Como se sabe, um semi-pereira é um Zé Pereira com doutrina mas sem carnaval. No entanto, o esforço da arte é idêntico, pelo que se torna de todo conveniente receber algumas lições prévias.
Não basta a um semi-pereira lidar com o bombo, tocar a gaita e fazer-se acompanhar do grupo dos cabeçudos; necesssita também de uma total fidelidade ao patrono, disponibilizando-se a arrotar postas de pescada por ele.
Uma vez que os interessados que por aí andam parecem um tanto desnorteados, aqui fica um bom portal Pimba ,onde poderão encontrar instruções técnicas para a aprendizagem da nobre profissão. As teóricas já devem vir de casa.
Depois de bem treinado o batuque, resta uma boa divisão de tarefas. Uns semi-pereiras espiam em alternância as caixinhas dos blogues de topo, enquanto outros procedem a uma mais rigorosa catalogação dos trolls para que o público compreenda.
Não esquecer que nunca se deve misturar um semi-troll-intelectual com um troll-piteco, sendo preferível juntar este último ao troll-mongo e emparelhar a troll-moça com o semi-troll-bitaite.
No final sorteiam o semi-pereira da semana para redigir a crónica e resta ter fé que com estas inovações mediáticas as vendas jornaleiras aumentem.
Entretanto o grupo de sapa dos Anónimos Anónimos já conseguiu identificar dois trolls .Quem sabe se assim se espanta a apagada e vil tristeza...
Em Portugal vi eu já
Em cada casa pandeiro
E gaita em cada palheiro;
E de vinte anos a cá
Não há hi gaita nem gaiteiro,
A cada porta hum terreiro,
Cada aldeia dez folias
Cada casa atabaqueiro;
E agora Jeremias
hé nosso tamborileiro.
Só em Barcarena havia
tambor em cada moinho,
E no mais triste ratinho
S’enxergava uma alegria
(Gil Vicente, Triunfo do Inverno)
[imagem: louco gaiteiro a cagar- cadeiral de Toledo, séc. XV]