E agora um pouco de musiquinha que aqui trabalha-se.
Pois acerca da historieta apenas lhe acrescento duas notas.
1- Quando se fala para a plateia não se está à espera que esta, por pudor, decida tapar os olhos.
2- Parece que o Estaline dizia que os comunistas são talhados numa matéria à parte. A minha avó, que era mais realista, garantia que não existe político feito de carne e osso como os restantes indivíduos.
Goya, Maria Luisa con Mantilla,1799
"Ni asi la distingue", Caprichos, 1799
com os pés bem abertos de muita espera en la calle...
Roy Lichtenstein,Popeye, 1961. Oil on canvas, 106.7x142.2 cm
Andy Warhol, Saturday's Popeye,1960. Acryl auf Leinwand , 108,5, x 98,7 cm
E o Castelli teve olho.
Andy Warhol,Gee Merrie Shoes (56)
Roy Lichtenstein,Step-on Can with Leg, (61)
Andy Warhol. Marilyn (67)
Roy Lichtenstein, head of a girl( 64)
head with black shadow (65)
O Caguinchas que espreite aqui que vai à confiança.
Este é que é o verdadeiro Ed Wood das maminhas do soft porno!
não te fazem lembrar estes:
If you are truly wild at heart, you’ll
fight for your dreams... Don’t turn
away from love, Sailor... Don’t turn
away from love... Don’t turn away
from love.
Fónix... sei lá...isso é assunto tratado entre o zé grandão e o mano-prático. Eu cá pago a conta no fim do mês. E este tramei-me com os downloads
2) Último disco que comprei:
Carmina Burana- versão original (Clemencic Consort)- por motivos de trabalho (digamos assim). Só se pedia um, por isso não digo os outros.
3) Canção que estou a escutar agora:
O diabo do juguslavos mexicanos dos anos 50 que estão no blogue (até me fartar)
4) Cinco canções que ouço frequentemente ou que têm algum significado para mim:
hummm... Dreamspeed do Anton Fier; a abertura da Força do Destino de Verdi; Ma ligne de Chance do Pierrot Le Fou; Despedi o Meu Patrão do Zeca Baleiro; Bavarian Fruit Bread da Hope Sandoval... são só 5? Pena, assim fica de fora a Musica della Máfia ... a Carmen de Bizet e a Missa em Dó Maior do Mozart...
Agora não sou obrigada a passar a ninguém, pois não?
Van Gogh, Sapatos velhos com atacadores, 1886
Heidegger na Origem da obra de Arte descreve-os como "um par de sapatos de camponês".
Sob efeito da Depressão de 36, Walter Evans fotografa estes velhos sapatos da família Floyed Burroughs
Sherrie Levine,
Mercer Street Store,
New York,1977.
Sherrie Levine comprou 75 pares em formato infantil
e vendeu-os num só dia.
Os sonhos erguem-se então em plena noite, indo consumir na miragem de uma luz móvel. Não é bem deste mundo o que se passa na tela, existe sempre um espaço dúbio para os pobres, para os sonhos e para os mortos. Devemos apressar-nos a devorar aqueles sonhos para atravessarmos depois a vida que lá fora nos espera, à saída do cinema, e existir alguns dias mais em plena atrocidade das coisas e dos homens. Escolhemos entre os sonhos os que mais nos reconfortam a alma. Comigo são, confesso, os sonhos porcos. Não é questão de que nos orgulhemos, num milagre aproveita-se o que dele nos é possível conservar. Uma loira com uns marmelos e uma nuca inesquecíveis entendeu por bem vir romper o silêncio da tela com uma canção da sua vida solitária. Bem poderíamos chorar com ela.
Isso sim, é que era bom! Que entusiasmo dali vinha! Fui logo atingido por ele, sentia-o que já dava pelo menos para dois dias de coragem no corpo. Nem sequer esperei que reacendessem as luzes da sala. Encontrava-me disposto a todas as resoluções do sono, depois de ali ter absorvido um pouco daquela tão admirável exaltação da alma.
De regresso ao Laugh Calvin, ainda que tivesse cumprimentado o porteiro, ele dispensou-se de me desejar as boas noites, tal como os de cá, mas agora estava-me nas tintas para o seu desprezo de porteiro. Uma forte vida interior bastava-se a si própria, só ela é capaz de fundir vinte anos de icebergues. É assim mesmo.
No meu quarto, mal tinha fechado os olhos, a loira do cinema voltou a cantar, e destas vez só para mim, toda a melodia da sua desgraça. Ajudei-a por assim dizer a adormecer-me e consegui-o muito bem... já não me sentida de facto só...É impossível dormir só...
CAPITÃO
SOLDADO
LADRÃO
primeiro botão
o rei
faz a lei
por isso se diz
ai aqui del rei
segundo botão
captião real
come logo o rei
faz a nova lei
e é general
terceiro botão
soldado
tramado
é sempre lixado
não faz qualquer lei
não é general
nem sequer rei
que pena coitado
resta o ladrão
e então
porque não?
último botão
Mário-Henrique Leiria (Novos Contos do Gin)
dedicado ao nosso amigo Harry Lime
aqui fica a dramática Nevenka Arsova- a Paloma negra (e muito croata também), sacrificando-se pela causa - como a ocasião exige.
Carbine you old gun
tell about your glorious days
all heroes remember you
many of them carrying the wound you gave them.
If somebody wanted my hot blood,
I would shed it gladly!
Karabino puško stara
pričaj svoje slavne dane
svi junaci tebe pamte
mnogi nose tvoje rane.
Ako bi neko tražio krv moju vrelu,
rado bi je prolila junački ja!
Qué Viva la revolucion!
Adios, muccacos, adios!
Don Francisko Long Play forever !
You must be carefull, my compadre,
you must be very carefull if you going south,
becouse in mountain Siera Madre
is very best for you to shut your dirty mouth.
O, there are banditos mucco danger,
they want your money and your horse.
You are a gringo, I mean, You are a stranger,
but you know everything of course
about famous and very popular
Don Francisco Long Play.
From Rio Grande to Guadalahara, and all along the Mexican bay,
there are trumpetas, and there are guitaras
always with Don Francisco Long Play.
O, he has nothing but his old sombrero, for senoritas this is OK.
They drink to fight with his pistolero with bullet long play.
They drink to fight with his pistolero with bullet long play.
He was a friend of Pancho Willa,
but never interested in revolusion.
No, cigarilos and tequila,
and prety ladies, o he was a big padron.
School teacher, young Rosita Flores,
once found this hombre in her bed.
She get new name, Rosa Deflores,
but she is satisfied and glad.
You are always wellcome and mucco popular
Don Francisco Long Play.
From Rio Grande to Guadalahara, and all along the Mexican bay,
there are trumpetas, and there are guitaras
always with Don Francisco Long Play.
O, he has nothing but his old sombrero, for senoritas this is OK.
And if you fight with his pistolero with bullet long play.
And if you fight with his pistolero with bullet long play.
Hey, amigo, I won't give you a lessons, I mean, you are a big men
and you know everything of course, but, listen to me:
If you want to be a real gentleman, just take it easy, take it
easy amigo, and very slowly.
Hey amigo, you know, you are not a children, all those banditos,
they were nothing, only he was a big muccaco.
From Rio Grande to Gvadalahara...
Ao que parece o Don Francisko Long Play agradou ao sexo feminino...
Assim, para satisfazer alguns pedidos, aqui vai mais uma canção mexicana por um desses heróis românticos jugoslavos dos anos 50.
Note-se que este súbito gosto pelo folclore mexicano, que acabou em pastiche, seguiu-se ao confronto entre Tito e Estaline quando os tanques de ambos os lados se confrontaram. Como alternativa ao cinema soviético, as autoridades lembraram-se de patrocinar filmes e música mexicana. Afinal de contas o México sempre falara de revolução e, acima de tudo, ficava bem longe.
My wife is talking all the time
how I just drift around
and don't care about her
that I come home at the dawn
What can I do
when beautiful women are after me all the time
and at least one
is pulling me by the shoulder
Every morning when I return home
my wife bables to the evening
Oh, enough!
I'll apply for divorce!
Se a Linha Geral exige sacrifícios há que fazê-los. Antes tornar-se salsicha pelo povo que biscuit de colecção de madame de Pompadour.
E se há coisa que não falta por aí são madames de pompadour...
Salamaleque para ti também!
cose, corta, raspa, desfia, enrola...
disfarça as imperfeições da obra
e aguarda que o vento esteja a favor
"O vento sopra onde quer, e ouves o seu ruído mas não sabes donde vem nem para onde vai."
na senda de Fairbanks,
Rivera
e Frida
o tempo do prólogo é a eternidade
ruínas,
pedras,
deuses
gentes.
Com o carácter
e a forma dos seus antepassados
a morte
o mundo
no seu início
indolente
e sensual
o amor
a festa
o sacrifício
à Virgem de Guadalupe
entre demónios
e a fiesta
os condenados
a esconjura
do riso carnavalesco
e o sorriso renascido
Qué Viva México!
Fragmentos, despojos, uma história falhada, um filme perdido. A busca de liberdade invejada por Estaline.
O realismo estético matava os sonhos artísticos. A tirania nunca abandonara a realidade.
"Non-Mexicans probably ought not to laugh at death. Whoever dares to laugh is punished by the terrible goddess Coatlicue, whom I have accidentally kicked in the ribs." -- Sergei M. Eisenstein
Eisenstein morreu e o regime conservou-lhe o cérebro para estudo. Parece que possuía tamanho acima do normal. Foi considerado um génio.
“You only have power over people so long as you don't take everything away from them. But when you've robbed a man of everything he's no longer in your power - he's free again.”
Aleksander Solzhenitsyn
"Vª.Excª por ser bisneto de Maomé, sobrinho-neto de Abraão, filho de um Mustafá, primo da rainha Ginga, tio do Xanana, arraçado Baniwa ou Guarani (decida-se!), irmão de um Cabinda e o primo mais branco que tem chama-se Madahay e vive em Goa –queira até enviar-lhe os nossos cumprimentos e cordiais saudações, bem como votos antecipados de feliz natal e próspero ano novo.”
os gestos
...os olhares
anónimos.
simbólicos
como os elementos…a dança da luz…o nevoeiro…
um formigueiro de gente…
uma nuvem que avança sobre terra…
a câmara fecha-se nos objectos...
nos gritos
Os leões reagem.
E nós também
E no entanto há esperança
"We thought we were shaping life and cinematography, but, as it turned out, life was shaping both us and cinematography."
There in the desert I lay dead,
And God called out to me and said:
'Rise, prophet, rise, and hear, and see,
And let my works be seen and heard
By all who turn aside from me,
And burn them with my fiery word.'
Pushkin, The Prophet, 1827
“Mas há nesse filme um sequência— igualmente celebérrima— que pode esclarecer muito destes efeitos de ampliação proibidora. É a do início da revolta dos marinheiros, quando se recusam a comer a carne podre que os oficiais lhes destinavam. Manoel de Oliveira explicou-ma um dia e fiquei sempre a pensar nisso.
O plano mais impressionante (mais forte) da citada sequência, mostra a panela de carne, coberta de vermes. É um plano «irrealista», pois que, por piores que fossem os oficiais, não quereriam certamente (até para terem quem continuasse a dirigir o Couraçado) envenenar a tripulação toda. Esse «irrealismo» é sublinhado por Eisenstein em dois planos subjectivos. Um é o do marinheiro, que vê os vermes, outro o do oficial que os não vê. De facto, a comida dos oficiais era diferente da dos marujos. É contra essa diferença que eles se revoltam.
Foi sempre contra diferenças que nos revoltámos. Por exemplo, contra a de não poder ver o que outros viam.”
(João Bénard da Costa, Os Filmes da Minha Vida.)