO. Mas irei fazê-lo no próximo sábado no odisseus, como sugeriste, e tentar demonstrar que VPV como historiador não é o que se diz, e como crítico literário é uma nulidade.

zazie disse...

ehehe

Acho-te muita piada, rapaz. E, ao menos não és uma florzinha-de-estufa como tantas que por aí andam. Nunca te enxofras e tens jeitinho para lidar com mulheres

":O))


Mas diz lá uma coisa- leste a merda do livro?

":OP

Henrique Dória disse...

Li a primeira página, de raspão, na FNAC.Quando me deparei com a expressão " velho moinho abandonado" não andei mais para a frente. Estava tudo lido.

zazie disse...

AHAHAHAHAHAHA

Frioleiras disse...

e não é que eu gosto do Pulidoo Valente!
e não é que eu gosto do Sousa Tavares!
e não é que eu gosto da clara Ferreira Alves
e mais do
Vasco Graça Moura!!!...........

mea culpa...

Frioleiras disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
zazie disse...

ahahahahaha

Não posso crer! como é possível?

Bem, eu também sou capaz de ter alguns gostos estranhos noutras áreas...

Nada de maus pensamentos, estava só a pensar num paneleirão estilista que muito curto: o Jonh Galliano.

Mas o VGM e a aquela pluma, fónix!
E do morgadinho tutólogo é que nunca. Completamente impossível.
.......
Quanto ao VPV já reparei que gera extremos. Mas, mais uma vez, nota-se que é por aí que todos respondem à crítica que ele fez. E não é disso que se trata. Não me venham com tretas. Se deixarem os preconceitos ou embirrações gratuitas de parte, são capazes fazer coro com o que é unânime- foi uma crítica impecável. É assim que se faz.

Isto até eu era capaz de admitir a qualquer ódio de estimação.

zazie disse...

Ó Frioleiras, conta lá, mas isso é apreciação estética?

ehehehe

Uma vez fiz aqui um concurso para eleição do gajo mais feio com pinta e foi uma bronca. Criou-se um júri e tudo. Mas eu tinha ataques de nepotismo e não aceitava os votos
ahahah
Andámos 3 dias até sair o resultado, depois de obrigar as amigas a votarem novamente, até acertarem
ehehehhehe
Esta malta não tem gosto nenhum. Cheguei a receber votos naquele betinho com cara copo de leite- o lourinho do Robert Redford e ainda por cima quando era mais toino e novinho.

Frioleiras disse...

e,
confesso ainda,
tenho um fraquinho por
betinhos
mas com "caco".......

sim, é isso!
betinhos com caco... gosto muito!

mea culpa, mas é assim......

zazie disse...

ahahahaha

és tão engraçada. Deixa lá que eu também já tive umas boas pancadas. Mas era mais por estilo samurai com acompanhamento a sushi

":OP