e, já que ninguém se aventura, vamos lá ao autor- Giovanni Battista Braccelli.























Não foi nenhum surrealista, por muito que estes o tenham admirado, nem sequer pertenceu às vanguardas russas ou italianas ainda que pareça. Mas o Tristan Tzara editou-o e redescobriu-o passados cerca de 300 anos...
Pois é, Braccelli publicou estas bizarrias em 1624!
Pouco se sabe dele, para além do facto de ter sido artista florentino da corte de Pietro de Medicis, a quem dedicou 32 pranchas destes desenhos sob o título "Bizzarie di varie figure
Também criou alfabetos figurados, cuja tradição bastante antiga e, por vezes, igualmente erótica, será local mais apropriado para se encontrarem fontes destes malabarismos caprichosos. Virão daí as raízes e também do gosto de outros caprichos maneiristas que tinham tido grande desenvolvimento na corte dos Habsburgos, como é o caso das bizarrias de Giuseppe Arcimboldo .
Mesmo assim, a originalidade de Braccelli é enorme. As figuras compósitas das alegorias à Arcimboldo eram “naturezas mortas”; funcionavam por hiper-realsimo dos detalhes desde que estes se mantivessem imóveis. A menor autonomia transformaria a figura num monstro informe.
Com Braccelli são os corpos que se estilizam e libertam do próprio sentido biológico, tornam-se seres mais próximos da ideia do homem-máquina.
Alguns deles são de tal modo geometrizados e enigmáticos que fazem lembrar os entes metafísicos de um Giorgio de Chirico.
Não será excessivo considerar estas stravaganzas como as mais precoces e elegantes expressões dinâmicas do desenho, apenas retomadas na modernidade com as experiências do cubismo futurista.

4 comentários:

zazie disse...

ehehe só se foi em dia em que fez a barba ":O))))

josé disse...

Ainda fui ingenuamente buscar referências em Dali e até em Almada...

Nada!
O mundo da arte é um poço sem fundo e por isso insondável, mesmo com cocanha.

zazie disse...

ehehe pois é josé mas este também é um caso muito especial. Não admira que até os dada tenham ficado fascinados

cbs disse...

nem nunca tinha ouvido falar nele.
nunca passei do Arcimboldo.

fascinante é verdade