Dentro do espírito do futurismo italiano, idolatrando o progresso simbolizado pela máquina, Tatline dirige em 18 uma reconstituição da conquista do Palácio de Inverno ao som de uma sinfonia de sirenes de fábricas, comandada por Maiakovski.
Malevich busca um mundo sem objecto, uma realidade suprema, em sintonia com o macrocosmos, anulando toda a tradicional figuração pictórica e atinge o grau zero da representação na série de quadros "branco sobre branco”, novos ícones numa Rússia que se dessacralizava.
White on White,"1918, The Museum of Modern Art, New York.
As teorias do espaço formal de Carnap ou a possibilidade da quarta dimensão, levam-no a criar paralelepípedos voadores; a projectar utópicas cidades suspensas em Vitebsk e a propor um gigantesco cubo branco como monumento funerário de Lenine.
Cidades suspensas, Lissitsky.
Dziga Vertov, apaixonado pela velocidade e pela montagem, inventava o “cinema verdade”, demarcado das aventuras americanas ou do drama-germânico- o "kinokismo"- o olho fílmico, olho mecânico, a máquina que mostra o mundo como só eu posso vê-lo”. E com ele explora o caos e ritmo dos fenómenos visuais.
O Homem da Máquina de Filmar, 1929.
Aproximar-se o mais possível da abstracção como desejava Malevitch. Pintar rostos nos ecrãs, que não fossem meros liks (ícones) como fazia Eisenstein. “Des-representrando-os” e “des-objectivando-os”no rosto de toda uma cultura.
“Agrilhoaremos o nosso rosto ao nosso tempo e às nossas formas. “Moldaremos o tempo, marcando-o com o nosso rosto, deixando essa marca na corrente dos séculos para que seja reconhecida"
aldeão espectador de filmes revolucionários (que não correspondia à imagem que Malevitch procurava), página da revista de cinema ARK, nº8, 1925.
Página da edição original de “As leis da pintura nos problemas do cinema”. Kino i Kul’tura, nº 7-8, 1929.
Dziga Vertov, Décimo Primeiro Ano, 1928.
Malevitch, Formação de uma nova imagem, 1928-30.
El Lissitzky, Exposição Russa, Zurique, 1929.
Ver: Margarita Tupitsyn, Malevich e o cinema, Yale University Press New Haven and London em associação com a Fundação do Centro Cultural de Belém, catálogo da Exposição (17 Maio- 18 Agosto 2002).