os gestos
...os olhares
anónimos.
simbólicos
como os elementos…a dança da luz…o nevoeiro…
um formigueiro de gente…
uma nuvem que avança sobre terra…
a câmara fecha-se nos objectos...
nos gritos
Os leões reagem.
E nós também
E no entanto há esperança
"We thought we were shaping life and cinematography, but, as it turned out, life was shaping both us and cinematography."
There in the desert I lay dead,
And God called out to me and said:
'Rise, prophet, rise, and hear, and see,
And let my works be seen and heard
By all who turn aside from me,
And burn them with my fiery word.'
Pushkin, The Prophet, 1827
“Mas há nesse filme um sequência— igualmente celebérrima— que pode esclarecer muito destes efeitos de ampliação proibidora. É a do início da revolta dos marinheiros, quando se recusam a comer a carne podre que os oficiais lhes destinavam. Manoel de Oliveira explicou-ma um dia e fiquei sempre a pensar nisso.
O plano mais impressionante (mais forte) da citada sequência, mostra a panela de carne, coberta de vermes. É um plano «irrealista», pois que, por piores que fossem os oficiais, não quereriam certamente (até para terem quem continuasse a dirigir o Couraçado) envenenar a tripulação toda. Esse «irrealismo» é sublinhado por Eisenstein em dois planos subjectivos. Um é o do marinheiro, que vê os vermes, outro o do oficial que os não vê. De facto, a comida dos oficiais era diferente da dos marujos. É contra essa diferença que eles se revoltam.
Foi sempre contra diferenças que nos revoltámos. Por exemplo, contra a de não poder ver o que outros viam.”
(João Bénard da Costa, Os Filmes da Minha Vida.)