Então não é que se antecipou ao resultado das nomeações e já açambarcou um pensador para a cristaleira do óle de entrada...
E ainda tem o desplante de pedir beijoca
antes risos que prantos escrever, sendo certo que rir é próprio do homem [Rabelais]
as memórias do José, na Loja da Esquina
Imagem é retirada da revista Flama de 7.3.1975, via Loja da Esquina
Pelo Dragão
Dia da Carochinha
Da Nação fizeram Nacinha.
Por via de Revolução?
Não,
por via de revolucinha.
Do farão ficou farinha.
Cabe dentro dum caixão?
Não,
cabe dentro duma caixinha.
Da intenção restou sentencinha.
Trataram do povão?
Não,
trataram da vidinha.
E a Grande Marcha (do Pogresso) ficou murchinha.
Perderam a tesão?
Não,
perderam a espinha.
Salvou-se a corrupção agora rainha.
Venderam-se em leilão?
Sim,
e mais à puta da alminha.
os espigões no ar, carregado o sangue
em baixo.
orquídeas a caminhar com as cabeças cruéis,
por trás dos ossos escorregava o mel negro,
a fulva devassidão mamífera,
imprimiam nas áreas actuais suas passagens
leves, delirantes, quadrúpedes, obscuras,
franjas tremiam,
uma aura amarela equilibrava o espaço animal,
um buraco de respiração, braçada de odor,
rápido.
rompiam o sono, as espadanas transparentes na pele,
uma lua transpirada,
mexiam-se pela alvura varrida,
cravados quando aplainado o ar na película,
cerimónia fervilhando de poro
na sombra, balanço ritual dos êmbolos,
a combustão dos pelos perfurando as cabeças,
coar do tempo gota
a gota, café cerrado, e depois
tubos de pedra onde o som ferve
e a qualidade ligeira e forte da matéria se transvia
Herberto Hélder, Poesia Toda
Não tem nada a ver mas apeteceu-me.É dedicado a uns comentadores de caixinhas, muito afeiçoados do Blasfémias
escafandro de Karl Heinrich Klingert, 1797
[o neologiismo é da autoria do "nosso" pastor do deserto]
Nos próximos dias a navegação ficará a cargo do nosso piloto.