Ainda a propósito do atribulado Concílio de Basileia-Ferrara-Florença , recorde-se o incidente de disputa de lugares nos assentos corais, descrita pelo conde de Ourém.

Em Basileia, o Concílio decorreu no coro da catedral, sentando-se os dignitários cadeiral mandado fazer para o efeito. O ritual de ocupação das cadeiras subordinou-se à usual hierarquia religiosa. As primeiras cadeiras, destacadas e viradas para o santuário, foram ocupadas, à esquerda e à direita, pelo Papa e pelo Imperador Segismundo, sendo as restantes laterais destinadas aos representantes religiosos das diversas coroas presentes.

Segundo conta o Conde de Ourém, sem esconder um certo prazer maldoso, logo no primeiro dia, o representante de Castela não gostou nada de ter sido ultrapassado pelo representante português- D. Antão Martins Chaves, na proximidade de assento em relação ao Imperador. Honra bem merecida, pois fora a ele que o próprio papa incumbira a importante missão de ir a Constantinopla para convencer o Paleologo a participar no Concílio.

O castelhano decidiu então uma medida mais expedita. Ofereceu ao seu homólogo de Inglaterra, trinta mil florins pela troca de lugar, tentando assim uma ultrapassagem “peninsular” mais honrosa. Mas parece que o clérigo inglês, não foi na conversa e Alonso de Cartagena não esteve com meias medidas. No dia seguinte levantou-se mais cedo e sentou-se no lugar do inglês. Este, quando chegou e deu com o assento ocupado pelo espanhol, esqueceu a fleuma britsh e sacralidade do local, avançou, deu-lhe um encontrão e derrubou-o da cadeira.
A história ia degenerando em rixa não fosse a intervenção congregação dos cardeais mandar de novo cada um para o seu lugar.
Castela perdeu a cadeira mas em troca tirou-nos as Canárias e, o que o nosso conde também nunca contou, foi o destino dado aos ditos florins...

Consultar: "Diário do Conde de Ourém ao Concílio de Basileia", publicado por António Caetano de Sousa nas Provas da História Genealógica da Casa Real Portuguesa, tomo V, 2ªparte, pp. 235-306.
Publicação recente: Dias, Aida Fernanda. Diário da Jornada do Conde de Ourem ao Concílio de Basilea. Ourém: Câmara Municipal de Ourém, 2003.

1 comentários:

zazie disse...

como quando ele dizia que quem precisava de reforma eram os clérigos italianos?

Que diabo,se há alguém que valia a pena que tivesse a porcaria de um blogue era o hajapachorra

":O)))