Ontem ‘a noite tive uma fuga de gás. Liguei para as emergências da Companhia e apanhei com um típico burocrata, altamente profissional e absolutamente nas tintas para com a eventual vitima que tinha do outro lado da linha.

Começou por perguntar ha quanto tempo sentia a fuga -uns 10 minutos- realidade que cerca de 20 depois o meu nariz confirmava, enquanto continuava a ser bombardeada, ao telefone, pelo questionário do maluquinho eficiente.

O tom variava entre o impessoal e o dramático: “abra todas as janelas”, “não mexa na electricidade”, “não utilize o lume”, “se não conseguir abrir todas as janelas saia imediatamente de casa”, "vamos enviar um “engeneer” mas primeiro oiça com atenção".

E la vinha mais burocracia disparatada. A dada altura perguntou-me se tinha animais domésticos. Apesar de lhe ter respondido negativamente, insistiu em dar todas as instruções para salvamento da bicharada: “embrulhe o periquito e os gatos num cobertor”e outras técnicas variadas para diferentes animalias inexistentes, ao que ainda me lembrei de lhe indagar se também devia levar a aranha gigante que tinha aspirado uns dias antes.

Por sorte que a fuga era pequena, pois a conversa de emergência só acabou quando lhe mandei um berro ‘a portuguesa: shut up and send me the fuck engeneer!.

imagem via

caçei uns evangelistas muito patuscos




O S. Lucas-touro, com ar soberbo, a olhar para a 'aguia do S. João que ate se espantou.





O leao do S. Marcos, nas calmas, a descancar de patinha de fora, enquanto o S. Mateus andas ‘as voltas com o rolo do evangelho






Talvez andem c'a por baixo. Com elas nunca se sabe...





Noticias de ferias



Ontem, ao fim da tarde, ainda fez uma aberta. Hoje voltou tudo ano normal. O Outono continua chuvoso e acompanhado de vento.



Felizmente que tinha na mala as minhas perneiras chiquérrimas, de estilista, em malha de seda. Juntamente com os corsários; impermeável; ténis da Nike e a tez de uma semana de jardinagem, devo andar com ar de uma daquelas personagens do Tintin no Congo.
J'a o musaranho, com as esquilinhas, nem vê mais nada.










Nada de abusar do piloto-automático e da aeromoça.


zazie e musaranho coxo


that's what it's all about


These are groovy records

Play one

Busted flat in baton rouge, headin for the trains,
Feelin nearly faded as my jeans.
Bobby thumbed a diesel down just before it rained,
Took us all the way to new orleans.
Took my harpoon out of my dirty red bandana
And was blowin sad while bobby sang the blues,
With them windshield wipers slappin time and
Bobby clappin hands we finally sang up every song
That driver knew.

Freedoms just another word for nothin left to lose,
And nothin aint worth nothin but its free,
Feelin good was easy, lord, when bobby sang the blues,
And buddy, that was good enough for me,
Good enough for me and my bobby mcgee.














(...)Se ao longo de milénios se pesquisaram e entreteceram "provas da existência de Deus" era porque, por um lado, existia a pergunta e, por outro, existindo essa pergunta, existia a dúvida própria do mortal. Ora, nos antípodas disso, a afirmação da não-existência de Deus destes religiosos modernos é peremptória, definitiva, axiomática. Não responde nem duvida em tempo ou modo algum: decreta. Sendo automática, é igualmente uma Fé de burocratas, aliás, mais que Fé: uma fézada. Nitidamente, constata-se que ambiciona o império absoluto duma qualquer Repartição Geral das Crenças donde, após publicação em Diário da República, se obrigará, com força policial, à ilegalização de Deus e, no mínimo, ao internamento compulsivo para desintoxicação dos infractores. Quando, há dias atrás, o Governo Chinês proibiu o Buda de reencarnar, surpreendemos em pleno acto uma eclosão exuberante dessa mesma mentalidade peregrina - epifania mirabolante, essa, que deve ter enchido de volúpia onírica e projecções equiláteras os ateístas cá da paróquia. "O chamado Buda existente reencarnado é ilegal e inválido sem a aprovação governamental", decreta o Partido Comunista Chinês. Isto não é apenas hilariante: é sinistro. E não é apenas património folclórico dum país despótico ou duma cultura longínqua: entre nós porfia-se e avança-se, a passos visíveis, para uma uniformização forçada e burocrática de idêntico jaez tecnoeficiente; uma universão em que os cidadãos são degradados a meros porta-modas -sendo estas, todas elas (económicas, políticas, científicas, jurídicas e morais), obrigatoriamente compactadas numa única religião laica, monototemística, rigorosa e exclusivista. Creem, os seus apóstolos frenéticos, que através duma hábil manipulação - onde a alquimia do voto enxertada na cabalística mercantileira operará milagres -, a Opinião Pública poderá ser contrafeita em Religião Pública. Já que Deus não morre, ilegalize-se. Já que teima em persistir, proiba-se. A limite, encarcere-se. Por conspiração e contumácia. (...)

A ler, na íntegra, no Dragoscópio


Jardinagem, com a ajuda do Hidro




via boing boing

Segundo Heródoto, este espantoso labirinto superava em arte todas as maravilhas egípcias. Possuía um lago ao centro e estava dividido em doze secções, cujos corredores eram ornamentados por estátuas, possuindo também uma pirâmide decorada por figuras colossais. O labirinto ainda foi conhecido no século I por Estrabão, que fala de palácios com passagens secretas a ligá-los ente si.

A maravilha acabou em ruína, mas imaginação de Athanasius Kircher (1601-1680) e os estudos de egiptologia a que se dedicou, acompanhados dos relatos antigos, também operam prodígios.
Aqui fica a reconstituição Labirinto do lago Moeris que, segundo Kircher, também servia de catálogo iconográfico das espécies vivas.


Turris Babel, sive archontologia, qua primo priscorum post diluvium hominum vita, mores rerumque gestarum magnitudo, Secundo durris fabrica civitatumque extructio, confusio linguarum, et inde gentium transmigrationis, cum principalium inde enatorum idiomatum historia, multiplici eruditione describuntur et explicantur , 1679
[clicar na imagem para aumentar]
consultar: aqui




uma doutorada na área, substituída por um mestre em Contemporânea



Enquanto não se lhes tira o tapete, recomenda-se a exposição que inaugurou .








Para apoio à Directora afastada e para os chatear, tem ali em baixo uma petição.

«Acima de tudo, se for pensado como benefício para a Igreja e Estado que o Cristianismo seja abolido, penso, no entanto, que deve ser mais conveniente escolher-se uma época de paz, e não o levar a cabo nesta conjuntura para desobrigar os nossos aliados, que, como se sabe, são todos eles Cristãos, e muitos deles, por prejuízo da sua educação, tão fanáticos que podiam ter uma espécie de orgulho nesse apelo religioso. Se, depois de sermos rejeitados por eles, estivermos confiantes para fazer uma aliança com os Turcos, devemos darmo-nos por enganados, pois, como eles estão tão longe, e geralmente envolvidos em guerra com o imperador da Pérsia, o seu povo havia de ficar mais escandalizado com a nossa infidelidade do que os nossos vizinhos Cristãos. Eles não só levam a sério a observância religiosa, como o que é pior, acreditam em Deus, o que é muito mais do que é exigido para nós, mesmo quando mantemos o nome de Cristãos.

Para concluir, o que quer que alguns pensem das grandes vantagens para confiar neste esquema preferido, eu penso que seis meses passados depois do Acto se aprovado para se extirpar o Evangelho, a Banca e o stock da Índia Ocidental deverá ter caído pelo menos um por cento. E uma vez que é cinquenta vezes tempo superior ao que a sabedoria da nossa geração achou conveniente aventurar-se pela preservação do Cristianismo, não subsiste qualquer razão para que tenhamos tamanha perda apenas pelo empreendimento da sua destruição. »

Jonathan Swift, An Argument against Abolishing Christianity

«(...)Outra vantagem proposta pela supressão do cristianismo é o nítido ganho de um dia em sete, que hoje anda inteiramente perdido e, por consequência, o reino um sétimo menos considerado no comércio, negócios e prazer; para além da perda pública de tantos espaços majestosos, hoje em dia nas mãos do clero que podiam ser convertidos em locais de diversão, casas de câmbio, mercados, dormitórios comuns e outros edifícios públicos»

Jonathan Swift, An Argument against Abolishing Christianity



desejam a continuação de uma feliz estação parvinha aos leitores e a todos os seus















via








Que em nada são iguais
Mas não tenho a certeza
de qual eu gosto mais



(...)Essa ideia de que os "poucos podem aperfeiçoar os muitos" encanta-me. Especialmente porque tem muitos a sustentá-la. A Santa Madre Igreja, por exemplo... Andou praticamente mil anos a aperfeiçoar a malta, uma Idade Média inteira. Bruniu, lustrou, burilou, aperfeiçou e tornou a aperfeiçoar. Teve o tempo quase todo do mundo e o beneplácito das autoridades. E quando já tinha o sujeito muito bem aperfeiçoado, eis que surge quem? - O homem moderno, esse pimpão. Que maravilha! - todo luminoso e protagonista...Uma beleza! O burguês-rei em pessoa, todo catita. O proto-ubu em acção. Com a lição muito bem aprendida. Direitinho, que nem bólide desenfreado, ao pescoço do rei e às jugulares do povinho. Desalmado até à medula. A Igreja, vejamos lá bem, com aquele trabalho todo, tão fulgurantes pensadores, uma hoste completa de santos-jóqueis de Platão e Aristóteles -estropiados e miniaturizados, estes, é certo, mas mesma assim superiores a qualquer Descartes de meia tigela - e o resultado é aquele? Nem Deus lhes valeu. Que desperdício, que esbanjamento inaudito de sinergias e prendadas doutrinas.
Ah, mas o paradigma manteve-se. Apenas mudou de hospedeiro: os jacobinos também acreditavam piamente que os poucos podiam aperfeiçoar os muitos. Regra geral e imperatriz, cortando-lhe a cabeça em excesso, quando não mera redundância da tripa. O seu projecto, aliás, era duma audácia exuberante: importava arrancar aquela cabeça cheia de ideias más e implantar em seu lugar uma outra atestada de ideias boas. Infelizmente, a guilhotina, esse magnífico instrumento, só resolvia a primeira parte do programa. Foi preciso esperar pela segunda metade do século vinte para que finalmente surgisse uma máquina capaz do programa completo: a televisão.
Voltando à saga paradigmática: na senda dos jacobinos, vieram depois os marxistas-leninistas. Ninguém lhes dissesse que tinha dúvidas de que os poucos pudessem aperfeiçoar os muitos. Ai do céptico! A vanguarda da classe operária, primeiro, a nomenclatura, logo a seguir, estavam mandatados pela Santa História Científica para acabar com todas as dúvidas. Os poucos não só iam aperfeiçoar os muitos como iriam aperfeiçoar o mundo na forma dum paraíso terreal.



A ler, na íntegra, no Dragoscópio


Discutevo appunto con Bergman della nevrosi nel mondo contemporaneo: facevamo insieme l’analisi del rapporto coniugale, cioè della coppia e della sua tragica incomunicabilità…

La malattia dei sentimenti.