Aproveitando para retribuir as magníficas esculturas do gótico germânico que o caro amigo "ateu e laico" Lutz me dedicou, lembrei-me de uma retribuição mais alargada muito cá do Cocanha.
Dirige-se, do mesmo modo, a outros, para testemunhar que o paganismo e outras iconoclastias incomodaram tanto os templos medievais como o espírito que nos norteia.
As igrejas também eram isto- uma autêntica Bíblia onde nenhum factor da vida era excluído de representação. Misturando tradições populares com eruditas, religiosas com as mais profanas sátiras e licenciosidades, os cadeirais de coro foram os objectos preferidos de todas as fúrias puristas e purificadoras. Primeiramente amputando-lhes detalhes mais mundanos, em prol de reformas de costumes; depois em nome mais alto e bem mais moderno - o da invasão da Razão iluminista que os queimou por inteiro, sempre que lhes deitou a mão.
Este sim, foi o grande martírio que a arte também sofreu às mãos dos mais contraditórios zelos e outros desmandos sempre excessivamente espirituais.















































imagens:

acrobacias- catedral de Colónia
jovem dançante- catedral de Colónia
amantes- catedral de Colónia
rapariga a tirar as cuecas- antiga Colegiada de de Saint-Cernin, Auvergne
menino a aprender a andar no triciclo, Bruges, Igreja de Saint Sauveur
cena de clister, Bruges (museu)
cena homossexual- beijo do demónio- cadeiral de Oviedo
julgamento Final- cad. Catdral de S. João em Bois-le-Duc (Brabante)
louco, cadeiral de catedral de Colónia
herege agrilhoado,mouro a fazer salamaleque,nobre pensativo-
cadeiral do mosteiro de Santa de Crus de Coimbra

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e se com esta salganhada de dedicatórias não acabar o Cocanha deslincado, só pode ser porque o espírito natalício ainda é levado muito a sério
ehehehehehe

10 comentários:

zazie disse...

que símbolos de inverdade?

o que são símbolos de inverdade?

onde?

PõÔÕ...

já ouvi muita coisa na vida mas essa de símbolos de inverdade é a primeira vez ":O)))

e qurebrar dogmas para impedir o quê?

que dogmas?

que proselitismo malévoilo?

o dos jacobinos que destruíram os meus queridos cadeirais e mais o resto todo a que deitaram a mão?

meu caro, esses estão controlados. hoje em dia só temos 7 activos e até o Louçã lhes fez um manguito ":O)))


que estás para aí a dizer? cá para mim foste mas foi ao símbolo de irmandade Calém à hora de almoço

ahahahaha

zazie disse...

mas se isso é com o Cocanha calma aí que já te dou a resposta em primeira página. Aqui só nos proibimos a nós próprios e ao Rei de Espanha!

ahahahhaa

timshel disse...

sinto sempre uma enorme dificuldade em comentar os teus posts "estéticos"

zazie disse...

fica com vergonha, é?

ehehehe

timshel disse...

a sério

é uma coisa curiosa, uma mistura de ignorância e de vaga repugnância

mas não me leves a mal: nem a minha ignorância e muito menos a minha vaga repugnância são culpa tua

na prática é como se estivesses a falar marciano: por vezes sinto que o marciano é uma língua rica ou bonita ou interessante mas nada me toca nem nada me diz (decididamente a minha aversão a questões estéticas visuais é mais a consequência de uma dada estrutura de personalidade do que de uma deliberada opção ideológica ou religiosa)

apenas de vez em quando :)

zazie disse...

essa agora tem piada...

mas olha lá, eu linkei-te precisamente por causa daquela conversa em que tu dizias que eu tinha uma visão folclórica da Igreja e eu te respondi que sem folclore nem havia Igreja.

Isto que eu coloquei aqui era a decoração natural das cadeiras de coro!

não é estética minha- são decorações naturais que se usavam na Idade Média e que só começaram a acabar a partir do Concílio dr Trento ou no seguimento das iconoclastias dos países que aderiram à Reforma.

O que eu te pergunto é mais simples- que pensas desta Igreja?

isto não era visível pelos fiéis porque os coros estavam fechados. Mas eles viam e escolhiam os artistas e não se importavam em gozar com os seus próprios males ou mostrar tudo o que dizia respeito ao mundo.

Claro que na marginalia da pedra também havia, mas nos cadeirais era assim, uma bíblia moralizadora do mundo.


Que tens a dizer disto, meu caro Tim? também te mete nojo que a Igreja Católica fizesse isto?

É que se há erro comum a muito crente e a muito ateu militante é que Igreja é só crença e não é cultura e tradição como disse o idiota do Louçã no debate

zazie disse...

e olha que já tenho mais um poste na calha por causa da festa do Corpo de Deus

E é também para responder à tremenda ignorância de um César das Neves que faz pior trabalho pela Igreja que 20 ateus juntos

zazie disse...

é claro que nem é para responder aos 7 ateuzinhos laicos do relatório dos crucifixos porque esses nem merecem resposta de tal modo aquilo é patologia misturada com a mais profunda ignorância

timshel disse...

pois é zazie

a cultura e a tradição dizem-me muito pouco

sabes porquê?

porque são a humanidade histórica liofilizada: encontramos lá o bem e o mal, o belo e o nefasto, em suma, o relativismo vestido com as faustas e nobres vestes dos nossos antepassados

zazie disse...

ok, podem-te dizer até nada, isso já eu desconfiava porque tu para desceres lá do alto só se for por uma boa garrafa terrena mas, ainda assim rapaz, o que tu tens aqui é obra da Igreja!

Não importa agora apenas o mundo, importa também a visão que a Igreja tinha de si própria- isto não é arte profana encontrada entre heresias ou meros palácios de corte- isto é mobiliário litúrgico, rapaz! e por isso não podes contentar-te em virar os olhos porque não te interessam os antepassados.

Estes antepassados são os contrutores do Cristianismo- tiveram mais importância na unificação de uma Europa que tem hoje a UE ":O))) e esta também era arte deles.-correspondendo a uma complexa visão do mundo que me parece até bem mais interessante que a dos nossos dias.

Isto é que era a mais antiga noção de que nada de humano deve ser estranho a quem comanda o "rebanho". Por isso é que me inriga o que te incomoda.

Incomoda-te porque desconhecias que também se esculpiam estas coisas um pouco por todo o lado dos templos?

Incomoda-te porque te parece demasiado profano para umá igreja?

acho que tenho de postar a carta do S- Bernardo ao Abade Guillherme para vermos como isto (ou melhor, algo mais fantástico nos capiteis românicos) também pareceu contrário ao rigor de muitos puristas.

E olha que ia imaginar que o teu temor é bem mais parecido com o do S- Bernardo do que imaginas...

ehehehe

ele também temia porque sentia...

(o certo é que não teve qualquer responsabilidade na destruição de nada, mas a verdade é que ainda no século XIX o citavam para se desculparem em não restaurar certas "poucas vergonhas")