Entre os gregos chamavam-se ursas às meninas na altura do aparecimento das primeiras regras. Vemo-las como a a pequena e grande ursa das constelações, a musa Calisto metamorfoseada por vingança dos ciúmes de Hera.
As virgens consagradas a Diana também se transformavam em ursas selvagens e tinham equivalente nas lobas, as prostitutas das festas das lupercalias.
A bestialização, como degeneração do carácter manifestava-se nas metamorfoses dos heróis, associando os ursos aos lobos.
A licantropia de Lycaon, tirano da Arcádia, castigado por Zeus e transformado em lobo, por ter o mau costume de comer os convidados, foi acompanhada pela descendência de filhas como ursas.
Em bandos de ursas guerreiras viviam as amazonas ou lemnianas, cujas artes de trabalho dos metais ensinaram a Hefaísto/Vulcano, quando aí foi parar, depois da expulsão do Olimpo.
As Lemnianas são as ursas impuras, sujeitas ao êxtase de mal sagrado, punidas por Afrodite a cheirarem mal e abandonadas pelos homens, revoltaram-se e degolaram-nos a todos numa só noite. Condenadas à esterilidade, são salvas pelo encontro dos viajantes - os Argonautas que com elas festejaram grande bacanal.
No caso das irmandades de jovens ursos, as componentes homo-eróticas faziam parte da dos rituais de iniciação bélica. Atravessam uma vastíssima tradição guerreira que tanto passa pelos heróis das sagas nórdicas, como cavaleiros Teutónicos; da Távola Redonda ou Samurais e ainda podem chegar à juventude militarizada nazi.
O animal dos ritos guerreiros ou patrono totémico, tanto podia ser o urso, como o varrasco ou o lobo.
Por cá ainda temos a Porca de Mursa, que é bem macho e, muito provavelmente, mais um urso a juntar aos guerreiros galaicos ou aos Vetões que faziam parte da história.
Um relato datado de 1580* conta a recepção destes grupos de ursos guerreiros de Dauphiné fizeram ao monarca Henrique II, numa entrada régia em Saint-Jean-de-Maurienne, no caminho para Turin.
Uma centena de homens vestidos com peles de ursos, armados de espadas, patrulharam o monarca pela cidade, até o conduzirem à igreja. Organizados em quatro colunas, tocando tambores, à semelhança de marcha militar, fizeram grandes facécias, enquanto imitavam os animais patronos, subindo a mastros, largando gerozes urros, enquanto lutavam e dançavam em ronda. O festim selvagem ainda rondou em vários feridos, quando a mesnada guerreira lançou o pânico entre as montadas dos servidores do monarca que forma lançados de um ponte abaixo.
Destes bandos de guerreiros nórdicos, de tribos germânicas ou dos Berserkir do país de Gales, apesar dos protestos de defensores dos animais, ainda se mantêm as reminiscências nos famosos toucados dos guardas de sua Majestade.
Foi nestas práticas de iniciação e sobrevivência na vida selvagem que Baden Powell, o criador do escutismo, se inspirou, tendo como modelo o Livro da Selva do maçónico Ruydyard Kippling.
E é aqui que entram os sobrinhos do Pato Donald. Os lobitos, escoteiros mirins, inspiram-se nos rituais maçónicos que assim denominavam os jovens que acolhiam. Lobitos também eram as crias falsamente nascidas dos rituais dos solstícios, quando os homens grávidos, cobertos de peles de animais, simulavam partos na natureza com o mesmo sentido purificador das regras das ursas ou da ferrugem do Robigus, como já havíamos referido anteriormente.
Quanto ao Huguinho, Zézinho e Luizinho, ainda se tramaram com aquela mania de se passarem por lobitos. A propaganda nazi viu neles um bom exemplo da utopia homo-erótica e desenhou-os em grande pompa, a citarem o Mein Kampf.