O Pecay já falou deles, enquanto musicados e um tanto afrodisíacos, acrescentemos-lhe outras simbologias.
caracóis enamorados- cadeiral de igreja de Gassicourt, Mantes-la-Jolie, séc XVI
Caracóis aos pares ou caracóis a combaterem guerreiros e a perseguirem mulheres, abundavam na simbologia medieval como símbolo da cobardia ou da impotência masculina, também conhecida pelo “mal do caracol”.
Mas, como só a morte não tem cura, até esta maleita podia ter a sua reviravolta, quando o caracol daí da casca.
O dia 2 de Feveiro, primeiro dia do encontro de Jesus com o Templo de Jeruslém, era também com o dia do rito da luz maçónica, relacionado com as festas do acordar da natureza hibernada. Neste caso, o caracol, a par de outra figuração do homem selvagem, é bem provável que se refira à saída desse bloqueio impotente, sob a forma dos alvores da potência primaveril que se renova.
No portal da Igreja de Notre-Dame de Semur-en-Auxois, pode-se ver uma caracoleta que deve estar relacionada com estes rituais maçónicos. No portal está representado um maçon, com o barrete de iniciado e, mais abaixo, pode ver-se a oferenda do beija-cu do demo, relacionados neste sincretismo ritualista de tradição popular.
Esta igreja de Notre-Dame de Semur tem uma forte simbologia maçónica. Um dia destes voltamos a ela, até por que também por lá anda o boi gordo e o Carnaval está à porta...
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Consultar: Claude Gaignebet et J. Dominique Lajoux, Art profane et religion populaire au Moyen Âge, PUF, Paris, 1985.