O que é uma galinha, o que um porco, o que é um chinês?

Precisamente porque não há resposta consensual para nenhuma destas perguntas é que convém evitar as generalizações

3 comentários:

David Cameira disse...

o que é a Zazie ?

Rui Vasco Neto disse...

z,
lenny, o louco comediante americano que marcou o stand-up non sense, teve uma tirada espectacular, conta-se.
um dia numa sala cheia de pretos e brancos da américa conservadora e sectária desatou a chamar nigger a torto e a direito a todos os pretos da sala, seguindo o exemplo com jews e wops e mics e por aí fora.
no final da rábula, à beira de levar uns pares de estalos, explicou o seu raciocínio: se o próprio presidente dos eua repetisse na tv a palavra nigger muitas e muitas vezes, da próxima vez que alguém chamasse nigger a um puto de côr isso já não significaria porra nenhuma. é esse o peso das palavras.

zazie disse...

Não, não em parece que seja este o caso.
Esse é um exemplo de banalização de termos que foi boutade.

O que me interessa é a novilíngua, essa famigerada ditadura do politicamente correcto. E aí o que sucede é bem mais tenebroso. Apagam-se memórias de palavras cujo sentido tinha um leque muito amplo de significação para se criarem novas palavras que mais não são que formas de recriminação de supostos comportamentos. São os estigmas mentais e os tabus de quem mete o lixo debaixo do tapete e transformou a liberdade no seu oposto- numa nova inquisição que patrulha a fala natural das pessoas. Neste caso, até aconteceu uma coisa mais caricata - com tanto dogma mental, conseguiu-se negar a própria existência de judeus.
Como tudo pode ser e não ser, para que nunca haver pecado de discriminação, já chegaram ao ponto a que os anarcas tinham chegado de forma mais divertida- “acabemos com o racismo, pintemos os pretos de branco”.

O que tu dizes só pode acontecer por gozo, se tanto se gozar com a novilíngua ela pode ser desactivada. Em parte é mais ou menos isso que por aqui faço, tentando a ironia ou o non-sense.

Mas é combate que não minimizo, precisamente porque as palavras têm um peso enorme e podem formatar comportamentos. A linha da denúncia existe por alguma razão e foi feita com elas, com a ideologia do policiamento politicamente correcto.