Para quem acompanha a recente estratégia de expansão dos "Valores Ocidentais" pelos "nossos representantes" no Médio Oriente- recomenda-se a terapia de choque do Dragão

A guerra é uma espécie de ordálio. Não sei se me engano muito se disser que é nela que o homem resgata a sua humanidade”.



Renoir, La vague, 1879



"Sim, porque é uma maçada olhar para o meu cão ou para a minha vaca e ver que têm os dentes tortos, sei lá"...



manifesto artístico aqui








Teresa Milheiro [prata, dentes de vaca e aparelho para dentes, 21x19, 2004]

Argumentam hoje no Público, o VPV e a Constança Cunha e Sá, que os que não entendem a estratégia belicista Israel, na senda da destruição de todos os inimigos, são muito egoístas e só pensam no seu conforto. Não conseguem sequer encontrar empatia com os males irremediáveis de Israel, num local onde nunca ninguém os quis, nem vai querer por perto - assim, em definitivo.

Pois tenho para mim que, ser-se egoísta e colocar os interesses do resto do Mundo acima de um “destino” que só se pode resolver pelas armas mais fortes, devia ser opção a agradar-lhes.
Não é moralista, mas é a mais pragmática. Pelo contrário, quem se queixa de “fados tão injustos” só tem duas hipóteses - ou aprende a viver e a lidar com eles, ou faz as malas. Para bem de todos nós.








“Hoje pisei cocó. Enquanto não me explicarem a razão por que foi comigo, não posso deixar de pensar que fui um alvo deliberado. Devo dizer aliás que há mais racionalidade em pensar assim do que em imaginar que me calhou o azar em dez milhões de habitantes.”








Anónimo em caixinha de comentários, inspirando-se em personagem histórico



"Marjane Satrapi, a autora de Persépolis, nasceu no Irão em 1969. Exilou-se na Europa com apenas 14 anos, depois de se encantar e desencantar com a revolução dos mullahs. O seu combate são agora os direitos humanos, e a entrevista que concedeu ao último número da LER consagra-a como uma intelectual crítica e essencial.

Porque Satrapi diz coisas prementes sobre o nosso tempo. Quando é questionada sobre o terrorismo, afirma: «As pessoas, no Ocidente, estão convencidas que todo o muçulmano sonha com atulhar-se de bombas e matar-se provocando centenas de mortos. É absurdo! Qem é que, neste mundo, não quer uma vida boa, rodeado da família, dos filhos... ir comer gelados à beira-mar? Quem? Mas as pessoas querem também ser respeitadas na sua dignidade. Se os americanos tivessem tido isso em consideração, não estavam agora na situação em que estão. A verdade é que o mundo vive num desequilíbrio total, entre países ditos desenvolvidos e países subdesenvolvidos. Há ainda uma percepção colonialista do mundo em que se exploram os países mais pobres, para nos tornarmos mais ricos. Mas esses países sabem que estão a ser explorados e vingam-se». Satrapi rompe com essa cínica duplicidade civilizacional de chamarmos terrorismo às guerras dos fracos e guerras - limpas, cirúrgicas, televisionadas - ao terrorismo dos fortes. Vítima do fundamentalismo totalitário, impedida de regressar ao seu país, Satrapi não abdica da uma leitura crítica e incómoda sobre o fenómeno do terrorismo, sobre a democracia, sobre a liberdade, sobre a guerra. Só por isso, já seria uma voz incontornável. Mas há mais. Bastante mais. Ou não quisesse ela «ao mesmo tempo a justiça, o amor e a cólera de deus".

[Agosto de 2004]
Por xxxx às 00:50
...........................
imagem: Paula Rego,
O macaco vermelho a oferecer ao urso uma pomba envenenada, 1981
...........................
Quem disse "postou" este texto?

.............................
acrescento:
Como apareceu aqui um anónimo achando-me muito loura [sou bem morena] pelo facto do texto ser uma citação e estar identificado, ainda que se notasse que foi “postado”, aqui fica outro totalmente original com a mesma proveniência (veio junto no mesmo presentinho e a data é idêntica em mês e ano).

"A terceira edição internacional do consagrado dicionário Merriam-Webster equipara o anti-semitismo a qualquer manifestação de apoio à causa palestiniana. Na entrada de «anti-semitism», aprendemos que ele corresponde a «sympathy for the opponents of Israel». Note-se que não está em causa o direito à existência de Israel enquanto Estado. O que o dicionário nos diz é que há uma coisa abstracta - que engloba Israel, a sua política externa, os seus dirigentes políticos, o seu unilateralismo, a sua violação das disposições da ONU - que não pode merecer oposição. São anti-semitas todos aqueles que condenem a construção de um novo muro da vergonha, a selvajaria do exército israelita nos territórios ocupados, a sua política de agressão às populações civis palestinianas, os raides criminosos sobre os campos de refugiados. Entramos numa dimensão em que a reinvenção da linguagem se propõe legitimar a política como profecia. O negacionismo do passado transforma-se na antecipação do futuro enquanto dogma. A partir desse momento, o pensamento crítico pertence à verdade, uma peculiar forma de oposição ao decurso presente dos acontecimentos e à arbitrariedade dos vencedores temporários da história".


.......................

nota: para tranquilizar outras flores que se manifestaram nos comentários- devo dizer que, não só desconhecia totalmente estes postes, como nunca me daria ao trabalho de fazer buscas por tão fraco artista, cujo nome me "sopraram ao ouvido". Foi mesmo presente deixado nas caixinhas. Gosto de agradar às visitas.
........................

novos desenvolvimentos:
Esclarecimento aos leitores-

Não orquestrei absolutamente nada com ninguém. Orquestra prefiro a do Barenboim

Se esses textos foram forjados, se alguém criou uma falsa página e depois a veio aqui oferecer, dando a entender a identidade do autor, é da total responsabilidade de quem o fez.

Nem me parece nada mais que entertainment- o bom lema do Cocanha. Pois se veneno havia nessa “maquinação” então, é caso para dizer, que há quem tenha mesmo problemas nas bossas e perca tempo a inventar bacoquices deste teor.

Por mim, é igual. Foi presentinho, sou sempre uma ingénua, não tenho que me envergonhar por isso e não faço desfeitas aos leitores.

E também não tenciono fazer investigações policiais para descobrir quem quis tramar quem, ou outros disparates no género policial que estão em moda na blogosfera. Deixo isso para os adeptos das "persiguições napoleónicas".
........................
actualização e conclusão [29/7]

A fraude continuou. Ontem, em poucos minutos, conseguiram fabricar mais uma falsa página, na tentativa de difamarem o mesmo pensador.
Neste caso nem vale a pena mais nada. Basta ler-se este disparate acerca do Arafat para qualquer pessoa normal ver logo que era impossível alguém dar uma reviravolta deste calibre:

"O obituário de Yasser Arafat não se cobre da vertigem do inesperado. A sua morte é uma morte anunciada. Pelo agravamento da doença nos últimos dias, metáfora do cerco asfixiante nos últimos anos. E pelo atavismo dos actores políticos internacionais perante uma liderança israelita que encontrou no enfraquecimento da Autoridade Palestiniana o canal directo para a destruição de um povo e de uma esperança. Essa polarização, de resto, serve para argumentar com a escalada terrorista nos extremos de parte a parte. Os fundamentalismos alimentam-se mutuamente. E alimentam-se também do caos, da barbárie, do desespero, do enfraquecimento das lideranças. Mas agora Arafat está morto. Persistirá sobretudo como o símbolo de um povo em luta pela sua dignidade, pela recusa da humilhação, pela paz. Sharon transformou essa possibilidade numa obscenidade. Israel demorou seis dias a ocupar a Palestina e por lá permanece há quase quatro décadas, conduzindo o seu próprio suicídio. Porque o dramatismo do dia-a-dia dos palestinianos também se sente bem lá no centro de Telavive, quando o som de uma explosão anuncia o terror da morte sem pré-aviso. Mourid Barghouti é um poeta palestiniano que vive no exílio há 38 anos, proibido de regressar. Falando sobre o desenraizamento palestiniano, disse recentemente com um humor trágico que «Israel não autoriza o regresso dos palestinianos nem depois da morte. Há caixões de palestinianos que viajam em aviões, pousando de aeroporto em aeroporto sem nunca serem autorizados a desembarcar. Chamamos a isto a maneira palestiniana de viajar pelo mundo». Agora Arafat está morto e viaja pelo mundo. Está algures entre Paris e o Cairo. No seu país eternamente adiado, haverá todo um povo que o chora".
[xxx 12/11/2004]

-Acabou-se o recreio. Vou a banhos e se isto não acalmar, à falta de polícia de costumes, lá terei de chamar o técnico das bossas para ficar à porta a filtrar a loucura.














[Teresa Milheiro, prata, dentes e aço, 14.5x15, 2004]

O que me tem feito espécie nestes apelos do "abduptado" é a persistência na estratégia serôdia dos tempos da "Cortina de Ferro", com aquela mania de perseguir e identificar "os fantasmas em acção", ao mesmo tempo que promete apoio na clandestinidade a quem o ajude.

Pois eu penso que lhe está a faltar a aplicação da boa prática liberal.
O que importa é entender as leis do mercado- todos somos clientes- incluindo os fantasmas sabotadores. Não seria original mas, ainda assim, talvez fosse a solução mais pragmática.

O Abrupto que adopte o exemplo de um jovem aprendiz de liberalismo da comunidade blogueira e ofereça o seu espaço para aluguer de avatares, digamos a 2 euros por mês, ou mesmo euro e meio, agora em “rebajas”.

Não se pode considerar dumping; para além das dimensões do logotipo serem maiores, afinal de contas, por muita sabotagem que haja e intermitência de que se queixe, ninguém vai ao engano.
O Abduptado é um bom blogue, o status na praça está garantido, a publicidade nos jornais não pára e, quanto aos supostos prejuízos pela abdupção, eu, e várias pessoas conhecidas, podemos afiançar que nunca notámos a diferença.
Estamos certos que não haverá sabotador, por muito invejoso que seja, que não troque o árduo trabalho clandestino, o risco de ir parar à cadeia ou, quem sabe, abatido por descuido, por uma exposição mediática mais vantajosa.

Possivelmente por efeito de propaganda do tratamento para a cura da fantasia, tivemos uma sobrecarga de comentários, cujo teor ultrapassava de sobremaneira as potencialidades da oferta.


Assim sendo, para evitar incómodos para todos, foi novamente activado o filtro do blogger.
Entretanto o musaranho já se encarregou de contratar um especialista na separação de casos benignos e loucura furiosa.

Aguardemos pois que estes armagedões e armagedonas mais destrambelhados e poluentes encontrem outro blogue que os atenda






George Cruikshank, Bumpology, 1826.
zazie e musaranho coxo

para a assistência


Tratamento recomendado a estados de alucinações com Armagedões; delírios bipolares cruzadísticos; fetichismos rabínico-belicosos e priapismos congéneres.
Também pode contribuir para alguma acalmia nos casos mais graves da síndrome helénica-comatosa, vulgarmente conhecida por histerismo siónico-maoista.



Mathaus Greuter, físico a curar a fantasia a um paciente, séc. XVII

“de erro em erro”- por um "bacano" que não nos dá só música

"O território de Israel, por mais que os defensores da causa se esforcem por tentar demonstrar o contrário, não estava a correr perigo sério e actual. Algumas populações vivem sob medo e tensão, seja por causa do terrorismo intermitente, seja por causa da proximidade a fronteiras hostis. Mas o território, a sua integridade, não estavam a ser ameaçados, até porque, neste momento, nenhum país vizinho tem capacidade para entrar em guerra com Israel, nem tão pouco Hamas e Hezzbollah têm arte ou engenho para ameaçar de modo sério a sua integridade territorial.
(...)
E, no fim de mais esta história, chegar-se-á à brilhante conclusão de que mais valia ter ficado quieto. Ter deixado tudo como estava: uma guerra fria, com alguns pontos quentes. Umas vezes mais, outras vezes menos. Porque tal como não havia armas de destruição massiva em Bagdad, também não haverá milagres em Beirute".

Curre 'mbraccio addu mammá,
nun fá 'o scemo piccerí'...
dille tutt''a veritá
ca mammá te pò capí...

E passe e spasse sott'a stu barcone,
ma tu si' guaglione...
Tu nun canusce 'e ffemmene,
si' ancora accussí giovane!
Tu si' guaglione!...
Che t'hê miso 'ncapa?
va' a ghiucá 'o pallone...
Che vònno dí sti llacreme?...
Vatté', nun mme fá ridere!



Pelo Dragão

A American Way e a SMSS


«U.S. Speeds Up Bomb Delivery for the Israelis»

A maneira americana, a fast-way, a Hamburguer-war, em suma, a maneira mais estúpida: matar moscas à martelada. Ter os americanos à solta a combater o "terrorismo" é o mesmo que ter um pirómano a combater um incêndio. Não fodem, não saem de cima e dizer que até os colhões lhes estorvam peca por suave: como andam armados até aos dentes, gastam os dias a acertar neles. O que vale é que são descartáveis.
Pois, se ao menos os "terroristas" se espavorissem com os gritinhos histéricos e as algazarras excitadas que fazem os nossos metrossexuais on line, Portugal ainda teria uma palavra a dizer. Que bom que seria. Quem sabe não recuperávamos até os faustos de outras épocas. Enviava-se para lá, para o Médio Oriente, todo este contingente de totózinhos belicosos que marcham para baixo e para cima na blogosfera, estas Cripto-SAs (Sturm-Amélias) aos molhos, que os Hezzbollas nem sabiam de que terra eram. Iam Hezzbollas, iam Hammas, iam Al-Caedas, iam todos a eito!
Bem, agora que penso nisto, acho que não se perdia nada em tentar. Quem sabe não resultava e resgatava-se, duma vez por todas, a civilização. O pior é que, suspeito bem, mal recebessem a convocatória para a épica cruzada - a Segunda Cruzada das Criancinhas, podia já crismar-se -, ficavam -aposto 100 contra 1 - subitamente afónicos. Febris, disentéricos, lacrimejantes, vertiginados, menstruados até alguns, requeriam dispensa da Campanha ao Santo Sepulcro por deploravelmente os incapacitar, repentina, paralisante e consumptiva, uma SMSS - a Síndrome do Mais Sepulcral Silêncio.
-"E não podemos antes bombardeá-los com SMSs?..." - Ainda perguntavam, com o último resquício de coragem.
Guerreiros de caca, de fralda, com as suas paint-ball minds. Carregadas a smarties
.

.........................
*“sissy hawks” expressão certeira recordada pelo nosso MP-S


.........................
actualização [25/07]
A acompanhar no Dragoscópio-Queiram desculpar-me a maçada "israelatras efervescentes" e judeus no Index

...depois exporta-se

"Soldados, ides empreender uma conquista cujas consequências para a civilização são incalculáveis

Napoleão a caminho do Egipto, 1798
[Norbert Elias, o Processo Civilizacional]

primeiro estranha-se...

"Não cuspais tão longe que seja preciso andar à procura do escarro para o pisar"

Regra de Civilidade anónima, Liège, 1714


Gabriel Orozco, Blue Memory, casa Shigemori, Kyoto, 2000




a Guerra ou o Diabo




























[Goya, Desenho do Album H, 1824-1828]



Bugiadas da festa de S. João do Sobrado
{imagem retirada dos Bugios}



Las notas del arpa vibraran y despertaban resonancias antigua. El paisaje conocía bien ese tono quer era el de las arpas etruscas. Suspiré, tomé el cáliz que me ofrecía Nicolás y subí los escalones del Orco. No torné la cara para expresarles mi adiós. Rezaba mecánicamente, deslizando las cuentas del rosario, sin pensar en lo que hacía, sin pensar tal vez en nada— lasciate ogni pensiero —, en nada fuera de la voz de ese zagal al que casi no había visto, que tañía el arpa y cantaba como los pastores etruscos.
La testa colosal reproducía, ensanchada, multiplicada, a la que me había aparecido en ele espejo, de modo que apreté los puños al ingresar en su interior, pero no experimenté ninguna angustia sino una bienandanza incomparable. Un psicoanalista explicaría que ello resultaba del hecho de que en aquella penumbra yo hallaba nuevamente la felicidad del claustro materno, el refugio de esa madre a quien no podía recordar, o acaso el abrigo del regazo de mi abuela, la maravillosa Diana Orisini. Una puerta de bronce clausuraba la boca del mascaron, y la cerré. Se insinuó delante de mí, como una alegórica pintura de Botticelli, la escena del Orlando Furioso en que Astolfo obstruye la entrada del Infierno con árboles de pimienta y plantas de amomo, para que las arpías no escapen de su prisión, antes de ser recibido en el Paraíso por San Juan. La diferencia fincaba en que yo quedaría adentro, con las arpías.
Un banco de piedra, adosado a los muros, contorneaba la habitación, alrededor de la mesa central de extremos curvos que parecía un catafalco. Todavía siguen allí. Antonello que había improvisado un lecho a un costado, y había puesto junto a él un cántaro de agua ya algún alimento. Un cirio solo palpitaba sobe la mesa y coloqué a su lado la copa. Me desembaracé del manto y me senté en le banco. Las oscilaciones de la llama desplazaban la forma de mi giba en la desnudez de las rugosas paredes. Ubicado en el medio de la caverna, como si estuviera en la garganta del Demonio, abrí la puerta y contemplé, desde mi encierro, la noche de luna. Perfilábanse, en la cavidad de la boca, bajo los grandes colmillos estalactitas, las sombras del bosque, y a través de los agujeros de los ojos brillaba el cielo de plata vieja. Bomarzo se desprendía de mí, que tanto lo amé, aguzando su dolorosa hermosura.

Manuel Mujica Lainez, Bomarzo, Editorial Sudamericana, Buenos Aires, 1981

Como se não bastassem as ameaças da queda de Jerusalém, agora parece que há quem tente deitar abaixo o judeu errante do Abrupto.
Há-de ser inveja ao sucesso.





Parafraseando a ala virtual de combate ao Infiel- se ele cair, caímos todos com ele









Reclame para raças fantásticas:




"Na compra de um óculo ganhe um fim-de-semana fantástico oferecido pela Multiópticas".

Ainda falta quem ofereça o teni e a calça aos ciápodes, coitados, que também são gente


Leviatã e o Paraíso


"E se insistirem numa moral para tão vil fábula, sempre ouso adiantar a seguinte, em jeito de enigma:
As ferramentas, depois de se tornarem senhoras, ameaçam tornar-se tiranas. A caminho de escravos, nós já pouco mais somos que meros utensílios - armas ao serviço de mãos invisíveis. E, consequentemente, somos todos alvos.
Ninguém anda a massacrar civis, acreditem. Nem hoje, nem nunca. O que não se cansam de massacrar, desde os princípios dos tempos, é qualquer hipótese de verdadeira civilização. Sendo que o pior massacre de quantos existem decorre dentro da nossa própria alma e todos oficiamos nele.
Não duvido que o inferno esteja atulhado de boas intenções. Sobretudo quando, numa vida inteira, vou descobrindo que neste mundo reinam as piores. Por imperativo lógico, vejo-me assim forçado a dar razão a todos os filhos da puta desta terra: vivemos certamente no Paraíso. E quanto piores forem, as intenções, melhor ele fica
.”





"Ha portato il twist a Istanbul e il cha-cha-cha a Beirut"





Secção de discos pedidos-Marino Marini- recordado pelo nosso caro cbs e acompanhado pelo Hierónimo Bosh dos comentários:









moliendo cafe



{sinais dos tempos }


Dantes havia quem dissesse que a superioridade de uma sociedade se media pela forma como tratava os inimigos e os animais. Hoje substituem-nos pela atenção dispensada ao putedo e aos homossexuais


cadeiral de Villefranche-de-Rouergue, colegiada de Notre-Dame, séc. XV


verdadeiramente importante é compreender-se que a ida a votos (ainda que apenas entre os seus) torna tudo mais limpo- incluindo a barbárie.
...........................................
acrescento [18/07]
Recomenda-se:
*US hawks smell blood By Jim Lobe
*
THE ROVING EYE . Leviathan run amok.By Pepe Escobar



Marcello, come here, hurry up!


Gabriel Orozco
La Oficina
1992



A lenda dos pigmeus é conhecida desde os tempos de hesíodo e Homero, acabando por se divulgar ao longo dos tempos, sendo reutilizada na Idade Média.

Segundo Ctésias de Cnido e Megasthenes (baseados em Photios e em Estrabão), os pigmeus habitavam a Índia, eram negros e tão pequeninos que não têm mais de dois côvados. Usavam uma barba tão bem fornecida que, quando ficava suficientemente comprida, nem precisam de vestimentas; bastava-lhes cingi-las à frente com um cinto e aproveitar os cabelos compridos atrás para ficarem decentemente cobertos.
Parece que assim deveria ser, já que os pigmeus eram gordinhos e pequeninos, mas nem tudo no seu reino tinha escala diminuta. Ao que parece, os pigmeus machos eram tão bem dotados que a verga lhes chegava aos tornozelos.
Esta era a boa particularidade. A má é que não consistia a única excepção à escala. Ainda que os bois e carneiros e demais animais do reino também fossem minúsculos (os cavalos não ultrapassam o tamanho dos nossos carneiros) o mesmo não se passava com os grous que invadiam o território com intenções predatórias.
Os pigmeus partiam então, montados em carneiros, para os combaterem com arcos e flechas. A guerra durava três meses e no final da razia levavam as cascas dos ovos e as penas para com elas construírem as habitações.
Diz Megasthenes que muitos grous vinham morrer nos nossos territórios, trazendo ainda as flechas de ferro espetadas no corpo.

Na Idade Média a fábula chega a ter traduções alegóricas (Gesta Romanorum) representando os pigmeus os que dão os primeiros passos na lei sagrada sem grande convicção e por isso passam o tempo a combater os mesmos pecados- simbolizados pelos grous- com tanta moleza que nunca se vêem livres deles.
.............................
Para uma interpretação ligada aos cultos da fertilidade do deus egípcio Bes, ver aqui
..............................
Imagens: 1-detalhe de cerâmica grega- c. 400-300 aC. S. Petesburg Hermitage Museum
2-Jacob van Maerlant, Der Naturen Bloeme. Flandres, c.1350

LECOUTEUX, Claude, op. cit.


tenha cuidado com os polypus. É que não foi só o Hércules que se viu às aranhas com a Hidra...









Jacob van Maerlant, Der Naturen Bloeme, Flandres, c.1350

Inicialmente os macróbios eram um povo indiano que vivia muitos anos. Plínio refere-o na Historia Natural, afirmando que ultrapassavam os duzentos anos.
Inversamente, como conta o mesmo autor, ao que diz, baseado em fontes de Mégastenes e Clitarco, estes macróbios tinham outros vizinhos que, ao contrário deles, nunca ultrapassavam os quarenta anos e as mulheres só davam à luz uma vez na vida. A alimentação parece que era de tal modo saudável que os tornava criaturas muito ágeis- apenas comiam gafanhotos e chamavam-lhes pandas (Hist. Nat. VII, 29)

A mistura entre a longevidade dos pandas ou a curta duração é feita pelo próprio Plínio que ao mesmo tempo cita Ctésias para confirmar que os Pandarae viviam mais de duzentos anos e nasciam com cabelo branco que ia escurecendo com a idade.

A dada altura dá-se uma confusão na etimologia da palavra macrobii, que em grego significa “longa-vida” e estes macróbios (pandas e vizinhos de pandas) tornam-se gigantes.

Fosse por efeito da higiénica e saltitante alimentação ou por motivos desconhecidos, a verdade é que a lenda de gigantes e saudáveis macrobióticos tem uma longa história.

Dos míticos belos e atléticos macróbios etíopes de Heródoto e Homero, cheios de ouro e predestinados à vida eterna, passando pelos que nunca adoecem do Liber Floribus de Lambert de Saint-Omer, até à dietética moderna-alternativa, ainda que se tenha dispensado os gafanhotos, a verdade é que, como diz o pedinte do metro- “uma alimentação saudável e equilibrada é o essencial”.

O mistério que ainda está por resolver é a correlação com os patuscos pandas- os "caras de urso-gato”, como lhe chamam os chineses. Há quem pense que a palavra panda (aplicada aos pandas vermelhos gigantes) até pode estar relacionada com a lenda de selvagens gigantes da floresta de bambu.
...............
consultar: LECOUTEUX, Claude, op.cit.
Como o prometido é devido,
Está série de raças fantásticas, hábitos alimentares de macróbios e outros mais íntimos das senhoras cinocéfalas, é dedicada ao António P do fim-de-semana alucinante

Ainda que Hesíodo tenha sido dos primeiros as reportar-se aos cinocéfalos, quem primeiro descreveu os seus hábitos foi Ctésias de Cnido.O relato foi transmito por Photios (c.827-891) e dele constam detalhes de minúcia tão apurada como no mais cientifico estudo de costumes.

[tímpano de Sainte Marie-Madeleine de Vézelay]


Circunscrevendo-os à Índia, explica o autor que, apesar de terem aspecto canídeo e não falarem qualquer língua, entendem-se muito bem entre eles, compreendem perfeitamente as línguas dos outros indianos e dialogam com eles por meio de mímica, tal como os surdos-mudos.
Possuem lei, vivem da caça e fora isso nunca trabalham.

Cozem os espécimes caçcados ao sol, bebem leite de cabra, não deixam de incluir a fruta na alimentação, principalmente de uns frutos adocicados da árvore das liptachoras (a do âmbar),que deixam secar e conservam em cestos juntando-lhes flores púrpuras de tintura que aproveitam depois para vender anualmente aos indianos.
O mesmo presente de âmbar vermelho é oferecido ao rei e o resto é trocado por farinha, pão, algodão, espadas e arcos com flechas que utilizam para caçar.
São tidos por invencíveis pois vivem em montanhas escarpadas e o monarca nunca se esquece de lhes enviar de cinco em cinco anos suficiente material bélico que chega a atingir os trezento mil arcos, outro tanto de lanças e cinquenta mil espadas.
Habitam grutas e as mulheres só se lavam uma vez por mês, depois das regras. Os homens nunca se banham e apenas lavam as mãos.
No entanto untam o corpo com óleo retirado do leite três vezes por ano. Usam vestes de pele, idêntica para os dois sexos e os mais ricos (que são poucos) usam fatos de linho. Dormem todo sobre folhas.
O que tiver maior número de camelos passa por ser o mais rico, mas a maioria do património é dividido comunitariamente.
Homens e mulheres possuem uma cauda, como os cães, mas a delas é mais comprida e mais felpuda.
Têm relações por trás, como os cães e fazê-lo de outra maneira é tido por infâmia. São aprazíveis, amam a justiça e têm longa vida, chegando a atingir duzentos anos.
(adaptação de Migne, Patrologiae Graeca, 103, col. 222s.)


Entre os vários parentes menores existem os Cinamolgus que para além da cabeça de cão idêntica aos demais cinocéfalos, possuem umas peculiares orelhas ponteagudas que tanto Plínio, na Historia Natural como Solino, na Collectanea rerum memorabilium ou o Pseudo Ovídeo no De mirabilis mundi não se esquecem de recordar.









Infelizmente a ciência esqueceu todos estes pergaminhos. No caso destes últimos parentes, acabaram a dar o nome a uma variante de macacos de cauda negra, comuns na Índia e em Sumatra, particularmente usados em testes de síndromes das vias respiratórias e outras doenças humanas.

Todas as raças fantásticas são fantásticas mas parece que algumas são mais fantásticas que outras. Se umas foram fruto da imaginação e se tornaram lendárias, outras devem-se a trocas de palavras e erros de tradução.

Foi o caso dos hipocéfalos que, ao que parece, nasceram do desejo de mulheres lúbricas, confusões com cinocéfalos e de alguns enganos linguísticos.

No romance do Pseudo-Calístenes, aparecem uns seres humanos chamados “perdiz-cão” (kynoperdikes, variante de kylioperdikes). Foi demonstrado que estes termos não passavam de uma deformação de kynokerkides que significa “com-cauda-de-cão

Mais tarde, Jules Valére latiniza o nome para cynoperdices.
Entretanto, na Carta de Farasmanes(séc.X) também têm protagonismo uns tais de Conopoenos que são logo traduzidos pelos bem conhecidos cinocéfalos (cenocephali, variante de ceno nulli)

Como se não bastasse, no Liber monstrorum dá-se um autêntico festival de variantes disparatadas. São os coenopenos, conopoenos, cenopenos, cynopenos que os copistas logo se baseiam na etimologia para descreverem as raças tão exóticas.
Na carta de Farasmanes a explicação não se faz tardar: “(na Índia) nascem os cinocéfalos que nós chamamos conopoenae, têm uma crina de cavalo, dentes de javali, cabeça de cão e cospem chamas e fogo” (xiv,1).

Numa das versões do manuscrito (A), que se encontra em Paris, está escrito Quinocoephali em vez de Cinocephali; e precisamente por este detalhe que se deu a espantosa metamorfose do cinocéfalo em equinocéfalo. O tradutor interpretou-os como Equinocoephali (Hipocéfalo), uma vez que se diz que têm crina de cavalo.

A nova raça vai progredindo e na Historia de preliis a metamorfose completa-se. “De seguida a armada dirigiu-se para um lugar cheio de Cinocéfalos, tinham a cabeça semelhante à dos cavalos, eram de grande porte assim como os seus dentes, cuspiam fogo e chamas” (234, 5 ss.).

A partir daí, estes cinocéfalos cavalares passam para a literatura alemã e a iconografia alterada é acompanhada de novas represetnações figuradas.
Na ilustração do manuscrito de Munique de Ulrich von Etzenbach (Alexandreis) podemos vê-los em todo o esplendor a guerrear contra os Ocidentais.

Não consta que tenha havido reclamações por parte dos originais cinocéfalos. Até porque esses também têm uma linhagem muito rica. Um deles chegou a santo e outros parentes mais patuscos e menos conhecidos não tarda nada também vão ter direito a posar para o retrato.
......................................
Consultar: LECOUTEUX, Claude, Les Monstres Dans La Litterature Allemande Du Moyen Age : Contribution a L'etude Du Merveilleux Medieval, Kummerle Verlag, Goppingen, 1982

imagens:1-Cinocéfalos indianos, Libre des Merveilles Marco Polo, iluminura do Mestre de Boucicot, Bibliothèque Nacional, Paris. 2- Hipocéfalos, Ulrich von Etzenbach, Alexandreis

Opinião de geólogo lida numa caixa de comentários, a propósito da novela dos ossinhos do fundador e da escolha entre património:

"Quanto aos riscos para o túmulo, para mim o tesouro (principal) são os ossos."

O túmulo manuelino, da autoria de Castilho e Chanterenne, é este





































era, no mínimo, merecido


............................
Acrescento(11/7)

Recomenda-se a opinião do
maradona , sempre lúcido e iconoclasta neste tipo de questões:

(...)“Na outra vertente da mesma montanha, as organizações de desocupados que "lutam contra o racismo" (a expressão é em si uma anedota), as chamadas, esseóesses racismo (em Portugal a cargo de um careca inenarrável), perseguem Materazzi à procura de tiradas racistas, porque querem à força que o genial argelino seja uma óptima e impoluta pessoa, que só reage à injustiça rácica, que toda a violência do preto ou do islâmico é única e exclusivamente responsabilidade das nossas horriveis e xenófobas sociedades. Para estes gajos, um preto (que o Zidane é preto, a mim não me engana ele) não pode ser de má rês. São, por assim dizer, pessoas diferentes.”(...)














zazie e musaranho coxo


Parece que amanhã vão marchar no Bulhão.E eu acho bem. O Porto não será ainda Torres Vedras em época de corso, mas também não pode ser só alhos-porros no S. João.




A única questão que me faz espécie é onde cabe o orgulho num projecto de indiferenças.


Mas enfim, sempre vale a pena constatar que todas aquelas instituições de mecenato humanista- dos Ursos às Panteras, passando pelos Motards e pela AMI- ainda acreditam no estímulo da livre concorrência do mercado.







Com tanto espólio ao abandono, com tanto monumento para restaurar,deu-lhes agora a veia novelística do “trocados à nascença” só para meterem o nariz no reizinho.









Que a praga da múmia os atormente, carago!

(...) “E falha José Saramago ao comparar os israelitas aos nazis e falham os palestinianos ao pretender negociar a sua auto-determinação defendendo a extinção de Israel, como falham certos políticos israelitas (actualmente uma minoria em Israel), ao considerarem que não há outra solução senão a continuação de uma política de ocupação (ainda que legitimidada por alturas da guerra que lhes foi movida pelos árabes).
O maniqueísmo uma vez mais (tal como nalgumas das dicotomias clássicas - proletário-burguês, comunismo-capitalismo, nacionalismo-internacionalismo, fascismo-democracia, imperialismo-autonomia e outras), não é resposta nem conclusão para problemas tão vastos e complexos que exigem de nós uma maior capacidade de reflexão e entendimento, e sobretudo de envolvimento nos mesmos sem quaisquer parti-pris e preconceitos.

E enquanto estamos preocupados com os judeus e os negros, os islâmicos e os hindus, os ciganos e turcos, as grandes CORPORAÇÕES, OS GRANDES VIGILANTES, as Microsofts, as Coca-Colas, os McDonalds, os lobbies petrolíferos islâmicos (todos juntos no Rock-em-Rio, formando o verdadeiro Eixo do Mal, se é que se possa falar assim de um projecto que não tem língua, não tem pátria nem geografia, não tem religião, nem identidade e se chama OPRESSÃO, AUSÊNCIA DE LIBERDADE, COISIFICAÇÃO DO HOMEM), vão bebendo nos nossos ódios, vão alimentando a nossa necessidade e sede de vingança sobre os mais fracos e magros, vão retirando da nossa inveja, o fermento que necessitam para se fortalecer e tomar finalmente as rédeas do Mundo. Como os da Transilvânia mas voando por dentro...”


Quem disse?


macaca e gatos



Segundo a lenda, as macacas tinham o vício de roubar as crias dos outros animais e até os bebés humanos. Parece que o faziam por saudades de terem perdido o filho menos estimado, quando eram perseguidas por caçadores e escolhiam apenas o preferido para fugirem com ele ao colo.


I Yuan-chi, dinastia Sung Dynasty, rolo pintado sobre seda, 31.9 cm x 57.2 cm

já que tanto se pediu uma imagem de prazer...

Como a Zazie está um tanto engripada cabe-me a mim a tarefa do entretenimento diário



Ainda pensei em postar um gaja nua, que é assim que se costuma fazer nestas situações, mas como isto por aqui é um blogue católico, patriótico e familiar, fiquemo-nos pela aproximação.


Espero que gostem



A cegueira das fantasias de ménage a trois com bonobos e escovas-porco-espinho ainda são capazes de o levar ao castigo...






[imagem tirada da Natureza]




Fizesse-lhe a benzedura ou vendesse-lhe metade da alminha mas perder um diabinho emparedado, para um antiquário é que devia dar direito a alma penada por mais uns séculos












A ler aqui

[fotografia roubada aos 2 dedos]

aqui fica um convite para o chá das 5h

















Jean Solé, Animaleries



El Mono de la Tinta

«Este animal abunda en las regiones del norte y tiene quatro o cinco pulgadas de largo; está dotado de un institno curioso; los ojos son como cornalinas, y el pelo es negro azabache, sedoso y flexible, suave como una almohada. Es muy aficionado a la tinta da china, y quando las personas escriben, se sienta con una mano sobre la otra y las piernas cruzadas esperando que hayan concluído y se bebe el sobrante de la tinta. Después vuelve a sentarse en cuclillas, y se queda tranquilo»

Wang Ta Hai (1791)
Seg. Jorge Luis Borges, El libro de los seres imaginários

Francisco Toledo,El mono de la tinta, aguarela sobre papel(24 x 34 cm, 1983

dedicado ao nosso estimado Antónimo



clicar aqui

É preciso ter lata. Como se não bastasse o que deu ao dente, este musaranho ainda traz para aqui os despojos...














Esta é que foi uma boa caçada!


Foi uma boa caçada...