{Para o Gioachino columbófilo }
Na Idade Média,médicos e lentes foram alvo de chacota, pois de ambos nunca se sabe quando falta o talento ou pode ir o intento.
As sátiras não os pouparam, e até os religiosos, enquanto estavam no coro, apoiavam os traseiros nas misericórdias corais, onde estas brincadeiras bem profanas eram esculpidas sem pudor.
No cadeiral da catedral da Colegiada de Cuenca (1453-54) podemos ver um “cara-de-cu”, armado em sábio, com os óculos de pseudo-intelectual encavalitados nas bochechas por onde pensa.
Por muito que bote discurso, daquele orifício falante a única coisa que pode sair é dejecto.
Na misericórdia do cadeiral de Zamora (1502-05) a brincadeira é mais rebuscada. Trata-se do veterinário voyeur que parece muito concentrado a estudar a qualidade das fezes do bácoro, enquanto lá vai espreitando o traseiro do animal.
Na época, a sátira visava os assédios homossexuais, disfarçados nestes cuidados medicinais demasiado copófragos.
Nada que a modernidade pós Freud não tenha tornado um exercício mental ao alcance de qualquer um - a diferença não estará tanto no que projectam ao espelho, mas antes no facto de agarrarem a bata primeiro que o paciente.
Na Idade Média,médicos e lentes foram alvo de chacota, pois de ambos nunca se sabe quando falta o talento ou pode ir o intento.
As sátiras não os pouparam, e até os religiosos, enquanto estavam no coro, apoiavam os traseiros nas misericórdias corais, onde estas brincadeiras bem profanas eram esculpidas sem pudor.
No cadeiral da catedral da Colegiada de Cuenca (1453-54) podemos ver um “cara-de-cu”, armado em sábio, com os óculos de pseudo-intelectual encavalitados nas bochechas por onde pensa.
Por muito que bote discurso, daquele orifício falante a única coisa que pode sair é dejecto.
Na misericórdia do cadeiral de Zamora (1502-05) a brincadeira é mais rebuscada. Trata-se do veterinário voyeur que parece muito concentrado a estudar a qualidade das fezes do bácoro, enquanto lá vai espreitando o traseiro do animal.
Na época, a sátira visava os assédios homossexuais, disfarçados nestes cuidados medicinais demasiado copófragos.
Nada que a modernidade pós Freud não tenha tornado um exercício mental ao alcance de qualquer um - a diferença não estará tanto no que projectam ao espelho, mas antes no facto de agarrarem a bata primeiro que o paciente.