Das consequências da Segismunda nunca o Hogarth recuperou, nem a crítica o permitiu. No ano seguinte (1762), na segunda exposição da Society Artists, já não expôs qualquer obra.
Ao mesmo tempo é organizada uma paródia a mais esta exposição de novos pintores, num show de irreverência- o Sign-Painters Exhibition-, onde o seu humor aparecia citado em referências ao auto-retrato com a teoria da Linha curva da Beleza.
No St James Chronicle, um crítico faz correr a notícia que seria o próprio Hogarth quem estava por trás da organização. O prefácio do catálogo tecia-lhe um longo panegírico; o espírito da troça era o seu, evocado em citações de sátira artística, ou nas desventuras com os críticos.
Nunca se apurou se esteve ou não, mas o sentido do remoque ao snobismo dos consagrados tinha-o como exemplo.
Foi nesta ligação ao populismo dos que se fazem a si próprios, por não conseguirem maior refinamento que o próprio Hogarth também acabou por ser acomodado.



Uma gravura anónima sintetiza-lhe o percurso- No desenho impiedoso e grotesco- A Brush for the Sign-Painters-, Hogarth aparece na figura de um Sarjento-Pintor do Rei, na forma de um personagem bestializado, entre o humano e o canídeo, pintando a malfadada Segismunda. Uma figura demoníaca apresenta-lhe um discípulo desfraldado, enquanto no conjunto se faz o remoque letrado com passagens em grego e latim. No campo inferior a mofa é acrescentada pelo acompanhamento da fábula de Esopo, na jactância do sapo que tanto se incha para parecer um boi que acaba por rebentar.



Foi o ponto de não-retorno; com este ataque o próprio convenceu-se da rejeição no mundo da arte moderna londrina. O sentimento de melancolia dos últimos anos de vida ainda consegue ser aproveitado para um derradeiro retrato dos próprios clichés do excesso de negritude da arte da época. Bathos- o Tempo moribundo, alegoria do seu final, abandonado e rodeado da decrepitude e das ruínas perdidas de uma carreira artística.
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Imagens:1-A Brush for the Sign-Painters, 1762;2- The Bathos, 1764.
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Adenda [28/9]Aqui ficam dois excelentes links deixados na caixa de comentários pelo Antónimo.
Analysis of Beauty

5 comentários:

Antónimo disse...

O Hogarth está nesta bela colecção de textos de um site italiano dedicado ao opinativo Sr. Tristram Shandy.

Já agora, o Walpole filho está (para além do Gutenberg Project) na Literature Network.

Beijocas, madrinha. Bom Fim-de-Semana.

zazie disse...

uauu! mas que prendinha. Muito obrigada e bom fim-de-semana para ti também

zazie disse...

(vai ao mail que tens lá um recadinho)

Henrique Dória disse...

O Hogarth era admirável mas era um frouxo.Não estar nas boas graças da maioria é a melhor coisa que pode acontecer a quem é inteligente.

zazie disse...

?