The first part of The Spiders millionaire adventurer Kay Hoog thwarts the plans of criminal Spiders organization to steal the treasure of a lost Inca civilization
Fritz Lang, Sipders, 1919Kay Hoog: um milionário aventureiro
Lia Sha: uma mulher aranha de negócios
Over the crater Mountains of the cordillares in Chiles...bares em Cuicatlan
perseguições a cavalo
fugas em balão
sacrifícios humanos
sacerdotisas apaixonadas
lutas entre cowboys e incas
ouro e ganância a rodos
maldições
e cataclismo
fuga num mar-lunar, de retorno aos arranha-ceús de S. Francisco

Dez anos depois, Fritz Lang enviou outra mulher para uma lua dourada

{ciúmes, morte e vingança seguem na segunda parte}





convento dos dominicano de Elvas
Na Primavera faz o ninho atrás da orelha
















Moisés usando óculos, Bíblia Alemã,Cod. Pal.Germ 19 fol 141 v, Universitatsbibliothek,Heidelberg.



Até o Moisés se baralhou todo quando lhe deu para as passar a escrito...

















Contrariando as expectativas da linha maoísta,



algo me diz que a chavala do telemóvel ainda vai aparecer a apresentar concurso televisivo.










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Acrescento (28/3): Pelo que li nos comentários, este post, que apenas se pretendia irónico, está a dar azo a interpretações erradas do que por aqui se pensa.
1- A figura satirizada não é a garota, mas a mediatização que tudo vende (o título já o dizia).
Pela nossa parte, se alguma coisa pode ter sido verdadeiramente achincalhada, foi essa degradação televisiva a que dão o nome de concursos.
2- Por aqui não existem jacobinos, a confundirem indisciplina com faltas de respeito, e a responsabilidade sempre foi atribuída às políticas que destroem as naturais diferenciações e nunca as "exemplaridades escolhidas a youtube" e travestidas de processos jurídicos.
Para melhor se entender a diferença, leia-se este belíssimo post do Dragão:
Palavras com raiz- 2. Regra


Assim até parece que por aqui, no Cocanha, ainda se defendia a anormalidade a que chegou o ensino. Estava a brincar com o Tim , a ver se também entrava na listinha.

Os textos certeiros sobre o assunto foram estes

José da GL: A poesia do ensino nacional
«(...)Não deram por isso, uma vez que tinham metido por atalhos e comungam ainda as hóstias sagradas dos princípios básicos dos manuais diversificados, no ensino marcado pelos apelos as ideais que cantarão ainda em vida dos seus seguidores. São novos religiosos da utopia laica.
A autoridade, para estes utópicos, situa-se, como instrumento nefando, no seio da própria sociedade que segrega os mecanismos de exploração que é sempre do Homem por outro Homem. O professor, os pais, a escola, a Igreja ( faltou esta), a tropa e o poder político, são apenas as figuras visíveis da super-estrutura que importa desmantelar para se atingir esse nirvana nunca alcançado, mas sempre prometido aos crentes: o fim da exploração e o da suprema igualdade revista no ideal comunista, anunciado e prometido pelos mestres desse evangelho do Homem Novo.(...)
«(...)Abram os olhos, ó cavernícolas. Larguem a droga, amiguinhos! Há um problema muito maior do que a máquina de ensino funcionar mal: é o haver uma máquina de desensino, de deformação e de perversão a funcionar às mil maravilhas. Com total impunidade, tranquilidade, ubiquidade e ininterrupção; mais a bênção completa das autoridades e o enlevo pacóvio e macacóide dos cidadãos. Uma locomotiva que desensina não apenas os filhos, mas também os pais; não apenas os governados, mas também os governantes; não apenas os alunos, mas também os professores. De que adianta mandar uma equipa de pedreiros levantar uma casa, oito horas ao dia, e, ao mesmo tempo, ter um buldózer dia e noite a escavacá-la? Como entulho artístico, como heteroclise, como absurdo, até poderá ter o seu fascínio, não discuto; mas como civilização, garanto-vos, é o suicídio colectivo. Ninguém precisa de nos atacar. Basta-lhes ficar à espera.(...)»















Hão-de ser da mesma fibra dos voluntários que também costumam apoiar guerras a que assistem pelo televisor.


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nota: o neologismo foi alterado, por sugestão de um leitor, na caixinha de comentários.








Num país de cobardes, onde até os velhinhos podem ser violentados na Linha de Sintra, sem que alguém os defenda, foi preciso um vídeo escolar, para aparecerem uma série de destemidos, capazes de mandarem murraças e lambadas, por escrito, a garotas de 15 anos.

Entretanto, bem longe das luzes da modernidade, corria o ano de 1493, quando foi pescado, nas bandas da Polónia, um peixe gigante com forma de bispo. Trazia mitra na cabeça, cruz entre as barbatanas, e tão pronto estava para oficiar, que até caminhou sozinho, à frente dos pescadores.
Conta a Grand Cronique des Pays-Bas, que o monstruoso beato era peixe calmo. Deixava-se toca, preferindo, no entanto, o contacto com os prelados, aos dos laicos, o que se entende. Não falava, mas crê-se que entendia perfeitamente o que lhe diziam.
O monarca ordenou que fosse encerrado numa torre, mas o desgosto do peixe-bispo foi de tal ordem que os religiosos comovidos juntaram-se para rogar ao rei que o soltasse.
Pierre Belon,La Nature & diversité des poissons, avec leur pourtraicts representez au plus près du naturel,Paris, Charles Estienne,1555
João I Olbracht, tão destemido face a turcos, era um coração mole em matéria de sofrimentos de monstros; sem mais demoras, decidiu devolver o inesperado visitante ao seu habitat natural (o que quer que isso fosse). Apoiado nas espáduas de dois fortes homens, lá foi encaminhado até à beira-mar, onde o aguardava uma multidão para a despedida.

Frente às saudosas águas do mar, possivelmente com mais peixes atentos à sua prédica que devotos em terra, o bom do padre piscícola, virou-se para trás, disse adeus a todos, mergulhou feliz nas águas e nunca mais se soube dele.

Nunca mais, é uma força de expressão... o mesmo peixão mitrado haveria de aparecer a Lutero, como augúrio da corrupção de Roma, já para não falar no remake de presságio ainda pior, quando, duzentos anos depois, voltou a surgir das águas do Vístula.
Neste caso apresentava-se sobrepujado de diadema, escamas eriçadadas em forma de espadas e dardos, tinha um pé de águia e outro de leão e a aparência demoníaca coadunava-se com a missão — vinha anunciar o início das guerras de destruição que a Rússia faria à Polónia.

Só nos dias que correm é que nem se dá conta destes presságios. Integraram-se de tal modo que não há concurso televisivo que os dispense. Não servem de mau-agouro, porque se limitam a relatá-lo.
E já nem se nota a diferença.
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Nota: existem diversas versões destes relatos em publicações ulteriores. Entre elas refira-se o Dictionnaire universel do ano de 1759, a relação de Bondelet, Gesner e outras variantes, incluindo ícones populares russos, como também aqui já demos conta. Ver também Ernest Martim, citado no post anterior.

"il ne peut être commis d'homicide ni sur un monstre ni sur un mort"

Reuter, Tratado de Direito Criminal francês, 1836

Adulphe Delorgue, viajante aventureiro do início do século XIX, depois de passar vários anos entre os Bantous, garantiu que nem os Cafres seriam capazes de matar, à nascença, um filho monstruoso.

Jane Alexander, African Adventure, 1999-2002

Livingstone, que na mesma época explorou a Àfrica Austral, ao descrever os costumes dos Béchuanas diz precisamente o contrário.
Qualquer ser disforme é imediatamente massacrado, bastando para tal nascer com os incisivos saídos- um tloto é um monstro- os gémeos podiam ser tidos por tlotos.
Jane Alexander, African Adventure, 1999-2002
Como testemunhou Livingstone, ao contrário das outras tribos, os Béchuanas não reconhecem nem deuses, nem ídolos e não possuem qualquer sentimento religioso.
Para os outros selvagens, os monstros eram entendidos como manifestações das divindades e, por essa razão, respeitados. Na ausência delas, a sorte do ser disforme é entregue às mãos dos humanos.

Ainda hoje os Bechuanas são considerados os povos mais inteligentes da região.
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Ernest Marin, Historie des monstres. Depuis l’antiquité jusqu’à nos jours, Jerôme Milton, Grenoble, 2002.




cima-abaixo na Escada de Jacó

Abadia de Bath




Cimabue-Crucificação 1268-71 Têmpera em madeira 64,5 x 53 cm, San Domenico, Arezzo


(...) O Observatório da Segurança em Meio Escolar (reparem no nome) registou 185 agressões (físicas, como é óbvio) a professores nos 180 dias do ano lectivo.
Tirando as que não foram "participadas" por medo ou por vergonha. Mesmo assim: mais de uma por dia. E não se trata, como provou a Escola Carolina Michaëlis, de um fenómeno marginal, atribuível ao analfabetismo e à pobreza. O que essa monstruosidade indica é a profunda corrupção da escola pública. O Governo pretende agora "avaliar" os professores. Se existisse justiça neste mundo, devia "avaliar" primeiro a longa linha de ministros que desde Veiga Simão (um homem nefasto, Roberto Carneiro e Marçal Grilo arrasaram no ensino do Estado a autoridade e a disciplina e o tornaram na trágica farsa que hoje temos.


Vasco Pulido Valente, Público- 22.03.2008

Os coelhos sempre foram pouco católicos, dada aquela mania luxuriosa de passarem o tempo. Por isso, quando aparecem agarrados às amêndoas e aos ovinhos da Páscoa, é só consumismo pagão mal adaptado.
Isto porque os verdadeiros coelhos da Páscoa eram lebres, cuja simbologia tendia para extremos. Tanto ultrapassam a luxúria coelhorum (na Idade Média dizia-se que até emprenhavam grávidas) como apareciam como “santas criaturas”.
Os bestiários medievais incluem as lebres entre os seres tímidos e tão tementes a Deus que preferem entregar a sorte à Providência do que confiar nos seus empreendimentos. Como também existia a lenda que algumas lebres podiam conceber sem necessitarem do macho, chegaram a ser associadas à Virgem Maria.

Quanto ao hábito da oferta das guloseimas leporinas nesta quadra, deriva dos ritos gregos da Primavera, associados à renovação cíclica da fertilidade.
Durante os festins campestres acreditava-se que todo o homem que comesse uma boa lebre adquiria o invejado vigor lúbrico do animal. Ao longo de nove dias e nove noites consecutivas, podia prová-las- às lebres e não só-,banqueteando-se em façanhas idênticas com as da sua espécie.

Esta lebre “comida” transitou para o catolicismo no sentido casto de oferenda, tornando-se símbolo de uma Eucaristia consagrada.

Aqui ficam dois exemplos da simbologia cristã das lebres, em igrejas da velha Albion:

Uma ilustração dos Salmos(104:18)- «As altas colinas são refúgio para os ouriços-cacheiros e os rochedos para as lebres».
cadeiral de Bishop Wilton, E. R. Yorks
David e Golias com duas lebres a espreitarem por cima do chefe dos filisteus- David, associado a Cristo; Golias ao Demónio. David salvou o exércio israelita- “Cristo, tal como os rochedos é o nosso refúgio”- cadeiral de Bishop Wilton, E. R. Yorks
cadeiral de Reepham, Norfolk,










Uma leporina suplicante, sentada num separador dorsal das cadeiras de coro de Reepham (Norfolk).



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Clark, Willen B. & McMunn, Meradith T., Bests & birds of the Middle Ages, Philadelphia, 1989- cfr: Tisdall, M. W., God’s Beasts, Charlesfort Press, Plymouth, 1998



O Cocanha tem a honra de nomear os seus novos conselheiros musicais (a Cris mantem-se na especialiade da cinefilia).

Para os antigos:
o José, na sua preciosa Loja da Esquina

Para os modernos:
o Pedro Lago, no minimal il miglior fabbro




Continuando a história das ursas das rosas e dos ursos iniciáticos, passemos agora aos efeitos que a selvajaria pode provocar, quando eles e elas se ficam pela vida em bando.
c.1750

Entre os gregos chamavam-se ursas às meninas na altura do aparecimento das primeiras regras. Vemo-las como a a pequena e grande ursa das constelações, a musa Calisto metamorfoseada por vingança dos ciúmes de Hera.
loba capitolina, etruscosAs virgens consagradas a Diana também se transformavam em ursas selvagens e tinham equivalente nas lobas, as prostitutas das festas das lupercalias.
A bestialização, como degeneração do carácter manifestava-se nas metamorfoses dos heróis, associando os ursos aos lobos.
Lycaon. Gravura de Hendrik Goltzius (1558-1617) para  As  Metamorfoses  de Ovídeo, livro I, 209 e seguintes.

A licantropia de Lycaon, tirano da Arcádia, castigado por Zeus e transformado em lobo, por ter o mau costume de comer os convidados, foi acompanhada pela descendência de filhas como ursas.
Piero di Cosimo,O achamento de Vulcano em Lemnos, c. 1495-1505Em bandos de ursas guerreiras viviam as amazonas ou lemnianas, cujas artes de trabalho dos metais ensinaram a Hefaísto/Vulcano, quando aí foi parar, depois da expulsão do Olimpo.
As Lemnianas são as ursas impuras, sujeitas ao êxtase de mal sagrado, punidas por Afrodite a cheirarem mal e abandonadas pelos homens, revoltaram-se e degolaram-nos a todos numa só noite. Condenadas à esterilidade, são salvas pelo encontro dos viajantes - os Argonautas que com elas festejaram grande bacanal.
placa de bronze da ilha de Öland, Suécia, na Torslunda, séc VI dC.
No caso das irmandades de jovens ursos, as componentes homo-eróticas faziam parte da dos rituais de iniciação bélica. Atravessam uma vastíssima tradição guerreira que tanto passa pelos heróis das sagas nórdicas, como cavaleiros Teutónicos; da Távola Redonda ou Samurais e ainda podem chegar à juventude militarizada nazi.


O animal dos ritos guerreiros ou patrono totémico, tanto podia ser o urso, como o varrasco ou o lobo.
Por cá ainda temos a Porca de Mursa, que é bem macho e, muito provavelmente, mais um urso a juntar aos guerreiros galaicos ou aos Vetões que faziam parte da história.

Um relato datado de 1580* conta a recepção destes grupos de ursos guerreiros de Dauphiné fizeram ao monarca Henrique II, numa entrada régia em Saint-Jean-de-Maurienne, no caminho para Turin.
Uma centena de homens vestidos com peles de ursos, armados de espadas, patrulharam o monarca pela cidade, até o conduzirem à igreja. Organizados em quatro colunas, tocando tambores, à semelhança de marcha militar, fizeram grandes facécias, enquanto imitavam os animais patronos, subindo a mastros, largando gerozes urros, enquanto lutavam e dançavam em ronda. O festim selvagem ainda rondou em vários feridos, quando a mesnada guerreira lançou o pânico entre as montadas dos servidores do monarca que forma lançados de um ponte abaixo.


Destes bandos de guerreiros nórdicos, de tribos germânicas ou dos Berserkir do país de Gales, apesar dos protestos de defensores dos animais, ainda se mantêm as reminiscências nos famosos toucados dos guardas de sua Majestade.

, The Works of Rudyard Kipling Vol. VII: The Jungle Book, 1907.Foi nestas práticas de iniciação e sobrevivência na vida selvagem que Baden Powell, o criador do escutismo, se inspirou, tendo como modelo o Livro da Selva do maçónico Ruydyard Kippling.
E é aqui que entram os sobrinhos do Pato Donald. Os lobitos, escoteiros mirins, inspiram-se nos rituais maçónicos que assim denominavam os jovens que acolhiam. Lobitos também eram as crias falsamente nascidas dos rituais dos solstícios, quando os homens grávidos, cobertos de peles de animais, simulavam partos na natureza com o mesmo sentido purificador das regras das ursas ou da ferrugem do Robigus, como já havíamos referido anteriormente.




Quanto ao Huguinho, Zézinho e Luizinho, ainda se tramaram com aquela mania de se passarem por lobitos. A propaganda nazi viu neles um bom exemplo da utopia homo-erótica e desenhou-os em grande pompa, a citarem o Mein Kampf.
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*Joseph Roman, La Guerre des paysans en Dauphiné (1579-1580), Valence, Chenevier imp. in 8º, 54p., 1877. p. 34-37.
Claude Gaignebet, op. cit.
Mircea Eliade, Rites and Symbols of Initiation: The Mysteries of Birth and Rebirth, Harper, 1965




Entevista a Chris Hedges

(…)whether it comes from the Christian right or the New Atheists- toward Muslims, who are one-fifth of the world population, most of whom are not Arabs, then what I worry about is that in a moment of collective humiliation and fear, these two strands come together and call for an assault on Muslims, both outside our gates and on the 6 million Muslims who live within our borders.
And that frightens me, that demonization of a people -- turning human beings into abstractions, so that they're not human anymore. They don't have hopes, dreams, aspirations, pains, sufferings. They represent an unmitigated evil that must be vanquished. That's very scary, and that is at the bedrock of the ideology of the New Atheists as it is with the Christian fundamentalists.(...)


Via
Manuel da GL

e aos sobrinhos do pato Donald também...

urso e menino, catedral de Plasencia




Avisa-se os caríssimos leitores que o filtro da loucura vai ser accionado.







Neste caso, em virtude de umas invasões de cruzamento de ogre com labrador, dado a fetiches esquisitos e com intentos de fazer choco nas caixas de comentários.

Fica aqui a foto para o caso de alguma alminha caridosa o querer adoptar como mascote, ou recomendar para musicóle.


Até ao momento, os sábios continuavam preocupados com os meios a utilizar no espectro da análise qualitativa, mas restava ainda fazer-se, deste maravilhoso instrumento, um aparelho de análise quantitativa.
Essai des alliages d'or et d'argent de la monnaie de Londres, par l'analyse spectrale
Este problema não era insolúvel, pois a largura dos raios varia em função da abundância dos corpos simples que entram na composição de qualquer mistura.
Logo que estiverem estudadas as variações nas misturas de composição para os ensaios das misturas de ouro e prata, em uso na moeda londrina, um trabalho semelhante deve ser feito para as misturas de ouro e cobre, se a moeda de Paris quiser adoptar este sistema rápido e rigoroso, inventado pelo senhor M. Lockyer.
................
La Nature, nº 47, 25 de Abril de 1874, p.321

Via
CNAM



Agora,


















até parece que já houve missa carismática na garagem, acompanhada a kippa e lantejoulas.


a galinha é dedicada ao rvn

Para acompanhar o blogo-filósofo Joaquim



Hoje, 70.000 professores vêm a Lisboa protestar contra o Governo e a ministra da "Educação". Não posso simpatizar mais com eles. Mas não me parece que tenham percebido bem o fundo da questão: nem eles, nem a generalidade do público. Toda a gente parte do princípio que os professores devem ser avaliados; mesmo os próprios professores, que só criticam o método proposto pela 5 de Outubro. Ninguém ainda disse que os professores, pura e simplesmente, não devem ser avaliados, nem que a avaliação demonstra a (incurável?) deformidade do sistema de ensino. Em cada manifestação aparecem professores furiosos proclamando que não temem a avaliação. Acredito que sim.
Infelizmente, não se trata disso.
Uma avaliação pressupõe critérios: parece que neste caso à volta de catorze (e pressupõe avaliadores, muitos dos quais sem qualquer competência científica ou pedagógica ou interesses de uma total irrelevância para a matéria em juízo). Os critérios medem, peço desculpa pelo truísmo, o que é mensurável como, por exemplo, a assiduidade ou notas de uma exactidão discutível, como perfeitamente sabe quem alguma vez deu notas. Não medem nem a "moral", nem o "ambiente", nem os valores da escola ou a contribuição de cada professor para a sobrevivência e a força dessa "moral", desse "ambiente" e desses valores. Numa palavra, não medem a qualidade, de que depende, em última análise, o sucesso ou o fracasso do acto de ensinar. Criam uma trapalhada burocrática que esteriliza e que massacra e acaba sempre por promover a mediocridade, o oportunismo e a rotina. A sra. Thatcher ia matando assim a universidade inglesa.

Os professores não precisam de uma vigilância vexatória e nociva por "avaliações". Precisam de um ethos, que estabeleça uma noção clara e unívoca de excelência. Se o ensino superior for de facto excelente (e não o travesti que por aí vegeta) e se tiver inteira liberdade de seleccionar alunos (como agora não tem), os professores ficarão com um objectivo, o de preparar as crianças para o ensino superior, que os distinguirá entre si, sem regras de espécie alguma; e que tornará o seu trabalho pessoalmente mais compensador, interessante e útil. Desde o princípio que o Estado democrático não compreendeu esta evidência. Começou as reformas por baixo e não por cima. Aturou sem vergonha os mercenários que exploravam a universidade. E de repente quer que os professores paguem a conta do desastre.
Não é admissível.


Vasco Pulido Valente, Público de hoje

À atenção dos inúmeros "filósofos de ponta" que por aí andam (incluindo nos jornais) a abastardar e diabolizar o Nietzsche.

No Dragoscópio :

Tirando Jesus Cristo (na sua dimensão "humana") creio que não deve haver sábio mais maltratado que Nietzsche. Há um Nietzsche detrás da pirotecnia -dos humores, como sensatamente viu Cioran -, mas a malta fica-se pela rama, pelo foguetório. Cada qual agarra o que lhe interessa, o que lhe convém, enfeita-se com ele e sai em procissão de psicoflagelantes. O problema é que Nietsche não se deixa digerir, ainda menos jiboiar, facilmente. Kant esconde-se atrás da teia abstrusa, Nietzsche envolve-se em fogo de artifício. Porque, além do filósofo que poderemos ou não apreciar, está, muito provavelmente, a melhor literatura da língua alemã. Um duplo génio portanto. E mesmo aqueles que desgostem da sua ética, dificilmente encontrarão motivo de reparo na sua estética. Como diz o povo, sentir-se-ão tentados a perdoar-lhe o mal que faz pelo bem que sabe.
Fernando Pessoa, um "nietzschiano", haveria de tecer o diagnóstico adequado: o poeta é um fingidor. Poderia o poeta Nietzsche fugir a esta inexorável regra?
Mas vamos à célebre "morte de Deus".
Sempre que se fala em Nietzsche, lá vem o "óbito Celeste". Foi Nietzsche que fez a "proclamação da morte de Deus", acusam os magistrados retóricos. Ainda sábado passado, no DN, o mestre-escola Borges arengava disso, como prelúdio a mais não sei que ecumenismo catita. Para o vulgo, sempre predisposto à balbúrdia e à alarvajura, a notícia decorrente destes arautos peregrinos é que Nietzsche matou Deus. Naturalmente, qualquer beato de loja de conveniência desata a vociferar contra o malandro do Nietzsche que, tendo visto Deus a chilrear numa faia, tratou de abatê-lo, sem dó nem piedade, com a sua fisga de filósofo travesso. Em contrapartida, os ateístas, superbeatos ainda mais ferozes, celebram-no como um hércules mundador de hidras opressoras. Entre uns e outros, evidentemente, o diabo só não escolhe porque patrocina.
Bem, Nietzsche matou Deus? Qual Deus? Como dizia o outro da chapelada, deuses há muitos. Andamos há milénios não apenas a matar-nos uns aos outros, como, proeza ainda mais gloriosa, a matar os deuses uns dos outros. Não foram tantos como as gentes, mas ainda dão um magote razoável. "Ah, mas Nietzsche, grande monstro, matou o nosso Deus! O de todos nós!"- bramais.
Deduzo, portanto, que Deus é uma propriedade vossa, um latifúndio. E vós sois "todos". Pergunto-me o que pensarão os chineses e os indianos da morte desse "vosso" Deus. Ou os tipos, alguns deles certamente bem esquisitos, espalhados
por essas galáxias fora. Mas vós sois os eleitos, os principais, os queridinhos, os filhos pródigos, será isso? Pergunto-me onde tereis ido buscar uma ideia compaixonada dessas...
Estou a mangar com a simbologia, pois estou. A "morte de Deus" não é literal, é simbólica. Morreu na filosofia e no pensamento ocidental; morreu na mente da nossa civilização. É isso que Nietzsche proclama?
Não proclama: constata. Verifica. Atesta. Há toda uma diferença. É o médico que passa a certidão de óbito. A malta, com a estridência arborícola digna da espécie, confunde o médico com o assassino.
Alguém andou a matar Deus. E Deus deixou-se matar? Que raio de Deus vulnerável é esse, que se deixa arrumar e varrer ao jeito das manias, conveniências e modas da turba iluminada? É um Deus sério ou é um deus-muleta, deus -prótese humana? De tal ordem que um dia o aleijadinho, ao descobrir a cadeira de rodas, festejou: "já não preciso da muleta para nada!" E ainda hoje anda nisso: "guardem lá o deus-muleta, agora já temos a ciência-cadeira de rodas!..."
Certamente, não foi Nietzsche quem fez do aleijadinho o umbigo do mundo e do Cosmos a mundana onfaloscopia de Deus.
Como se Deus não tivesse outra ocupação senão contemplar o umbigo do mundo. Como se Deus não tivesse outra finalidade que não existir para essa vigilância.
E, ainda mais certamente, não foi Nietzsche quem, antes da "morte", proclamou (aí sim, proclamada e reproclamada) a ausência de Deus. Quando se fez do mundo o "reino do mal" e Satã o príncipe desse Reino. É assim que a hubris trabalha. Daí ao caos presente foi um passo breve, fatal e duplo: entregaram a alma à Razão e o corpo ao diabo. E o mais pavoroso é quererem salvar com a razão aquilo que assassinaram e continuam a chacinar com ela. Confundem o punhal com a cruz. Confiam numa rameira para guardiã da virtude e pitonisa da verdade. Haverá melhor alibi para o criminoso do que a máscara de vítima?
Nem Nietzsche pretendeu arvorar sistema, formar escola ou arrebanhar prosélitos, nem me animam a mim ímpetos oraculares ou sequazes. Do pouco que sei, sei que não se venera Nietzsche: luta-se com ele. Arranca-se a alma à sala de ópio e lança-se ao chão de Sófocles, de Ésquilo, de Aristóteles... e do Calvário.
Tanto ou mais que a "morte de Deus", o que atormentou Nietzsche foi o Seu esquecimento. Isso e um encargo inestimável de que nunca será louvado o suficiente: o de dizer ao aleijadinho possesso algo que ele, hoje ainda mais que então, merece ouvir: "Tu, piolho cósmico, não és o umbigo nem a vedeta-mor do universo! Tu és apenas o protagonista duma tragédia. E quando te ensoberbesces, afinal, só te amesquinhas."

O Carlos Novais, autor do melhor blogue de política internacional, é um medivalista anarca cheio de surpresas.
Agora também é possível apanhá-lo, com a maior das descontracções, em companhias de Vento Sueste

Os ateus militantes sempre foram os maiores mercenários. Trabalham para qualquer religião contra qualquer religião. Costumam preferir a que paga melhor.

Se pensa que a Berta do Pé Grande , mulher de Pepino o Breve e mãe de Carlos Magno, não tem nada a ver com as ursas; também está muito enganado.
Berta do Pé Grande, jardim das raínhas, Luxembourg


 Saint Sernin de Toulouse Smithfield Decretals-Decretals of Gregory IXAs meninas, quando eram levadas pelo urso no dia do senhor- acabavam com pés de pata- o sinal dos leprosos. À rainha Pedauca aconteceu-lhe o mesmo e aquelas termas que mandou edificar em Garonne, não foram por acaso.
http://julia.hanovercomputer.com/toy/nov0/dollcatalog/Dollwebcatalog.htm

Quando as rainhas e as meninas Melusines ou Rosetas/Rosauras se banham, atacadas pelo mal de S. Silvano; o gémeo do Silvestre, o que as possuir tem o destino marcado.


O Silvano- silveste e selvagem disputa-a em Fevereiro. Em Novembro nasce o filho da que ainda tem as rosas- no tempo das regras, na da Lua Nova- é o leproso das almas dos mortos, e o urso volta a hibernar.
L’Ystoire de Merlin, manuscrito séc. XV, folio 63 v.º: Merlin quando nasceu era peludo como um urso. BNF

A geminalidade destas meninas nas “ursas” nome que se dava às jovens gregas sujeitas aos ritos iniciáticos que acompanhavam o aparecimento das primeiras regras, tinham o efeito duplo de esterilizarem ou fertilizarem por meio das suas fluxos.
Se a menina estiver na periódica na lua cheia, fica de quarentena até à Primavera e os filhos nascerão como os ursos- no solstício de Inverno.
Se forem gerados a meio da Quaresma- no tempo da sereia ou da Serração da Velha, na Lua Velha- têm mais sorte- é o tempo das lavadeiras .




E...
se fossemos a forçar a nota, sem temer cair em blasfémia, quem sabe se as rosas milagreiras da Caritas de Isabel da Hungria ou da sua descendente- a nossa Rainha Santa Isabel, não eram outra variante dos efeitos da flor da ursa...
....................
Consultar:
El camino de la oca
Gianfranco Russo, Il simbolo della Rosa nel Medioevo, in "Orfeo", Novembro, 2002.
Claude GAIGNEBET, J. Dominique LAJOUX, Art profane et religon populaire au Moyen Âge, PUF, Paris, 1985


Este vive de ar, à mercê de todas as aves; e para ficar mais a salvo, voa por cima das nuvens até encontrar o ar tão fino que não possa suster pássaro que o persiga.
A esta altura só chega quem pelos céus é autorizado, e aí voa o camaleão

Leonardo da Vinci, Bestiário e outros escritos

Corria o ano de 1491; por todas as terras onde assentava o cortejo da corteja da princesa D. Leonor, prometida em casamento ao malogrado filho de D. João II, havia festa de monta, com justas, danças mouriscas, e prandio a condizer.
mouro a fazer um slamaleque, cadeiral de S.ta Cruz de Coimbra, c. 1513-18

Estes mouros caseiros há muito que conviviam com as outras minorias, sem motivo para alarmes entre portas. O monarca até os tinha convocado para o festejo da cidade de Évora, todos os tocadores e bailadeiras mouriscas para animar a recepção, ordenando que fossem alimentados pela cidade.
No entanto, a peleja no Norte de África recordava combates bem mais difíceis de vencer que as aventuras marítimas à descoberta.

Terá sido com esta imagem bem presente na fantasia, que o monarca se lembrou de combinar com uns fidalgos uma partida a pregar à rainha e restantes pares que o acompanhavam.
Aproveitando a saída do rei a banhos, nas mesmas águas que, em breve, lhe levariam o filho, decidiram simular uma espera, disfarçados de infiéis.

Apesar da improbabilidade de se tratar de qualquer ataque verídico, Garcia de Resende conta o susto que a chalaça da arremetida escaramuça provocou aos batedores do monarca:

«(...)el Rey com todos se foy ao campo, e indo por elle lhe sahio o Duque dom Manoel, irmão da Raynha, de hua cillada com doze fidalgos de sua casa, todos vestidos de hua maneyra de brocados, e ricas sedas, muy galantes a mourisca, com fuas lanças nas mãos, com bandeyras, e as adargas embraçadas com grande grita como mouros. E, os corredores del Rey que diante eram como hiam descubrir terra, vieram todos fugindo, e bradando alto, Mouros, Mouros».

Isto aconteceu nos tempos em que os bravos se confrontavam corpo a corpo, quando eram os próprios chefes quem avançava à frente das tropas.

Serve o exemplo apenas para se imaginar o que aconteceria no presente se, em vez de batedores de monarca, tivéssemos apoiantes de cartoonistas bêbados, cuja máxima bravura que conseguem desencantar são uns insultos aos imigrantes.
Tenho a certeza que, por cá, com tão ladino “avençado” na luta contra o infiel, eram ludibriados na mesma.
Com a diferença que bastaria que lhes aparecesse ao caminho um anão de toalha amarrada à cabeça e barbas postiças, para desarmagedarem aos gritinhos para dentro do Tejo.
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Garcia de Resende, Crónica de D. João II, Cap. CXXXI(ed. Imprensa Nacional Casa da Moeda, Lisboa, 1973, p. 192)

Pois bem, o que pensariam se lhes dissesse que há muita coisa em comum entre o acordar do urso e o aparecimento das regras nas meninas virgens, quando ficam selvagens?
festa do urso em França-urso da Candelária
mulher selvagem com filho, cadeiral da igreja de Saint Martin, Ambierle, séc. XVE se acrescentasse que é história relacionada com amazonas ou raparigas de Lemnos que se abandalharam na coquetterie, recebendo o castigo de passarem a cheirar mal, espantando a homenzarrada toda?
Alberto Giacomettimulher guerreira da ilha de Lemnos













Ou que tudo isto também pode incluir donas Bernardas e Brancas-Flores, ou Manekas vítimas de assédio incestuoso, a quem cortam as mãos e largam na floresta, até ao dia em que... das regras nasce príncipe e a floresta rejubila.

Ou ainda, que os rapazes ganham pêlo quando se aproximam destas meninas impuras e depois entregam-se a mesnadas de bandos guerreiros, um tanto a dar para o gay?

E, por último, que entre irmandades de ursas e peles de lobo, também podemos ir ter aos escoteiros lobitos, sobrinhos do pato Donald?



Bem, neste caso, eram capazes de pensar que eu me tinha passado e, se calhar, tinham razão...

Até já

Aguarde pelos próximos episódios das ursas, acompanhadas da respectiva bibliografia.