Depois de enunciar as diferenças significativas entre as mulheres da época e as do tempo das avozinhas de outrora, enaltecendo os mais variados ramos em que as mulheres se destacavam, justifica também o papel de fada-do-lar tão bem ilustrado pela cara-metade do
“Mas ao seguirmos de perto o triunfo alcançado pelas mulheres de hoje, empenhadas em demonstrar que quando o ensejo ou a vocação surgem, dispõem realmente de largos recursos para vencer, assalta-nos o vago terror de a vermos desertar das suas funções naturais desdenhando a sua missão puramente feminina, abandonando por fim as ocupações do lar.
O perigo, porém, é na realidade menos grave do que se afigura ao primeiro exame. O sentimento da sua feminilidade por muito que ela se encontre em conflito com o meio onde as circunstâncias a conduzem, subsiste sempre no espírito e na consciência da mulher. Pode aturdir-se um instante entre o fragor das forjas, o bater dos ferros, o arfar dos motores, o sibilar dos ventos; mas lá surge o momento em que se lembra das rendas, do conforto do lar, do sorriso do homem amado, quiçá do carinho dos filhos. E ei-la nostálgica da vida simples, descuidosa, serena, da sua casa onde ela é e será sempre a soberana. Então, sem mesmo se aperceber de que obedece mais a uma necessidade instintiva, do que às exigências do equilíbrio doméstico, ela trocará alegremente a chave de tubos ou a chave de porcas pela agulha, e em vez de poisar as mãos delicadas no aro polido do volante, escondê-las-á com muito maior graça e propriedade, nas peúgas do marido, carecidas dos pontos que só ela sabe tecer, a exemplo do que faz a esposa do primeiro magistrado da América do Norte (...)”
-E tinha toda a razão. Realmente, com esta febre do sucesso e do estrelato, anda para aí muita dama que já nem mãozinhas tem para as porcas, quanto mais para as peúgas do marido..
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foto:"com a mão na porca"- M.elle Andrée Peyre afinando o motor do seu aero, companheiro dilecto de aventuras e perigos
* bacorada da responsabilidade da casa