Mercury (loquitur). The mischief a secret any of them know, above the consuming of coals and drawing of usquebaugh! howsoever they may pretend, under the specious names of Geber, Arnold, Lulli, or bombast of Hohenheim, to commit miracles in art, and treason against nature! As if the title of philosopher, that creature of glory, were to be fetched out of a furnace! I am their crude and their sublimate, their precipitate and their unctions; their male and their female, sometimes their hermaphrodite—what they list to style me! They will calcine you a grave matron, as it might be a mother of the maids, and spring up a young virgin out of her ashes, as fresh as a phœnix; lay you an old courtier on the coals, like a sausage or a bloat-herring, and, after they have broiled him enough, blow a soul into him, with a pair of bellows! See, they begin to muster again, and draw their forces out against me! The genius of the place defend me!"
Ben Jonson,Mercury vindicated from the Alchymists, 1616
Era assim que o dramaturgo britânicoBen Johnson resumia a charlatanice do tempo, em mascaradas e comédias alegóricas, onde os alquimistas iam para a berlinda.
No texto citado no post anterior , Roger-Pol Droit também refere as magias financeiras e suas derrocadas como arte de alquimistas dos novos tempos.
Esquece-se é que foi precisamente por esse nome que foram gozados desde a bolha das túlipas na Holanda, passando pelas duas catástrofes simultâneas - a bolha do Mississipi, e a dos Mares do Sul, em Inglaterra, no ano de 1720, como contámos aqui.
O próprio Bem Johnson incluía nesse rol de “alquimistas” os charlatães adoradores de Mammon, sempre acompanhados do “séquito mercurial” (ver: Cynthia Revels (1601) e Mercury vindicated from the Alchymists ).
Era com o uso de mercúrio que se sonhava com a transmutação dos metais e a descoberta do lápis- a pedra dos filósofos. E foi também com o uso de mercúrio amalgamado que se passou a fabricar a liga de prata que, a par da política de livre cunhagem, levada pelos marranos portugueses para a Holanda, esteve na base da expansão monetária e das primeiras grandes crises financeiras.
E é também pelo mesmo motivo que as gravuras satíricas, destas desgraças de que agora tanto se fala, incluíam o divino Mercúrio aprisionado, como na sátira do Arlequim Accionista, ou mesmo a pedir esmola, enquanto o expert John Law soltava gargalhadas pela venda de ar e o accionista se lamentava do engano.
A fraude financeira assemelhava-se a uma demoníaca tentação e engano. As gravuras repescavam iconografias antigas, fazendo-a figurar como uma quimera ou monstro ctónico- semelhante a um Anúbis mercuriano, como acontece neste exemplo.
O predador da ilusão e das trevas (antepassado de um yuppie lobisomem), deita-se sobre o saco das acções- ventos do dia seguinte, emparelhando com uma aterrorizadora Equidna.[De laggende Law, de treurende actionist met de smekende Mercurius. [Law laughing, the shareholders mourning, and Mercury entreating.] Publicada em Amsterdão, 1720]
No fim, tal como sucedeu uns séculos mais tarde na América e de forma bem real, com os internamentos kellog para banqueiros em ressaca, também acabavam em caricaturas de maluquinhos, oferecendo as cabecinhas pensadoras à extracção de outra pedra- a da loucura.
Pena é que nunca se aprenda com a História e muita falta faz hoje em dia este talento artístico e literário para o relatar.
Ben Jonson,Mercury vindicated from the Alchymists, 1616
Era assim que o dramaturgo britânicoBen Johnson resumia a charlatanice do tempo, em mascaradas e comédias alegóricas, onde os alquimistas iam para a berlinda.
No texto citado no post anterior , Roger-Pol Droit também refere as magias financeiras e suas derrocadas como arte de alquimistas dos novos tempos.
Esquece-se é que foi precisamente por esse nome que foram gozados desde a bolha das túlipas na Holanda, passando pelas duas catástrofes simultâneas - a bolha do Mississipi, e a dos Mares do Sul, em Inglaterra, no ano de 1720, como contámos aqui.
O próprio Bem Johnson incluía nesse rol de “alquimistas” os charlatães adoradores de Mammon, sempre acompanhados do “séquito mercurial” (ver: Cynthia Revels (1601) e Mercury vindicated from the Alchymists ).
Era com o uso de mercúrio que se sonhava com a transmutação dos metais e a descoberta do lápis- a pedra dos filósofos. E foi também com o uso de mercúrio amalgamado que se passou a fabricar a liga de prata que, a par da política de livre cunhagem, levada pelos marranos portugueses para a Holanda, esteve na base da expansão monetária e das primeiras grandes crises financeiras.
E é também pelo mesmo motivo que as gravuras satíricas, destas desgraças de que agora tanto se fala, incluíam o divino Mercúrio aprisionado, como na sátira do Arlequim Accionista, ou mesmo a pedir esmola, enquanto o expert John Law soltava gargalhadas pela venda de ar e o accionista se lamentava do engano.
A fraude financeira assemelhava-se a uma demoníaca tentação e engano. As gravuras repescavam iconografias antigas, fazendo-a figurar como uma quimera ou monstro ctónico- semelhante a um Anúbis mercuriano, como acontece neste exemplo.
O predador da ilusão e das trevas (antepassado de um yuppie lobisomem), deita-se sobre o saco das acções- ventos do dia seguinte, emparelhando com uma aterrorizadora Equidna.[De laggende Law, de treurende actionist met de smekende Mercurius. [Law laughing, the shareholders mourning, and Mercury entreating.] Publicada em Amsterdão, 1720]
No fim, tal como sucedeu uns séculos mais tarde na América e de forma bem real, com os internamentos kellog para banqueiros em ressaca, também acabavam em caricaturas de maluquinhos, oferecendo as cabecinhas pensadoras à extracção de outra pedra- a da loucura.
Pena é que nunca se aprenda com a História e muita falta faz hoje em dia este talento artístico e literário para o relatar.
- Ver: DOUGLAS E. FRENCH, Early Speculative Bubbles and Increases in the Supply of Money, 2ª ed. Mises Institute
- Charles Mackay, Extraordinary Popular Delusions and the Madness of Crowds,1841.
- E também o excelente site já referido- The Bubble Project, de onde provêm as imagens.