Luis Buñuel
Luis Buñuel
14 comentários:
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«Se alguém me provasse [...] que Deus [...] existe, não mudaria um único aspecto da minha atitude.»
- 18:09
- zazie disse...
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Pois, mas ele era ateu "graças a Deus".
O que importa é que não era jacobino nem agarrado aos dogmas do cientismo. E foi por isso que o citei. Aliás, no final da vida estava bem mais próximo da igreja católica.
Mas eu gosto de ateus que percebem que o realismo é uma pobreza de espírito
";OP
E gosto muito de ter um ateuzinho endemoninhado como leitor do Cocanha.
Não é por nada, mas dá-me ideia que para um crente militante, os ateus são mais aceites que crentes badalhocos da minha espécie
ehehe
(não leves a mal o piropo que eu até acho muita graça, só de imaginar uma pessoa com um nome tão bonito como Sir Francis BurnaY, poder ser endemoninhado)
":O)))
bisou - 18:18
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Não sei porque pensa que o realismo é pobreza de espírito. Essa é uma das razões pelas quais leio o cocanha.
Não sou cientismista. A Ciência, por si, não é fascinante. É o mundo, e o que esta revela sobre ele. A curiosidade, mesmo a profissional, é incompatível com a pobreza de espírito.
Não confundir as caravelas com os Descobrimentos.
Uma vez apostei com um amigo meu, crente, que havia mais estrelas no céu do que grãos de areia numa praia. Ele não acreditava e eu próprio tinha dúvidas. Fiz uma majoração, comparei com as estimativas. Era verdade. Claro que nada disto tem valor se não formos para uma praia ver, com os nossos próprios olhos, o que isso significa. Sujar apenas a ponta do dedo com areia para comparar o Universo conhecido com a "pobreza" de todo o céu visível a olho nu.
E claro que eu tenho de ler o cocanha. Eu tenho de ler tudo. Já morreram demasiados velhos sem ver o mar para eu pensar que tenho tempo. - 19:07
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«Não é por nada, mas dá-me ideia que para um crente militante, os ateus são mais aceites que crentes badalhocos da minha espécie»
Acha? Não tenho bem essa impressão. É verdade que tenho mais discussões com crentes militantes mas quanto à aceitação acho que eles só aceitam mesmo é crentes militantes. - 19:20
- zazie disse...
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Empreguei mal a palavra realismo. Gosto muito do realismo político; até creio que é a única forma de entender a polis que me interessa. Troque-se a palavra realismo por positivismo (do ponto de vista de entendimento do mundo) e já se percebe. Ou substitua-se realismo por fantasia onde o real e o maravilhoso se misturam que também se percebe melhor. O Cocanha não é realista. Quanto muito é fantasista e irónico com incursões na realidade.
Quanto ao resto de acordo. Aliás, eu tenho até fascínio por caravelas e descobertas porque tenho uma visão fantásticas da maquinaria. Adoro máquinas para lhe apanhar o esquema do “pensamento” ahahaha
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Quanto ao resto tenho dúvidas. Eu tenho igual dificuldade em lidar com ateísmo militante e com crentes proselitistas. Mas, tirando os padres, bispos e frades com os quais sempre lidei bem, creio que os crentes preferem o desafio de um ateu que de um crente sem problema religioso.
A mim, aqui na blogosfera, chamam-me semi-cristã, para fazerem a distinção. E creio que sabem que é mais tempo perdido comigo do que com um ateu. Devem ter razão. Um ateu militante precisou de ter problemas com a religião para ter certezas. Alguém que é apenas crente quase de forma biológica e sem dar mais importância a isso que aquela que pode ter politicamente numa sociedade é mais bicho que outra coisa
Ahahahah
Aposto que é isso que pensam. É coisa estética, de fantasia e com pouca espiritualidade. Um ateu militante precisa de ter muito mais espiritualidade que uma crença mansa.
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Ora experimenta a fazer estatísticas e vê lá se não há mais crentes casados com ateus que com semi-crentes
ahaha
(trata-me por tu porque eu também tratei) - 20:54
- zazie disse...
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Lembra-te do pouco que durou a mensagem do Bom Selvagem do Pero Vaz de Caminha.
Esse estádio semi-animal sem precisar de racionalização e domesticação, para aperfeiçoamento da alma, nunca durou muito como doutrina.
Já viste o que seria uma crença em estado animal
ahahahah
O devir animal como contrapeso ao devir-fera.
A conversão do ímpio ou a salvação do herege sempre foram mais importantes. Um ateu não é um bicho
":O)))) - 21:04
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Em termos gerais, posso arriscar dizer que sou positivista. Quer dizer, se estamos a falar de conhecimento empírico, só posso ser positivista e não tenho alternativa. Tal como não tenho alternativa em ser ateu.
Mas o empirismo diz respeito à realidade e nesse caso eu seria positivista tanto quanto sou realista. Quer dizer, eu não tenho crenças em sentido fideísta.
Mas no fundo a questão é mesmo a realidade-fenómeno. O númeno diz-me pouco, para não dizer nada. Porque se diz então trata-se de algo fenomenológico. Mas enfim isso agora são detalhes.
O "semi-cristianismo", desde que culturalmente fundamentado, não é badalhoco. O panteísmo pensado também não é badalhoco (um panteísta conta como cristão-fraco? Isso é pertinente para as estatísticas).
É completamente diferente discutir com o Bernardo Motta ou com alguns evangélicos que conheci na internet. - 22:38
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Mas é capaz de ser verdade essa atracção de opostos. É a eterna procura de uma conversa interessante.
Vou reformular: não são os crentes militantes que se interessam mais por ateus militantes. Os badalhocos é que não querem saber de ninguém. Aí sim, posso dar testemunho. Deve existir uma inércia mental. Os crentes militantes querem saber porque é que eu não acredito no deus deles. Aos badalhocos massacra-os o menor perfume de filosofia. O pós-modernismo de algibeira faz-lhes as delícias.
É por isso que os ateus e os crentes praticantes se opõem tanto à vertente cultural-relativista do pós-modernismo. Uns por causa do empírico, outros por causa do dogma.
Mas não concordo com essa auto-caracterização de "crente badalhoca". Não acho o cocanha badalhoco. Os badalhocos nunca falam de religião. - 22:51
- zazie disse...
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Falei em positivismo no sentido da filosofia do Comte .Não como forma de trabalho científico. Nesse aspecto até concordo um pouco com o Jacques Heers que é historiador e defende uma espécie de “neo-positivismo” no trabalho histórico.
Quanto ao resto, o badalhoco é expressão minha. Porque eu não tenho qualquer formação católica nem posso dizer que descobri a fé, assim como uma revelação qualquer. Também não tive problemas religiosos na adolescência que é quando as pessoas pensam nestas coisas. É mesmo uma questão que me lembro de só me entender com o David Lynch em conversa na net. Ele é assim crente um tanto como eu sou e ainda com mais fantasia. Mas o catolicismo não é apenas uma variante dessa fantasia.
De resto não sei. Por mim há-de entrar o que bem apetecer. Panteísmo inclusive. Em miúda devo ter sido um tanto panteísta. Fora isso há pessoas mais dadas à metafísica e à espiritualidade que outras. Eu não sou nada. Sou hiper-racional para grande parte das coisas. Não me agrada nada o recurso da “explicação sobrenatural”.
Com o Bernardo nunca falei. Mas ele sabe bastante de simbologia e é crente a sério. Não é como eu. Com os evangélicos ando no Trento a brincar
“:O)))
Mas tudo isto são questões que não entram no campo da ideologia. São escolhas ou inclinações pessoais. A minha embirração com o jacobinismo do ateísmo militante advém de ser uma ideologia e quase que uma praxe esquerdalha para se ser aceite no bando.
Politicamente está entre os meus ódios de estimação. Há-de ser o nº 1
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mas a metafísica é uma formulação filosófica válida que não pode ser invalidade por nenhum empirismo e nada tem a ver com religião.
Pelo menos para explicar estas coisas o Murcho ainda tem alguma utilidade
ahahaha - 23:01
- zazie disse...
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Os badalhocos é que não querem saber de ninguém.
ahahaha
mas eu sou mesmo badalhoca. Troca a palavra pela imagem de um gumby à Monty Python e vais ver que és forçado a concordar.
Quanto a atracções por opostos, nunca fez muito o meu gosto. E nunca me interessou perceber o que pensa ou sente um ateu ou um crente.
È algo que entra no campo da devassa da privacidade ou da inexistência de mistério. E eu cá sou toda por mistérios e zero por coscuvilhice
";O)) - 23:05
- zazie disse...
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Aqui para nós, não "tinha saco" nem para um ateuzinho militante nem para um beato.
Só se fosse um fradinho ou eremita.
um eremita ateu era uma ideia excelente
ahahaha - 23:07
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«Mas tudo isto são questões que não entram no campo da ideologia. São escolhas ou inclinações pessoais.»
Normalmente todas as conversas que tenho com crentes são clarificações semânticas sem fim até ao ponto em que se toca na fé. Não acho que faça sentido ter fé e daí? Nas inclinações pessoais eu não me aventuro. A fé é humana e nenhum individualista pode deixar de olhar para essa posição como um património da condição humana.
E se uma ideologia é uma forma de fé aplica-se o mesmo princípio. Desde que ninguém se magoe, tudo bem. É por isso que sou laicista.
Só há uma posição que me faz confusão, que é a de não pensar. É difícil de aceitar. - 23:30
- zazie disse...
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"Só há uma posição que me faz confusão, que é a de não pensar. É difícil de aceitar. "
Ok. uma grande verdade que partilho. E de não se aceitar a liberdade de pensamento, idem.
As ideologias existem ou quase já nem existem. No caso da nossa tradição de esquerda jacobina é mesmo um património histórico.
Sucede que, neste caso, acho que é um péssimo património. Por motivos básicos- por me ter destruído grande parte do património; e por ser um reflexo mais pavloviano que outra coisa.
Não consigo encontrar mérito no jacobinismo tuga. E as embirrações também fazem parte da verdade dos nossos pensamentos.
Mas podia dar exemplos práticos e já se percebia melhor. Aquelas praxes de esquerda, em que todos têm de passar a ser jacobinos e ter os mata-frades por ídolos e fazer esperas a padres à porta das igrejas são coisas de tal modo acéfalas que não as enquadro nas variantes de pensamento.
E é nisso que penso quando falo de jacobinismo do ateísmo militante. Muito até pode existir sem se dar conta mas que há uma doutrina e com longa história, há. E o nosso país tem até grande influência dela no Poder.
De resto, andei aqui com o Bunuel para fazer um bocado de provocação. O Simão do Deserto é uma excelente provocação.
Para passar a importância ou absoluta exigência de fé, pegava já no Bresson. Por acaso lembrei-me do Bernanos porque estava sem tempo para postar o Mouchette. E a Cris já o fez melho que eu. - 00:11
- zazie disse...
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O laicismo é que é outra história em que ando a mudar de ideias. Há uns anos atrás também diria que sim. Hoje penso o contrário. E é por motivos muito políticos que o penso.
Nem creio que seja laicismo- é ateísmo ou multi-culturalismo encapotado. Curioso é que dei com evangélicos tugas a fazerem exigências idênticas à da Associação para a Laicidade. Até linkei a coisa la´no Trento na Língua.
Há ´fenómenos malucos. Os evangélicos querem a revogação da Concordata e repetem aquelas tretas da iualdade de cidadania ou da inconstitucionalidade da Concordata por mera paranóia de minoria
eheheh
Igualzinho. E é tiro no pé. No dia em que deixassem de andar à boleia à custa do cristianismo e ficassem em pé de igualdade laica com tudo o resto, eram submersos pela macumba africana. - 00:16