Enfermeira vai a tribunal por se recusar a tirar fio com crucifixo

  • "Everyone I have ever worked with has clearly known I am a Christian: it is what motivates me to care for others."

Dizem que é por causa da liberdade de pensamento e consciência

12 comentários:

joão viegas disse...

Ola Zazie,

Esta é facil : "Wrong. You only hold your position because you have undertaken to continue to care even if you find it not to be so christian after all, and so did Peter, Mary and all your colleagues, including those that find it christian to take such commitment..."

Não estou necessariamente a justificar a decisão (posso compreender que o crucifixo não ponha necessariamente em causa o compromisso), mas o raciocinio esta mal...

zazie disse...

Mas ela não foi obrigada a tirar o fio por causa do argumento que deu para o usar.

Foi obrigada por causa de uma lei besta que chama a usar um fio com um crucifixo uma ofensa à liberdade de pensamento e de consciência.

Portanto, se há "argumento" errado é o dos imbecis que inventaram a proibição.

Eu, no caso dela, nem me justificava- dizia que uso porque sim- porque ninguém pode impedir o que se usa ao pescoço ou nos dedos.

Só para chatear sempre que viajo na British Airways até levo bruta cruz no fio.

zazie disse...

Além do mais havia de ser giro todas as pessoas a terem de justificar em termos de consciência e pensamento os adereços que usam.

Isto é puro fanatismo do lobby do ateísmo militante.

São os mesmos que também querem arrancar cruzes dos adros das igrejas e espaços públicos por chamarem uma ofensa a ateus ou de outras religiões (provavelmente aos judeus).

Esta gentalha devia era levar uma coça na praça pública.

E o Luís Rainha, aí da blogo, já escreveu uma merda a defender esta anormalidade. Temos por cá jacobinada pior que a que medrou no tempo do mata-frades.

zazie disse...

Só por causa das teimas:

O seu argumento é que está errado.

Se há uma lei que impede as pessoas de usarem cruzes ao pescoço- essa lei não pode justificar-se pela motivação com que trabalham.

Ninguém do hospital poderia dizer que a motivação dela depende do cumprimento de um contrato de emprego.

Porque não existem bruxos para lerem o que sentimos ou pensamos.

O máximo que poderiam dizer é que cumpre ou não cumpre o trabalho para o qual assinou um contrato.

Com que motivação o faz é que é outra coisa- e essa- a motivação, não é passível de se levar a tribunal nem pôr em causa.

Se ela diz que a motivação é cristã, o mais que têm de fazer é calar. Que eu saiba, uma lei destas e uma chatice de tribunal para quem cumpre bem o trabalho e ainda diz que tem motivação de fé para isso é que é uma ignomínia e devassa da consciência de cada um.

joão viegas disse...

Cara Zazie,

Você esta provavelmente carregada de razão como sempre.

Não conheço este caso especifico e o artigo linkado não da bem para perceber mas, em regra geral, NAO é em nome da liberdade de expressão que esse tipo de decisões são tomadas. E' em nome da neutralidade do serviço publico de saude... que não é bem a mesma coisa.

E' obvio que, se se pretendesse fundamentar este tipo de decisões na liberdade de expressão, estariamos perante uma evidente contradição.

Foi so o que eu procurei dizer...

Mas deixe estar que, se não foi nesse, ha de se arranjar facilmente um comentario meu que justifique as vergastadas.

zazie disse...

Mas que raio de neutralidade é que existe num serviço público que passe pelos adereços que se usa?

Ela fazia missa sempre que tinha de colocar o soro num doente?

Se fosse macumba, ainda se percebia- que isso é que era lixado ter-se enfermeiras a espetarem bonequinhas com alfinetes para se verem livres dos doentes, né?

Está justificada a vergastada?

É que esta é uma lei jacobina igualzinha à que já implementaram na BA com o argumento que um crucifixo pode ser uma ofença a alguma passageira com burka ou passageiro de kipaa.

Isto é uma merda do mais nojento possível. E deviam ser proibidas estas exigências.

Havia de ser lindo se me proibissem a mim de andar com fio com crucifixo ao pescoço, podendo usar a mão-de fátima e o signo saimão, já agora ou até um falo pagão.

":OP

zazie disse...

Eu cá ia era com uma cruz de alto a baixo no vestido. E, se fosse preciso ainda levava uma kippa com bordados da ucrânia por cima de uma burkinha com renda árabe a tribunal.

eheheh

Palavra. Passo-me com estas taras de quem depois diz que o Estado é laico mas faz co0m que o Estado se comporte como um tarado endemoninhado.

zazie disse...

Na volta o director do hospital usa avental sem ser na cozinha.

Aqueles ingleses são anormais. Isto ainda é efeito da proibição do catolicismo.
No século XVIII ainda queimavam católicos no mercado de carne de Smithfield

ehehehe

Por acaso até vou fazer post acerca disto, com exemplos do Hogarht e do Swift

joão viegas disse...

Cara Zazie,

Tem piada que, movido por um escrupulo, voltei a ler o artigo e, afinal, vejo que o hospital se escudou exclusivamente com motivos de ordem médica (a saude dos pacientes) e, portanto, com o interesse do serviço, sem quaisquer referências (pelo menos que eu visse) à regra de neutralidade. Portanto eu também cai na esparrela e ja estava a armar uma guerra de religião onde ela provavelmente nem existe.

E' possivel que tenha havido abuso (não conhecemos o caso), mas o hospital esta apenas a dizer : tudo bem com o seu cristianismo, so que acima dele esta a nossa missão de velar pela saude dos pacientes.

Seja como fôr, concordo que a neutralidade tão falada nos paises laicos (que não é o caso da GB) não devia passar dessa exigência : não pôr o credo acima do interesse do serviço.

Mas é dificil porque, da mesma forma que o meu primeiro movimento foi pensar que estavamos perante uma questão de neutralidade (e a Zazie sabe que eu sou um laico empedernido, apesar de tudo), o primeiro movimento da enfermeira em causa foi pensar que o hospital tinha esta exigência apenas porque não queria que ela exibisse a sua condição de cristã.

Ou seja : o crucifixo sobrepõe-se à realidade tanto para quem o utiliza como amuleto, como para quem olha para ele como um fantasma.

Em ambos os casos, temos uma atitude de medo e de recolhimento sobre o nosso ego.

Ou seja, uma atitude... religiosa (no mau sentido do termo).

Mas também uma atitude inevitavel, porque tanto quanto sei, o serviço é feito por pessoas e, afinal de contas, se não tivessem credo nenhum, o mais provavel seria não existir serviço sequer !

E este blogue continua lindo.

Volto ca mais tarde para ler o post sobre Herculano.

zazie disse...

Ora viva,

Pois cheirou-me a enxofre mas estava-me a esquecer que era v.

eheheheh.

Vamos lá a ver uma coisa.

Primeiro- não existe neutralidade nos actos e motivações das pessoas.

O Estado é que não se deveria meter, fazendo passar-se por consciência neutra colectiva- quando o Estado mais não é que uma cúpula que tem de assumir algo maior que é a História e tradição de uma Nação.

Portanto, esta acção em nome do Estado não foi neutra- foi ateia. O laicismo é uma palavra deturpada- laicos somos todos nós, à excepção dos que fazem os votos da congregação.

2- Ninguém pode inventar taxionomias para meros adereços que se usam.

Há muitos ateus que andam de fio com medalha de santinho ao pescoço e até se casam pela Igreja- conheço uns bem de perto.

O significado que se dá a um fio com um crucifixo não é sequer taxativo para o próprio, portanto nunca poderá vir uma comissão do emprego, psicanalisar quem os usa.

3º- Perante um fio ao pescoço de outrem, ninguém tem absolutamente nada que se queixar. Porque, das duas uma- ou lhe é indiferente- ou não- por acreditar em Cristo. Quem é indiferente só por inversão diabólica da mensagem poderia ver nele uma afronta- motivo pelo qual os ateus militantes deviam assumir o beija-cu ao bode, em vez de terem achaques de orfandade.

4- Todos os trabalhos valorizam motivações- a mais moderna, depois da morte de Deus, é a motivação do carcanhol.

Se a enfermeira andasse com um fio dalinaiano a dizer "avida dollars" nunca ninguém se lembraria de a chatear.

São os tempos...

Beijinhos e obrigada. Ando sem tempo para o Cocanha.

zazie disse...

E ainda há outro aspecto.

Ela não é freira. Não professou. Ninguém tem direito de lhe cobrar deveres cristãos como se isto fosse coisa de partido em que se compra logo o pacote todo.

Ela é igual a qualquer um de nós e eu, mesmo com simpatias católicas, nunca teria estômago nem motivação para ser enfermeira.

zazie disse...

Esqueci-me de resumir tudo isto numa palavra:

"jacobinismo".

O que não é proibido, é obrigatório.

Pode parecer contraditório com uma monarquia liberal, já que se associa sempre à Revolução Francesa mas, a verdade, é que foi de Inglaterra que partiu a ideologia e também é certo que os protestantes sempre tiveram uns estranhos problemas com a crucificação. Tendem mais para a segunda vinda que para a primeira.

E a coroa ainda há pouco tempo impedia herdeiro católico.