Uma padaria é isto que aqui vêem.
Sem semelhanças com normalizações salíferas da ASAE, mas bem mais parecidas com corporativismos proteccionistas do Estado Novo de inspiração medieva.
Esta tem a particularidade de incluir marranos. O que não é de admirar, dado que foram os judeus os primeiros a criá-las.
E incluiu marrano com referências bem divertidas. Uma delas é mera tradição de vestuário - vê-se pelo formato da touca da padeira, idêntica às usadas pelas minorias, na Idade Média.
Mas a outra é mais subtil e aparece num desenho da chaminé do forno- tem pata.
Pata ou ganso-kosher, mais propriamente, pela brincadeira satírica que era conhecida desde a Idade Média- um judeu, como não comia porco, andava sempre agarrado à boa da pata que cuidava para a engorda. O pato ou ganso dos mitos dos barnacles- nem carne, nem peixe- bicho kosher e integral muito útil para alimentar o corpo e a alma.
O que fazem por lá, é outra questão, tanto mais que toda a representação se passe numa casa do Norte da Europa, modelo possivelmente de gravura que o nosso ourives do Porto desencantou e que permanece desconhecido.
Pode dar-se o caso dele se ter lembrado das fiscalizações do 13º pão da dúzia, por causa das velhas trafulhices, ou pode andar por ali pãozinho mais ázimo, de Pessach disfarçado e a historieta ser outra.
Para se responder a estas e outras questões temos de voltar aos selvagens. Aos selvagens da tradição da ourivesaria- neste caso, ao selvagem do centro desta bela salva setecentista, de que começámos a falar aqui.
Until there, good night
- este postalzito é dedicado ao JLP do Insurgente. O pato vai inteirinho para o Gabriel