Compare:
A:
3.(...)Em Portugal, quase toda a gente diz sem problemas: "és mesmo judeu" ou "és mesmo cigano", nos sentidos de cruel e ladrão ou mentiroso, respectivamente. O brasão de Évora ostenta as cabeças de um casal mouro, acabadas de cortar por um cristão.
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Mesmo aqui na blogosfera existiu, durante quase um ano, um blogue dos melhores e mais lidos chamado Mata-Mouros. Ninguém se chateou com isso
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4.(...)quando um jovem ateu ou agnóstico tem de ver símbolos religiosos em quase todas as escolas públicas; quando os religiosos acham que nada disto faz mal (mas faz sim; pelo menos aos dez por cento de não-católicos que são tão cidadãos como os outros), quem é afinal desrespeitado neste país?
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Finalmente, diz-se que não se deve brincar com a igreja por uma questão de respeito para com os outros. Falemos então do respeito para com os outros. A Igreja em Portugal, na minha opinião, tem de o praticar bastante mais. Hoje em dia, o proselitismo religioso extravazou o espaço já de si generosíssimo que a lei lhe deu sem mais exigências. Nos media encontramos religiosos de todas as estirpes a fazerem a sua doutrinação.
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Das duas uma. Ou se proíbe a sátira, o que sucedeu em Portugal de 1768 a 1794, com fracos resultados. Ou, caso contrário, a sátira vale para todos sem excepção. Falo de sátira mesmo, não de piadinhas simpáticas. Sátira dura, às vezes injusta, sempre higiénica. Não precisa de que toda a gente goste dela – o que é, aliás, a negação do humor. Não me venham com os Monty Python e A Vida de Brian, de que todos parecem tão desportivamente gostar hoje em dia. A Vida de Brian é excelente mas é de 1979. Trazer o filme à discussão é como dizer às mulheres para não usarem calças porque isso já houve uma que as vestiu nos anos 20. Precisa é de ser uma sátira sempre praticada, porque uma liberdade que não se usa é uma liberdade que se perde. E porque se levarmos este tabu a sério viramos um Irão católico – e chato.
B:
Mas qual polémica ?
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Ver: documentos, trocas e baldrocas
A questão religiosa
estou indignado porque tu não te indignas