Ingredientes:
- uma boa árvore de alcaçuz;
- um bode e uma cabra com genica,
- um diabinho dócil;
- um trabalhador a picareta, disposto a muito esforço;
- um Paraíso Terrestre perto de si;
- uma verdadeira montanha de lápis-lazúli e um dragão.
Primeiro, procede-se à apanha do alcaçuz, com a ajuda de um diabito e de umas pequenas judiarias estimulantes a um bode.
Depois, segue-se a segunda parte, com a extracção do lápis-lazúli, o que implica uma pequena deslocação lá para as bandas do Paraíso.
De acordo com Alberto o Grande, estas antigas gemas ainda mantêm no interior os efeitos milagrosos das estrelas e raios solares que as criaram, razão pela qual as montanhas que as guardam costumam estar defendidas por um dragão.
Por fim, procede-se à mistura milagrosa. Tritura-se muito bem o lápiz-lazúli e mistura-se o pó obtido com leite de cabra e o alcaçuz (nesta altura, convém que bode e o trabalhador a picareta se retirem) e deixa-se secar.
Os prodígios da pasta estão bem credenciados. Tanto a serve para esfoliações de limpeza na banhoca, como para tirar a febre, ou mesmo para intervenções em cegueiras momentâneas.
Se lhe faltarem ajudantes, tem sempre o recurso de encomenda online. Mesmo assim, convém ter cabrita ou bode a jeito, para as diabruras com o sabonete.
Quanto aos efeitos, também pode ir à confiança — não ligue à cegueira momentânea que depois costuma passar.