e em Giorgio Gemisto, Marsillo Ficino e Pico della Mirandola...



Também me apeteceria dizer o mesmo. Esse era o projecto de Paz Universal, sustentado pela sabedoria helénica.














Para contraditório, pelo lado aristotélico, recordava-se Jorge de Trebizonda

e Giorgio Gennadio Scholarios

As posições neo-platónicas (A Irmandade Paltónica, nas palavras de Gemisto) que defendiam uma fusão entre o paganismo da antiguidade clássica, e as religiões do Livro, chegaram a ser debatidas no Concílio que colocou fim à crise do papado.

Trebizonda, um pensador bem mais consistente, mostrava-se chocado com este ressurgir das teses apóstatas do Imperador Juliano.

Dizia o grande aristotélico: «Ouvi eu em Florença- tinha ido ao concílio com os gregos- gente que assegurava que todo o mundo nos próximos anos haveria de acolher uma única e mediadora religião com uma única fé, uma única mente e uma só prédica, tendo-lhes perguntado: “cristão ou maometana?”, resposta. “nenhuma das duas, mas não diferente da que dos pagãos".
Indignado com estas palavras que sempre odiara e considerara idênticas a uma serpente venenosa, não pude ouvir nem escutar mais (...)
Vi-o eu próprio, e vi-os pregarem hinos ao Sol, como criador de tudo, exaltando-o e adorando-o com tanta elegância de palavras, doçura de composições e sonoridade do ritmo... davam ao Sol honras divinas com palavras tão cautelosas que anteriormente só os mais doutos só teriam apercebido se estivessem muito atentos».

Consultar:
- “I Paleologi L’ultima dinastia di Bisanzio (1259-1453), Porphyra, Anno III, nº VII, Maggio, 2006

- Fabrizio Mondì, “La ‘praefatio’ alla versione latina delle Leggi di Platone di Giorgio da Trebisonda, saggio introduttivo e traduzione italiana” Engramma, n. 8, Maggio 2001.

imagens:
1-Cosimo Rosselli, Igreja de S.Ambrogio, Florença (det.) 1484-86(Marsilio Ficino(esquerda); Pico della Mirandola (centro)
2- Genadio II


10 comentários:

zazie disse...

Este post está incompleto. Não o devia ter publicado assim. Já vou acrescentar umas coisas para que se perceba a diferença entre as posições neo-platónicas e as aristotélicas. E também para se entender em que consistia esse projecto de fusão de todas as religiões.

Estou sem tempo, mas assim fica confuso.

A minha posição "panteísta" é de de outra ordem. É estética e cultural

zazie disse...

Agora deixaste-me com mais vontade de te responder que de acrescentar o post, meu malandro...

O que o Papa recordou, aplica-se a qualquer religião. Ele não pode ficar impedido de criticar a violência da propagação da fé, pelo facto de antepassados seus o terem feito. Não só não o pode do ponto de vista intelectual, como nem pode do ponto de vista da própria Igreja que já pediu desculpas oficiais pela Inquisição.

O que o Franco Atirador recordou e eu também me tinha lembrado ontem ao fazer o outro post, foi o projecto panteísta dos neo-platónicos que chegou a ser debatido em concílio. Concílio de crise da Igreja Católica, entenda-se. Os momentos eram de crise geral.

E é esse aspecto que tenho de acrescentar ao post. Ainda que não seja área que estude, creio que as posições do Trebizonda eram muito mais consistentes, do ponto de vista teórico. Mas o neo-platnismo fez escola e o Malatesta bem que patrocinou todos eles.

Quanto ao lado utópico que tu salientaste creio que concordo. As únicas utopias que interessam são as que não se podem realizar. São as aspirações teóricas. De certo modo são fugas.

E eu gosto de fugas teóricas e estéticas quando o clima se torna demasiado boçal.

Agrada-me mais que se recordem os Paleólogos e os sábios bizantinos, que se macaqueia a rua árabe mediática.

Para gente a berrar que é superior aos outros temos os jornaleiros e a tv.

Não achas?

zazie disse...

Para um ateu a tua posição até me parece mais honesta da que muitas que deram em ir à boleia do Papa para destilarem o fel contra os gajos.

O Timshel é católico e parece que pensa algo idêntico. Eu não sou lá muito católica mas não sou ateia e a minha posição é diferente.

Primeiro, quando falo em “posição diplomática” do Papa (que valorizo) não a comparo com a de um Chefe de Estado. O que digo é que até é um bom exemplo para muito chefe de estado.

O Papa tem uma posição invejável que o Islão não tem: é único! Os tipos não têm este chefe supremo. Mais ninguém a tem. Acho muito inteligente que o Papa tire partido desta supremacia espiritual e terrena. E é ai, nessa especificidade ímpar, que digo que a missão superior que tem é a de promover a Paz no mundo. Por isso entendo a forma como se “desculpou” sem precisar de pedir desculpa.

Se estas palavras tivessem sido proferidas da janela do Vaticano para a Praça de S. Pedro, era outra coisa. Mas não foram. O contexto universitário e até as páginas do discurso não se equiparam à tradução simplista propagada pelos media e usada pelos chefes islâmicos.

Por outro lado, ao contrário do que tenho lido, não me parece que seja à custa do Paleólogo ou da defesa de uma razão que prescinde da violência que as reacções ocorreram. Creio que foi por motivos mais básicos ou mais fortes, como se entender- por ter sido citado Maomé como e o Islão como uma religião da espada e da violência.

Aqui é que se podem misturar os campos políticos com os ideológicos e religiosos.

Teoricamente concordo com a afirmação e não me passa pela cabeça que o Papa tenha agora por missão andar para aí a criticar o passado do Cristianismo ou a fazer comício político. Cada “macaco no seu galho”. Ele, como representante do Catolicismo, pegou em exemplos histórico-religiosos e fez uma comunicação de âmbito teórico em espaço universitário. No local próprio, no contexto certo.

As reacções não as podia prever nem tem que limitar o papel religioso que lhe compete por força de melindres de outros chefes religiosos que nunca pediram desculpa histórica por nada.

Estes foram os factos não previsíveis. A seguir deram-se as reacções. Perante elas o Papa teve a inteligência de dar a volta e colocar o papel de promotor da paz acima de tudo o resto. Não entendo que mais poderia fazer e muito menos encontro aqui qualquer pretexto para o criticar.

Gosto do Ratzinguer, e gosto desta posição da Igreja em querer manter aquilo que é. Ainda que esteja decadente e ultrapassada por todas essas seitas que para aí anda, ou pelo deus dólar, prefiro esta dignidade vincada na grande superioridade de que ainda não falámos- o património histórico-cultural de 2 mil anos de História. Este património não é para atirar à cara de ninguém porque também ele é devedor dos outros que se perderam. Algures por aqui anda o tal “panteísmo estético” que me atrai. Se quiseres, traduz-se no oposto da balofice da crença da “superioridade dos valores ocidentais” traduzidos pelo folclore político-partidário.

beijocas para ti também.

E olha que eu sou pocinho de aparentes contadições entre crenças, história e política presente. Deve ser efeito da minha "costela lampedusa"
ahahahah

zazie disse...

correcção: quando eu digo que a principal missão do Papa consiste em promover a Paz no mundo, é uma apreciação valorativa da minha parte. A principal missão do cargo do Papa é representar a Igreja Católica e na sua doutrina é que se incluiu a promoção da paz.

Por isso é que o Papa nunca pode ser laicizado, como v.s queriam.

Essa é a grande orfandade dos ateus. Estão confinados aos chefes de estado


ahahahaha

zazie disse...

Antónimo,

Folgo por, ao menos tu, teres compreendido que eu não sofro da síndrome de Estocolmo.

Só sofrendo dela é possível haver quem, sendo ateu ou defensor de progressismos, se sinta do lado das expressões mais intolerantes de uma religião nada “progressista".

Se por vezes os compreendo é porque também não sou frouxa.

zazie disse...

antes de ficares histérico a catalogar pessoas nas teus maniqueísmos, seria melhor que te iformasses do que elas dizem e pensam.

O José tem dos textos mais fortes e mais interessantes contra toda a política de agressão dos neo-cons que se pode encontrar na blogosfera. E já os escrevia no Pastilhas, na altura da invasão do Iraque.

Menos facilidade de etiquetagem, meu.

E outra coisa- tal como eu, também não sofre da síndrome de Estocolmo.

zazie disse...

já agora, como também sou um bocado sacaninha, aproveito para te recomendar o mesmo que recomendei ontem ao merdinhas.

V.s aqui no Cocanha não contem em converter nem a mim nem ao musaranho ao famoso "ateísmo progressista" que teve aquela expressão máxima no Gulag. Nem venham ao engano à espera de barneibadices da moda. Se nem eu nem o musaranho somos pela política intervencionista e não gramamos os mesmo por parte de Israel; nem somos liberais ou ostentamos pergaminhos ideológicos de qualquer ordem, isto não quer dizer que aqui seja o da Joana barnabeica.

Se querem chatear barnabeicos que deram em neo-cons que ainda por cima são ateus e "progressistas" como v.s e votam BE ou PS, posso-lhes indicar uns blogues de "colegas"

";O)

zazie disse...

áh, e já me esquecia. São tão ateus militantes que falam por siglas- a Icar e o rato zinger e coisas assim mas agora andam à boleia do Papa porque também lhes deu um ataque de politicamente correcto e só admitem países sem burkas, com paradas gay e que ainda andem a bater com a mão no peito em meas culpas por causa do Holocausto.

zazie disse...

Obrigada Hajapachorra. Esta não é mesmo a minha área mas andei a ler uns escritos do Manuel Paleologo a propósito das interpretações dos sonhos e depois fui por aí fora...

Por aí e por causa da iconografia dos motivos lombardos que aparece no templo do Malatesta em Rimini.

Como está a ver, tudo coisas bem ao lado

zazie disse...

é uma pergunta estúpida que merece uma resposta idêntica mas tenho de a fazer: o Hajapachorra não tem um blogue?

eheheh

Já que estamos no meio e eu não gosto nada de me meter na vida fora dele, bem que gostaria de o ler na blogosfera